Gustav Courbet
Por: Camila Baptista • 25/3/2016 • Artigo • 1.054 Palavras (5 Páginas) • 250 Visualizações
Análise – Ernst Hans Josef Gombrich
Manet e seus seguidores provocaram na reprodução de cores uma revolução quase comparável à revolução grega na representação das formas, descobriram que se olharmos a natureza ao ar livre, não vemos objetos individuais, cada um com sua cor própria, mas, uma brilhante mistura de matrizes que se combinam em nossos olhos, ou melhor, em nossa mente.
“Foi claramente uma das pinturas de Gaya, que estimulou Manet a pintar um grupo semelhante num balcão e a explorar o contraste entre a luz forte do exterior e a sombra que engole as formas no interior.” (p. 514)
Manet levou essa exploração muito mais longe do que Gaya, 60 anos antes.
“Mona Lisa” de Leonardo, o retrato feito por Rubens de sua filha a “Miss Hoverfield” de Gains Borough , todos eles queriam criar a impressão de corpos sólidos, e faziam através do jogo de luz e sombra.
As cabeças de Manet parecem planas, mas o fato é que ao ar livre e sob a plena luz do dia, as formas redondas parecem às vezes planas, quais meras manchas coloridas. E este o efeito que Manet queria explorar.
“A impressão geral propiciada pelo todo não é plana, mas ao contrario, de real profundidade. Umas das razões para esse impressionante efeito é a cor vigorosa no parapeito do balcão. As grades estão pintadas num verde brilhante que corta a composição de lado a lado, fugindo às regras tradicionais da harmonia de cores. O resultado é que o parapeito parece avançar para frente da cena, a qual, por isso mesmo, recua trás dele.”(p.517)
A obra de Manet contextualiza o cotidiano da vida burguesa da época, colocando em cena conhecidos do pintor, incluindo o filho representado pelo criado ao fundo.
Fazem crer que o artista foge das regras acadêmicas e causa impacto ao formar a tela com cores incomuns, o verde das venezianas e do guarda corpo, o azul da gravata do homem, e branco dos vestidos das senhoras que contrastam com o fundo negro do interior da janela, um interior que se supõem, tendo em vista a escuridão.
Toda essa mistura transforma o quadro que não propõem uma narrativa histórica, mas desenvolve uma atmosfera de mistério. A linha reta do guarda corpo, destacada em primeiro plano e também pela cor vibrante, divide a tela. Essa também encontrada no estudo preparatório para essa obra, O Retrato de Mademoiselle Claus.
O pintor não se preocupa em respeitar a hierarquia entre as figuras, as flores no vaso da lateral são trabalhadas com mais detalhes e cuidado do que alguns rostos. Os olhos dos personagens buscam um ponto incomum e fora do quadro.
Análise – Giulio Carlo Argan
Manet, diferentemente de Courbet, não era um revolucionário político ou artístico, ele frequentava a sociedade elegante da época. Tinha sob influência as obras de Coubert, mas mantinha uma certa resistência quanto a algumas formas de representação do pintor.
“...a inverossimilhança do objeto do quadro mostra que ele aceitava apenas parcialmente, e com reservas, o programa realista de Coubert. Seu propósito explícito é: “”ser do seu próprio tempo’’’, ‘’’pintar o que se vê””.(p.94)
Manet passou a retratar a realidade como ela é, não como ele gostaria que fosse, ele não era indiferente ao objeto, apenas retratava a cena sem romantismo, pensando na ação.
Sua obra era apresentada em cores lisas, sem chiaroscuro (luz e sombra) se diferenciando apenas pela maneira como a luz era absorvida pelo objeto. A luz não era tratada como um raio que atingia diretamente os objetos, ou seja, a luz parecia mais perto do real, da forma como enxergamos o mundo, como se os corpos estivessem em um ambiente realista, onde as cores e sombras se distinguem apenas pela qualidade das cores.
“A luz não é um raio que atinge os corpos, acentuando as partes salientes e deixando
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