Modernismo no Brasil
Seminário: Modernismo no Brasil. Pesquise 862.000+ trabalhos acadêmicosPor: becavaz • 18/11/2014 • Seminário • 1.440 Palavras (6 Páginas) • 280 Visualizações
O Modernismo no Brasil
São Paulo foi o grande palco da Semana de Arte Moderna de 1922 e não sem
motivos. Considerando o pensamento de Walter Benjamin (1996, p. 169), para quem “o
modo como se organiza a percepção humana, o meio em que ela se dá, não é apenas
condicionado naturalmente, mas também historicamente”, para uma melhor
compreensão do cenário em que surge e se desenvolve o movimento modernista e o
descompasso desse acontecimento em relação ao seu surgimento na Bahia, torna-se
necessário observar, primeiramente, alguns fatores históricos que marcaram
profundamente toda a controversa relação entre modernidade e modernismo no Brasil.
Após a Primeira Guerra Mundial, a economia – então mais voltada para a
produção e exportação de café – começou a se diversificar com o desenvolvimento da
indústria, favorecendo o surgimento de uma burguesia industrial que foi se tornando
economicamente forte, embora marginalizada pelo governo federal, que servia aos
interesses dos produtores de café. O bloco urbano paulista era então dividido por uma
classe dominante formada pelos barões do café e a alta burguesia, de um lado, e pelo
proletariado constituído em grande parte por imigrantes, do outro.
1
Professora do curso de Comunicação Social da Universidade Católica do Salvador.
Mestra em Artes Visuais - UFBA.
Doutoranda em Cultura e Sociedade –UFBA, onde pesquisa As políticas culturais implementadas por
Anísio Teixeira e as artes na Bahia: abrindo caminhos para o modernismo.
E-mail: juciaranogueira@yahoo.com.br Em contrapartida ao processo de industrialização que se intensificava, a década
de 1920 foi também marcada por um período de forte expansão da produção cafeeira,
cujas oligarquias de São Paulo e Minas Gerais beneficiavam-se da influência política
que tinham. Com isso angariavam uma antipatia ferrenha por parte da ala jovem do
Exército, onde os tenentes representavam os principais opositores, formando o
Movimento Tenentista.
Esse processo de contestação política foi se radicalizando, sendo que um fator
externo contribuiu para fragilizar economicamente a classe até então dominante,
impulsionando sua derrocada: esse fator foi a crise da Bolsa de Nova Iorque, em 1929,
que contribuiu para a retração do mercado internacional, prejudicando as exportações.
Sem ter para quem vender a produção e sem poder contar mais com a garantia do
governo, que até então comprava e estocava todos os excedentes de café, ruiu a
estrutura política que vinha sendo mantida pelo poder das tradicionais oligarquias
cafeeiras, que seriam politicamente derrotadas com a Revolução de 1930, culminando
com a ascensão de Getúlio Vargas.
Sérgio Tolipan (1983, p. 9) afirmou que “O Brasil da década de 1920 é o
cenário de intensa luta travada, sob as mais diferentes formas e por contendores os
mais diversos, em torno de uma questão central: a modernização”. Considerando o
que foi exposto nota-se que São Paulo foi o grande palco de todo esse processo.
Portanto, não por acaso foi aí que também surgiu e se desenvolveu o movimento
modernista, elaborado dentro de toda uma estrutura urbana da cidade brasileira que
mais investia na industrialização no período (em meio a conflitos, limitações e
dificuldades), possuía uma classe média (que lutava por seus direitos) e uma classe
operária (politizada, influenciada por socialistas e anarquistas).
São Paulo era então uma cidade que buscava os ideais de modernidade
pautados pelo dinamismo da sociedade industrial, o progresso material e a
mobilidade própria da vida urbana, passando a aspirar por padrões cada vez mais
apregoados pelo cinema, pelas publicidades e pelas revistas ilustradas, pelas rádios e
jornais que multiplicavam e potencializavam valores, modismos e estilos de vida
ditados pela Europa e Estados Unidos, no alvorecer de uma indústria cultural que,
conforme observou Horkheimer e Adorno (1982, p.162) “molda da mesma maneira
o todo e as partes”.
As observações acima permitem uma visão do contexto histórico em que ocorreu
o movimento modernista, que surgiu no ano do centenário da independência do Brasil, tendo como grande marco a Semana de Arte Moderna, realizada nos dias 13, 15 e 17 de
fevereiro de 1922, no Teatro Municipal de São Paulo. O evento reuniu pintores,
escultores, arquitetos, escritores, poetas, músicos e dançarinos e foi marcada pela
irreverência, ao contestar e questionar valores artísticos e estéticos que predominavam
na arte brasileira (especialmente no Parnasianismo), propondo a utilização de
linguagens que rompessem com as normas e regras rígidas, em prol da liberdade de
criação.
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