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MEMÓRIAS VIalfabetismo Visual e Design Social

Por:   •  11/10/2018  •  Ensaio  •  5.001 Palavras (21 Páginas)  •  239 Visualizações

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ALFABETISMO VISUAL E DESIGN SOCIAL

Andreia Matos Barreira

Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho

INTRODUÇÃO

Neste ensaio sobre design contemporâneo abordaremos de forma mais específica o papel social do design, atrelado à pesquisa que iniciamos sobre a possibilidade de um alfabetismo visual desde os níveis inicias de escolaridade até o nível superior. O sujeito desse processo também será analisado, visto que na contemporaneidade, esses sujeitos têm uma percepção, um modo de vida e de estar no mundo diferenciado, característico e em constante mutação. A cada geração os estímulos visuais que lhes são apresentados são cada vez mais intensos e numerosos.

        Há uma necessidade de uma educação do olhar durante a formação escolar do indivíduo. O mesmo ocorre com os profissionais ligados à arte, ao design, à arquitetura e à moda, necessitam, num primeiro momento do reconhecimento dos signos visuais, da linguagem visual e como ela pode ser lida e percebida de forma aprofundada.

        O design social, hoje é uma realidade que já pode ser observada. O período atual, contemporâneo, expressa essa preocupação com a função do designer perante o mundo em que vive, há vasto material sobre este assunto e alguns projetos que primam por trabalhos neste sentido.

        Desde os anos 1960 e 1970 designers e pesquisadores como Victor Papanek, Aluísio Magalhães, Joaquim Redig, para citar apenas alguns, já discutiam e alertavam sobre as possibilidades de transformação e melhorias na sociedade que os designers podem realizar com seus projetos, tanto gráficos, de produtos, de ambientes, ou de ensino e pesquisa.

        Inicialmente, iremos discorrer sobre o conceito de contemporâneo e sobre o design contemporâneo, sendo uma de suas vertentes o design social. Introduziremos, com algumas hipóteses, como a alfabetização visual pode ocorrer e de que maneira poderá contribuir tanto na leitura de objetos como na produção desses objetos de design.

A CONTEMPORANEIDADE

        O período contemporâneo, ou simplesmente, o contemporâneo é um termo que designa uma época, ou período histórico, este período equivale ao atual.  

        Segundo o dicionário online de português, funciona como um adjetivo ou substantivo. Como adjetivo significa: Que habitou ou teve seu início na mesma época, exemplo disso: “prefiro ler autores contemporâneos”. Como substantivo significa: Algo ou alguém que fez parte de uma mesma época ou que faz parte do presente (tempo atual), exemplo: aquele ator foi meu contemporâneo na faculdade; os contemporâneos de Machado de Assis não se destacaram tanto quanto ele (CONTEMPORÂNEO, 2009-20018).

        Historicamente se convencionou seu início com a Revolução Francesa, e que se estende até o período atual, ou seja, está se desenrolando, acontecendo agora. Um período que vem sofrendo profundas transformações em todos os âmbitos: cultural, social, econômico, político, religioso, comportamental, científico, filosófico (MOURA, 2011).

        Para o melhor entendimento do termo citamos como Agamben (2010 apud MOURA, 2011 p. 86) relata sobre o contemporâneo em seu ensaio fazendo as seguintes perguntas: “de quem e do que somos contemporâneos? E, antes de tudo, o que significa ser contemporâneo? ”. Para ele apesar de termos uma relação singular com esse período, para podermos enxergá-lo precisamos de um distanciamento ou deslocamento, visando observar suas características, nos dissociando dele. (MOURA et al, 2011).

        Atualmente questões importantes que afetam todos os segmentos da sociedade mundial e consequentemente do nosso país, são motivos de análises para o desenvolvimento de qualquer atuação profissional que vise atender o ser humano como é o caso do design. Conforme Moura apud Moura et al (2011), o capitalismo e a sociedade de consumo, o crescimento populacional, a globalização, as culturas locais, a rapidez das comunicações, o desenvolvimento tecnológico e digital, a industrialização e a pós industrialização, a urbanização, a mudança de paradigmas sociais, políticos e econômicos, são tais questões que merecem atenção.

        O período contemporâneo é o atual, marcado por obscuridades dúvidas e interrogações, porque representa toda uma produção material e imaterial calcada na diversidade das manifestações, das criações, da produção de conhecimentos e de objetos; é múltipla em suas atitudes e explorações. Nele há uma diluição de fronteiras entre disciplinas, provocando a transversalidade do conhecimento e da produção. “É o presente, mas que se relaciona com o passado próximo e com diversos tempos históricos que apontam a construção e a visão do futuro”.  (MOURA apud MOURA et al, 2011 p.87).

O DESIGN CONTEMPORÂNEO

        O design que se desenvolve hoje, no presente, é contemporâneo. Contemporâneo a tudo o que está ocorrendo na nossa época. Para entender e analisar o que está sendo criado e produzido no âmbito do design é necessário também olhar para o passado recente e tudo o que vem sendo construído desde o seu surgimento mais formalizado no início do século XX, com as escolas de design, Bauhaus e a Escola de Ulm, ambas na Alemanha.

        O design contemporâneo carrega as influências do passado, mas principalmente reflete em seus produtos, sistemas, espaços, objetos, o pensamento, os hábitos, a maneira de ver o mundo, o estilo de vida, os ideais e sentimentos do ser humano atual entrecruzando épocas e estilos na busca de atender esse sujeito que também é sintonizado com o passado, presente e futuro e quer soluções aos nossos problemas atuais.

        O design contemporâneo dialoga com diversas áreas ligadas a ele como o artesanato, a joalheria, a moda, a arte, a arquitetura, a engelharia, ergonomia, e também outras, de uma forma menos direta, mas que atuam em conjunto com o designer na criação de projetos (MOURA apud MOURA et al, 2011).

        O design atua desenvolvendo projetos que atendem o homem, o que implica entender seu universo, desejos e necessidades os quais são permeados e marcados por um contexto histórico e cultural pertencente a esse período atual que o envolve. Para fazer essa leitura de mundo o projetista vai buscar conhecimentos nas diversas áreas das ciências humanas tanto para refletir sobre o homem como para entender os objetos e produtos contemporâneos como a história, sociologia, antropologia, filosofia, comunicação, semiótica, entre outras buscando colocar em seu projeto um valor representativo para este indivíduo.

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