O Coletivo Autonomista Carioca Anarco Funk e suas Ações Diretas Estético-Políticas e o Reciclado- seu Terrorismo Poético
Por: Luara Oliveira • 1/3/2016 • Trabalho acadêmico • 1.004 Palavras (5 Páginas) • 392 Visualizações
O Coletivo Autonomista Carioca Anarco Funk e suas Ações Diretas Estético-Políticas e o Reciclato- seu Terrorismo Poético.
O coletivo autonomista carioca Anarco Funk visa atingir as populações periféricas, e difundir inspirações anarquistas via a arte e cultura, por meio da estética que o funk carioca proporciona. A proposta do coletivo é construir um novo devir, com suas Ações Diretas Estético-Políticas aos transeuntes, que em alguns casos se tornam parte integrante da criação ocasionada naquele momento, seja através de seus discursos subversivos as estruturas sociais - inspirados pelo movimento anarquista- seja pela apropriação da estética (sonora) da cultura funk carioca, que propõe a quebra de alguns paradigmas tradicionalmente vigentes em nossa sociedade.
Suas ações dialogam com a ideia de "Levante" conceituada pelo teórico libertário e historiador Hakim Bey, em Zona Autônoma Temporária (TAZ), e que apesar de os "chamados" estarem muito associados a ideia revolução - pela palavra que o Anarquismo retoma - seus ideiais possuem o caráter de Levante, dentro da concepção do teórico. Pois, a Revolução na História leva a ideia de permanência, conquista, em relação a derrubada de poder do Estado, na concepção do movimento anarquista, enquanto o conceito Levante remete a ideia de uma "experiência de pico", assim como as práticas artísticas exercidas pelo coletivo, que embora efêmeras, são intensas e transformadoras, dando sentido a vida, a partir da experiência da materialização desses movimentos festivos, na sombra do Estado, e de seus mecanismos de controle frouxos. O Levante nada mais é que a TAZ ( Zona Autônoma Temporária ), capaz de ocupar clandestinamente essas áreas e realizar seus festivos.
Além das músicas com batida funk e letras de inspirações de cunho anarquistas, o coletivo tem na ação Reciclato, o cerne de suas atividades. Reciclato, como é nomeado por eles mesmos um de seus "chamados" viabializado pela rede social Facebook, possuem data, horário e local definido, sempre abordando temas pertinentes a cidade, porém o que ocorrerá são situações criadas naquele momento. Apesar de sempre haver algo já pré-estabelecido, o poder transformador ocorre juntamente quando as situações são criadas. A concentração ocorre na rua, onde se estreita o contato e a possibilidade de qualquer ser passante torna-se parte daquela catarse. Com cartazes, fantasias e muitas latas, daí o nome "Reciclato" (o grupo faz o pedido via intenet para que levem latas), as pessoas são atraídas para se expressarem andando à deriva , qualquer um que se sentir atraído poderá naquele instante participar daquela situação, que exprime um ato libertador em nós mesmo, de renúncia aos mecanismos de controle, na afirmação de um comportamento lúdico-construtivo. Mesmo que o indivíduo esteja definido pela situação, ele tem o poder de criar situações novas dignas de seu desejo. É nessa ideia que atua o coletivo autonomista carioca Anarco Funk, realizando nas ruas da cidade suas críticas radicais, utilizando a mais imporatante ferramenta que nós podemos ter, nós mesmo, o nosso corpo, e a sua forma de se expressar para o mundo, propondo um novo devir na vida cotidiana desses indivíduos.
O que acontece realmente no Reciclato é o que podemos chamar de o Terrorismo Poético -"Fique nu para simbolizar algo"- de Hakim Bey. Poderia tentar encaixá-lo como uma simples performance, e por mais que também seja, mas a intenção acredito que não seja o uso da lingaguem performance em si, mas ideia que o Terrorismo Poético propõe, começando pelo afastamento de qualquer tipo de instituição, estar autônoma, livre de qualquer estrutura de consumo de arte ( galerias, mídia, publicações), o objetivo é a tranformação. Logo as ações produzidas pelo coletivo estão diretamente ligada a "não-arte", artistas tendem
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