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Leitura e visada de obra de arte

Por:   •  13/5/2017  •  Artigo  •  1.231 Palavras (5 Páginas)  •  384 Visualizações

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[pic 1]Curso de Pós-Graduação Lato Sensu  em INFÂNCIA, CULTURA e PRÁTICAS FORMATIVAS

Disciplina: Produção e Leitura em Arte

Professor: Aroldo Dias Lacerda

1. Limitações do uso do termo ‘arte’

Contemporaneamente, sabemos das limitações e dos problemas de se aplicar o conceito de arte - culturalmente construído no contexto da cultura grega (τέχνη, téchne) - a outras culturas e temporalidades. Entre os vários fatores que possam convergir para que essa dificuldade ocorra, podemos destacar a naturalização do termo e a polissemia assumida pelo termo no correr dos tempos, como, por exemplo, na tradução de téchne por ars em latim.

A naturalização esvazia o seu sentido a ponto de encontrarmos frequentemente exposições de  obras de “arte infantil” ( ou de “trabalhinhos de arte”) em muitas escolas e UMEIS.  Segundo Fayga Ostrower, para assim nomearmos uma produção qualquer, ela precisa trazer o rigor, a verdade do artista ou a “justa medida”, que são frutos da experimentação de técnicas e materiais, da disciplina, do diálogo com a tradição e da vivência. As crianças raramente podem apresentar estes requisitos.O  Mozart de cinco anos, na Música, por exemplo, é exceção e não a regra!

Segundo Melo (2003), “podemos apontar dois grandes momentos de teorização da arte. No primeiro (inaugurado por Platão e Aristóteles) a Filosofia trata a arte sob a forma da poética (estuda as obras de arte como fabricação de seres e gestos produzidos pelos seres humanos); no segundo (a partir do séc. XIII) sob a forma da estética (tradução do grego aesthesis; significa conhecimento sensorial, experiência, sensibilidade)”.

Cientes disso, podemos usar o termo ‘arte’ em vários contextos, mantendo a consciência da genealogia do termo, evitando a referida naturalização que é contraproducente no contexto escolar: “se qualquer desenho ou pintura infantil é obra de arte, por que as crianças deveriam se esforçar para atingir aquele rigor?”

2. LEITURA DE IMAGEM X VISADA DE IMAGEM (LACERDA, 2012)

(...) procurarei dar ao termo formação daqui para a frente, a partir de ideias do antropólogo Tim Ingold, uma camada nova, consciente de que aquela primeira e outras que vieram se mantém. Numa pesquisa de curta duração como esta, o importante é o despertar para a importância de que os fundamentos de nossas idéias precisam ser buscados e explicitados e de que contradições permanecerão, apesar dos esforços dispensados. Vou considerar, doravante, formação como o conjunto de processos de aprendizagem situados que se dão na prática, em que ocorrem partilhas de habilidades entre gerações e dentro da mesma, a partir da idéia de aprendizagem como “educação da atenção”(INGOLD, 2010, p.19), pois tem sido este o sentido que passei a dar em minhas formações e que pude observar na pesquisa de campo na relação entre professoras e crianças.

O convite feito anteriormente é para superação dos limites impostos pela noção de ‘leitura imagética’ dos desenhos infantis, acompanhada por pensamentos sobre o seu modo de produção; a ideia de leitura da imagem não contempla o enfoque que aqui pretendo dar e, assim, preciso começar a me posicionar diante deste e de outros termos. Para tanto, seguirei uma trilha aberta por Maria Isabel Ferraz Pereira Leite[1]. Em sua pesquisa, ela conta que desenhou muito quando era criança, fez vários cursos de arte quando adolescente, graduou-se em Pedagogia e seguiu a carreira acadêmica. Há indícios de que parou de desenhar, em função das demandas inerentes a esta opção:

a partir do segundo semestre de 1995, comecei a trabalhar na Universidade. As linguagens plásticas e corporais e a relação direta com a criança e com o educador, vão sendo substituídas por palavras: palavras alheias; palavras próprias-alheias; palavras próprias. O desafio mostra-se dia-a-dia maior. (LEITE, 2001, p.4)

E esta é a primeira afinidade que me aproximou de aspectos de sua pesquisa: penso que é fundamental para tratar de desenho das crianças que o pesquisador ou a pesquisadora também desenhe, seja um ou uma desenhante ou tenha desenhado muito, pois isto o/a habilitará a tratar de aspectos que são próprios do fazer e da invenção do desenho.

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