Consumo Audiovisual na Era do Imediatismo
Por: Julia Culpi • 26/11/2020 • Artigo • 2.975 Palavras (12 Páginas) • 194 Visualizações
CONSUMO AUDIOVISUAL NA ERA DO IMEDIATISMO
CULPI, Julia Fernanda1
RESUMO: O consumo audiovisual tem passado por constantes mudanças ao longo dos anos. A digitalização, a
internet e o conteúdo On Demand provocam transformações na maneira em que a nova geração consome produtos
audiovisuais. Isso ocorre devido à velocidade e à quantidade de informações a que somos expostos diariamente,
nos tornando imediatistas. Com isso, novos desafios e oportunidades surgem no mercado audiovisual e o produtor
de conteúdo necessita estar sempre atualizado para lidar com consumidores mais exigentes, ansiosos e com fácil
acesso a múltiplos canais audiovisuais.
O presente artigo busca identificar os hábitos de consumo audiovisual da geração imediatista, sua origem e como
isso reflete na maneira de se produzir conteúdo digital em diferentes plataformas, seja para redes sociais, YouTube
ou serviços de streaming.
PALAVRAS-CHAVE: Conteúdo audiovisual; Imediatismo; YouTube; Nativos digitais.
INTRODUÇÃO
O audiovisual vem passando por transformações significativas no século XXI, tanto no
que diz respeito à linguagem cinematográfica, quanto na produção e distribuição de obras de
áudio e vídeo.
Para Philippe Dubois (2004), o vídeo não é mais somente uma forma de narrar
acontecimentos, e sim, um modo de se expressar através de imagem e som. O autor aponta que,
desde o seu surgimento, o vídeo sempre tem algo “novo” para mostrar, isso ocorre desde a
criação da fotografia em 1839, do cinematógrafo em 1895 pelos irmãos Lumiére, do cinema
mudo, da expansão cinematográfica durante a Segunda Guerra Mundial e do surgimento da
televisão, em que o audiovisual passou a ser consumido com mais facilidade pelos espectadores.
A expressão “novas tecnologias” no domínio das imagens nos remete hoje a
instrumentos técnicos que vêm da informática e permitem a fabricação de objetos
visuais. Uma perspectiva histórica elementar mostra claramente, porém, que não foi
preciso esperar o advento do computador para engendrar imagens sobre bases
tecnológicas. (DUBOIS, 2004, p. 31).
Em 124 anos de audiovisual, o que antes era consumido somente em salas de cinema,
em preto e branco e sem diálogos em áudio, hoje, graças ao avanço tecnológico, assistimos nas
mais variadas telas e aparelhos, como televisores, smartphones, computadores e tablets, sem
1 Analista de marketing, graduada no curso de Tecnologia em Comunicação Institucional, UFPR e pós-graduanda
em Marketing e Mídias Digitais, FGV. Contato: ju.culpi9@gmail.com
contar a quantidade infinita de conteúdo que temos acesso por conta da Internet. Continuamos
vivenciando a novidade a cada dia.
Tal mudança começou a se tornar mais visível desde a evolução da tecnologia no final
dos anos 90 e início dos anos 2000, com a criação das redes sociais e, principalmente, do
YouTube em 2005, que tornou a possibilidade de produzir e divulgar vídeos muito mais
acessível. O modo de consumir audiovisual não está mais nas mãos de grandes produtoras ou
emissoras, e sim, na Internet e em suas diversas plataformas.
Com isso, o mercado audiovisual começou a se tornar muito mais forte. A quantidade
de vídeos vistos no YouTube hoje, segundo dados do YouTube Official Blog2
, já ultrapassa 4
milhões e redes sociais como Facebook e Instagram também não ficam para trás.
Nos últimos 10 anos, começamos a presenciar o surgimento dos chamados “nativos
digitais”, que já nascem completamente habituadas com a tecnologia em suas vidas.
(...) nativos digitais, podem tomar decisões de compra em qualquer lugar e a qualquer
momento, envolvendo uma grande variedade de dispositivos. (KOTLER, 2017, p. 34).
Essa geração está revolucionando o modo de consumo do audiovisual, por isso, criar
um canal atrativo e que supra as necessidades dos nativos digitais é o grande desafio do produtor
de conteúdo, visto que eles estão a cada dia mais conectados.
Cabe ao profissional de audiovisual entender como funciona essa integração, bem como
os novos formatos e técnicas que estão sendo utilizadas hoje na criação de conteúdo em áudio
e vídeo.
A convergência envolve uma transformação tanto na forma de produzir quanto na
forma de consumir os meios de comunicação. (JENKINS, 2009, p. 44).
A convergência vem sido discutida por Jenkins há mais de 10 anos, e hoje podemos
dizer que para ser visto, é necessário imergir totalmente na internet, que contém mais conteúdo
do que qualquer outro canal.
Por isso, o produtor de conteúdo audiovisual deve entender que a convergência não é
só uma nova forma de consumir de conteúdo, e sim, uma nova cultura que os nativos digitais
vem trazendo, visto que eles já nasceram expostos a essa tecnologia, e essa realidade
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