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O ACERVO DE OBRAS DE ARTE DO IFES E SUAS CONTRIBUIÇÕES PARA A EDUCAÇÃO ESTÉTICA E CIENTÍFICA

Por:   •  9/4/2017  •  Artigo  •  4.516 Palavras (19 Páginas)  •  409 Visualizações

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O ACERVO DE OBRAS DE ARTE DO IFES E SUAS CONTRIBUIÇÕES PARA A EDUCAÇÃO ESTÉTICA E CIENTÍFICA

Thiago Zanotti Pancieri /Instituto Federal do Espírito Santo campus Montanha

Priscila de Souza Chisté Leite/Instituto Federal do Espírito Santo campus Vitória

RESUMO

O artigo apresenta estudo desenvolvido no Programa de Pós-Graduação em Educação em Ciências e Matemática do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Estado do Espírito Santo (Ifes). Por meio de pesquisa bibliográfica e exploratória, apresenta propostas a partir das obras de arte do acervo do Ifes – campus Vitória que contribuam para a Educação Estética e Científica, por meio de leituras de imagens. Para discutir as relações entre ciência e arte dialoga com Ferreira (2010); Reis et al. (2006); Ostrower (1998); Flusser (1998); Zamboni (2006); Plaza (2003). Quanto a Educação Científica estabelece relações com Rosenthal (1989); Santos e Mortimer, 2002. Conclui que as obras/artistas do acervo do Ifes e os diálogos estabelecidos com a ciência possibilitam o debate sobre o conhecimento científico, contribuindo para a Educação Estética e Científica dos alunos do Ifes.

PALAVRAS-CHAVE

arte; leitura de imagem; educação científica.

ABSTRACT

KEYWORDS

art; image reading ; science education.

1. INTRODUÇÃO

O artigo apresenta parte de uma pesquisa de Mestrado no Programa de Pós-Graduação em Educação em Ciências e Matemática do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Estado do Espírito Santo (Ifes). Inseridos nesse espaço de aprendizado, analisamos possíveis relações das obras de arte do acervo do Ifes com o conhecimento científico, que possam favorecer a Educação Estética e Científica por meio de leituras de imagens.

Partimos do pressuposto que no contexto do Ifes o conhecimento de tal acervo possa favorecer a Educação Estética e Científica dos alunos. Consideramos que a Educação Estética seja um “modo especial de formação dos sentimentos e dos gestos que possibilite o princípio criador em todas as atividades humanas e contribua com a formação de identidades, subjetividades e alteridade” (CHISTÉ, 2013, p. 305). Ampliando, por meio da leitura de imagens, o olhar do sujeito sobre o mundo, a natureza e a cultura. Diversificando, assim, suas vivências sensíveis e estéticas.

Quanto a Educação Científica, o diálogo com a Educação Estética é ressaltado na perspectiva de Rosenthal (1989), direcionada para uma abordagem do conhecimento científico de natureza humanística. Nessa abordagem são discutidos os “aspectos estéticos, criativos e culturais da atividade científica, os efeitos do desenvolvimento científico sobre a literatura e as artes, e a influência das humanidades na ciência e tecnologia” (SANTOS; MORTIMER, 2002, p. 07).

A proposta de leitura de imagens está relacionada à análise crítica da obra de arte por meio da percepção das “múltiplas relações intrínsecas a elas, que passam pelos aspectos contextuais, formais (a linha, a cor, a textura, a forma, a composição e a técnica) e por outros diálogos estabelecidos” (CHISTÉ; FOERSTE-SCHUTZ, 2015, p. 1033). Nessa perspectiva, a relação indissociável entre os aspectos contextuais e formais e o diálogo com as diferentes áreas do conhecimento nos aproxima “do universo do artista, ou seja, do contexto de sua produção, as suas referências para a criação, seus gostos, histórias” (CHISTÉ; FOERSTE-SCHUTZ, 2015, p. 1034).

De modo a organizar o artigo, na primeira seção “Diálogos entre arte e ciência”, explicitaremos as relações entre arte e ciência destacando as aproximações entre esses campos do saber. Na seção “O acervo de obras de arte do Ifes e os diálogos com a ciência”, apresentaremos as obras/artistas do acervo e suas possíveis contribuições para a Educação Científica, a partir da perspectiva de leitura de imagens e as relações tecidas com o universo do artista.

2. DIÁLOGOS ENTRE ARTE E CIÊNCIA

As relações entre arte e ciência podem ser estabelecidas de vários modos. Por meio de pesquisa bibliográfica sistematizamos cinco possíveis delimitações apresentadas a seguir.

2.1. Ênfase no processo histórico do diálogo entre arte e ciência

A primeira delimitação busca evidenciar autores que colocam em relevo os processos históricos de diálogo entre arte e ciência. Recorremos, portanto, a teóricos que fazem uma análise da História da Ciência, da História da Arte e, da discussão direta dessa relação ao longo do tempo.

Observamos, no Renascimento o marco de aproximação entre arte e ciência. No entanto, percebemos com a proposição cartesiana e o método dedutivo de René Descartes (1596-1650), o distanciamento entre as áreas do conhecimento, retirando a arte do campo de produção de saber. O distanciamento começa a ser colocado em relevo com o entendimento da arte no contexto da estética, julgada a partir dos parâmetros de beleza. Ao incorporar a subjetividade, a arte é afastada dos pilares científicos de objetividade e verdade, e “por não se pautar nos princípios de verdade e racionalidade objetiva da ciência, passa a ocupar outro espaço na esfera do conhecimento” (FERREIRA, 2010, p. 265).

Outro ponto enfático de aproximação entre o conhecimento científico e artístico, no que se refere ao processo histórico, pode ser notado em vários movimentos da arte moderna do século XX, como cubismo, abstracionismo e surrealismo. No cubismo, percebemos que o encontro entre arte e ciência não se processou pela utilização da perspectiva, mas, ao contrário, pelo rompimento com essa técnica (REIS et al., 2006).

O pintor Pablo Picasso (1881-1973) passa a fazer a representação fragmentada e geometrizada das imagens, que podem ser vistas de diferentes pontos, confluindo para a nova ideia de tempo que estava sendo postulada pela teoria da relatividade de Albert Einstein (1879-1955). Incluía-se na pintura, a ideia da quarta dimensão da realidade, ou seja, o tempo necessário para desfragmentar, fragmentar e analisar as partes da imagem, confluindo para a proposta de substituição do tempo absoluto pelo tempo relativo, principal abordagem da teoria da relatividade (OSTROWER, 1998).

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