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Confronto da Poetica de Aristoteles com autores do renascimento (racine, corneile, lope de vega)

Por:   •  22/11/2015  •  Ensaio  •  1.349 Palavras (6 Páginas)  •  291 Visualizações

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Resumo do excerto da Arte Poética de Aristóteles

Num primeiro momento o autor começa por fazer uma distinção entre a epopeia e a tragédia, sendo que apesar de “primitivamente” procederem de igual modo, a tragédia acabou por assumir elementos específicos que não estão presentes na epopeia – designadamente a música e o espectáculo. O autor aproveita também nesta distinção, para colocar em evidência a questão da unidade de tempo aquando constata que a epopeia não tem limite de tempo, contrariamente à tragédia que “esforça-se o mais possível por durar uma só revolução do sol ou pouco mais”.

Num segundo momento autor propõe a sua definição de tragédia:

“A tragédia é a imitação de uma acção elevada e completa, dotada de extensão, numa linguagem embelezada por formas diferentes em cada uma das suas partes, que se serve da acção e não da narração e que, por meio da compaixão (eleos) e do temor (phobos), provoca a purificação (katharsis) de tais paixões.” (Arte Poética, 1449b p.24-28) * por linguagem embelezada entende-se a qualidade do que é aprazível ou agradável.

O autor constitui a tragédia de acordo com as seguintes partes: enredo (mythos), caracteres (ethe), elocução (lexis), pensamento (dianoia), espetáculo (opsis) e música (melopoiia).

Por enredo entende-se a imitação, não do homem, mas da acção – a qual deve ser acabada (una), inteira e com alguma extensão, pois não pode ser inteira se não houver extensão (por “inteira” entende-se aquilo que tem inicio, meio e fim). A acção tem como causas o carácter e o pensamento, que por meio da compaixão e do temor, provocam a purificação das paixões. O autor dá então supremacia ao enredo, defendendo que o poeta deve ser um “construtor de enredos”, uma vez que o enredo – isto é, a estruturação dos acontecimentos – imita acções e como tal é o objectivo fundamental da tragédia.

Em segundo lugar vêm os caracteres, ou seja, o que permite dizer que as personagens têm certas qualidades; O terceiro componente, a elocução, é a comunicação do pensamento através de palavras, considerando que o seu valor é o mesmo seja em verso ou em prosa. Em quarto lugar está o pensamento, que consiste na capacidade com que uma personagem exprime o que é possível e apropriado – função da retórica; Das restantes partes constituintes da tragédia, a música é apresentada como o maior dos embelezamentos, contudo, o espectáculo é o mais desprovido de arte e o mais alheio à poética.

Em último lugar, o autor debruça-se sobre o princípio de verosimilhança e de necessidade, afirmando que um poeta não tem que necessariamente contar o que aconteceu (isso é função do historiador) mas sim o que seria possível de acontecer (qualidade do que é verosímil). Não obstante, o autor não ignora que alguns poetas na tragédia – contrariamente ao que acontece na comédia – recorrem a nomes reais e a histórias tradicionais, uma vez que é mais fácil acreditarmos de que algo seja possível de acontecer pelo facto de já uma vez ter acontecido. Em suma, o autor não normativa a questão do princípio de verosimilhança e de necessidade, simplesmente constata de que não é necessário um poeta cingir-se a histórias tradicionais – contudo nada impede de que alguns factos que realmente tenham acontecido sejam verosímeis.

. Confronto com Horácio

Enquanto Aristóteles faz uma apreciação, não necessariamente normativa, mas descritiva sobre de como os textos teatrais que chegaram até ele estavam elaborados; Horácio, por outro lado, escreve uma poética por um lado sem deixar desaparecer a tradição grega, mas por outro com uma intenção de elaborar um conjunto de normas para a produção do texto de literário para quem tivesse pretensões de escrever – Horácio dá um novo código de tradução à Arte Poética de Aristóteles.

As normas vistas como estritamente necessárias para elaboração de um texto teatral por Horácio são:

O gosto e a adequação às novas maneiras. Isto é, atender ao gosto do público (aspecto que Lope de Vega vai sobrevalorizar) e na sequência desse gosto, não se representarem cenas de morte em palco – essas teriam de acontecer nos bastidores e os espectadores iam somente as ouvir;

A balização dos géneros, ou seja, à comédia o que é da comédia, e à tragédia o que é da tragédia – aspecto altamente desconsiderado por Lope de Vega e pelo teatro espanhol;

A representação não pode ter mais nem menos do que cinco actos, isto por uma questão de equilibro e harmonia para não transgredir a unidade do poema – aspecto muito contestado por Lope de Vega, Racine e Corneille;

Que não haja intervenções dos deuses em cena a menos que o desenlace “seja digno de um vingador”.

Por fim, os actores devem-se compadecer com as qualidades e com os atributos das personagens para que estas sejam verosímeis – “não deve, pois, o papel de velho ser confiado ao jovem”.

. Confronto com Lope de Vega

Lope de Vega encara o teatro, mais precisamente a comédia espanhola, como uma arte à margem dos preceitos clássicos – e assim toma uma posição divergente

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