Análise Do Filme Laranja Mecanica

Análise Sociológica

Filme Laranja Mecânica

Por Dan Leal

A partir de um best-seller de Anthony Burgess, Stanley retrata a violência sem objetivo dos jovens combatida pelo autoritarismo sem freios do Estado e faz um painel assustador da sociedade européia e do próprio mundo moderno.

Do ponto de vista temático e sociológico, o filme trata do problema número um da maioria das sociedades modernas ( presente em um grande número de filmes), ou seja, a violência. Mas Kubrick o estuda sob um ângulo original, comparando a violência do indivíduo à da sociedade. Kubrick inova também utilizando um estilo onde, paradoxalmente, o formalismo mais desenfreado reforça, no nível das emoções sentidas pelo espectador, o caráter cruel, bárbaro e insuportável desta violência.

Quando se mostra mais brilhante, o estilo de Kubrick repousa, em efeito, sobre um equilíbrio extremamente eficaz entre a sofisticação e a brutalidade. O sentido da fábula de Laranja mecânica ( que deixa, como em toda fábula digna deste nome, uma parte não desprezível à reflexão e às hipóteses do espectador) é que a violência da sociedade é ainda mais nefasta e perigosa que a do indivíduo. Kubrick denuncia o absurdo de uma sociedade que buscaria estabelecer a ordem e a saúde através de indivíduos enfraquecidos e doentes (pois é exatamente uma doença que é inoculada em Alex). Em um desenlace particularmente "noir" e corrosivo, Kubrick mostra que a sociedade, que talvez não tenha tido tanto sucesso como acreditara no tratamento imposto ao perverso, procura recuperar a violência de Alex e de seus companheiros.

A destituição de identidade fica caracterizada pelo personagem principal, Alex, ao ser preso tem os objeto que trazia no bolso apreendidos, as roupas trocadas por uma roupa padrão, um uniforme, e seu nome ser trocado por um número, pelo qual era tratado por todos. Ele nesse momento ele não é mais Alex, ele é apenas mais um criminoso cumprindo pena naquela prisão, como qualquer outro. Após começar o processo de perda de identidade, Alex passa pela lavagem cerebral, que segundo texto "Socialização" este "é o ponto máximo de destituição da antiga identidade". Com Alex isso acontece através da repugnância e arrependimento pelas atitudes tomadas antes.

Essa lavagem cerebral foi feita no filme, por meio de persuasão coercitiva, que é uma alteração condicionada da identidade. Com Alex o método utilizado é o da tortura mental e física. Durante o "tratamento" ele é amarrado em uma camisa de força, seus olhos ficam constantemente abertos, lhe é dado um medicamento para provocar náuseas e são exibidos filmes com o máximo de realismo possível, mostrando atos de ultra-violência como os praticados por ele. Todos esses fatores levam Alex a sentir vontade de vomitar e muita dor, que são então associadas a s situações apresentadas nas imagens.

Ao fim do suposto tratamento o personagem passa, pelo que identificamos no texto, por rituais de humilhação, onde é exposto a situações de extremo ultraje, principalmente ligados atitudes tomadas anteriormente por ele, como violência e sexo, atitudes estas que