O Egito e o Antigo Oriente próximo lançaram as bases da civilização ocidental
Por: JuhMusselli • 3/4/2016 • Resenha • 2.806 Palavras (12 Páginas) • 659 Visualizações
Introdução
O Egito e o Antigo Oriente próximo lançaram as bases da civilização ocidental. Esses povos viviam nas regiões que iam do Rio Nilo aos Rios Tibre e Eufrates e ao planalto iraniano, desde o Bósforo até o Golfo Pérsico. Nesta época os povos eram criativos, a Mesopotâmia instituiu a ciência, o Egito utilizara as artes plásticas e Israel criou uma religião mundial.
A leste e oeste do mar vermelho o rei era o único legislador e autoridade máxima, era considerado um deus. Eram realizadas para ele homenagens em várias formas de música, dança e diálogo dramático. Nas celebrações era ele a figura central. Dessa forma eram tratados os dinastas do Egito, os grandes legisladores sumérios, os imperadores dos acádios, os reis-deuses de Ur, os governantes do império hitita e os reis da Síria e da Palestina.
No Egito e por todo o antigo Oriente Próximo a realeza era o único princípio ordenador, todo o pensamento e ação, religião e mistérios era determinado por ela. Alexandre foi submisso a ela visitando o túmulo de Ciro e prestando-lhe homenagem, anos antes Ciro também havia prestado homenagens nas tumbas dos grandes reis da Babilônia.
Durante séculos, o que se sabia do Antigo Oriente Próximo era limitado a alguns documentos: o Antigo Testamento. Mesmo Heródoto que no século V a.C. visitou o Egito e a Mesopotâmia é vago, pois ele não relatou sobre os “jardins suspensos de Semíramis” (o que diminui nosso conhecimento sobre uma das 7 maravilhas do mundo) e não chegou a conhecer o pavilhão do festival do Ano Novo de Nabucodonosor (que priva os pesquisadores do teatro de valiosas chaves). Nesse tempo historiadores conseguiram decifrar os códigos cuneiformes que também nos davam indicações de como eram os espetáculos teatrais de antigamente.
Nós conhecemos o ritual mágico-mítico do “casamento sagrado” dos mesopotâmios e conhecemos um pouco as disputas divinas dos sumérios, isso nos leva à origem do diálogo na dança egípcia de Hator e à organização da paixão de Osíris em Abidos. O mimo e a farsa também faziam parte. Existia atores mascarados e anões que representavam (generais inimigos e deuses) e divertiam a corte.
As artes plásticas também nos dão informações sobre o teatro, porém estas precisam ser analisadas com cuidado. As máscaras antigas podem estar relacionadas e conectadas ao teatro, mas isso permanece como uma suposição no panorama do terceiro milênio a.C.
Muitas civilizações surgiram e sumiram no Egito e Oriente Próximo e estas nos deixaram muitas informações de como foi o surgimento da arte no mundo.
Egito
A maior parte dos monumentos que restam da história da humanidade cultua a morte (túmulos pré-históricos: pirâmides e câmaras mortuárias no Egito; músicos e dançarinas, banquetes e procissões e oferendas sacrificiais retratados nos murais dos templos dedicados aos mortos). Eles são testemunha da importância que um além-mundo tinha para os egípcios.
Além dos monumentos a palavra era usada para invocar os deuses (principalmente Rá, deus do paraíso, e Osíris, deus dos mortos) para que estes recebessem em seus reinos e tratasse como semelhante quem havia partido. Essas palavras eram os chamados “textos das pirâmides” que nos deram informações a respeito do teatro no Egito antigo, pois apresentavam grande caráter dramático, e é quase certo que essas recitações nas cerimônias eram expressas de forma dramática. Porém, há um encantamento popular simples que as mães egípcias pronunciam até hoje quando seus filhos são picados por um escorpião: “Veneno de Tefen, que se derrame no chão, que não avance para dentro desse corpo...” e outras inscrições de cantos funerais e recitações que não nos dão pistas para as artes teatrais do Egito, mas nos levam a alguma confusão.
A essas invocações aos deuses e homenagens aos mortos falta o componente indispensável ao teatro, o público. Hoje ele existe nas danças dramáticas cerimoniais, nas lamentações e choros pantomímicos e nas apresentações dos mistérios de Osíris que acontece todos os anos em Abidos que tem como público dezenas de milhares de fiéis. Abidos é onde acredita-se estar enterrada a cabeça do deus Osíris, onde tenha ocorrido sua paixão e isto faz com que ali aconteça o conflito dramático que é a raiz do teatro.
A história de Osíris se assemelha a de Jesus Cristo, ele sofre traição e morte. Depois de terminada sua tortura, as lágrimas e os lamentos dos fiéis são sua justificativa diante dos deuses, este ressuscita e se torna governador do reino dos mortos.
Os estágios da paixão de Osíris constituem as estações do grande mistério de Abidos. Os sacerdotes organizavam e atuavam na peça e estes percebiam o quanto eram vastas as possibilidades de sugestão das massas que o mistério oferecia. Prova da sua perspicácia é o fato de que, mesmo com o crescimento da popularidade do culto a Osíris e com a riqueza de suas capelas e tumbas, continuavam a levar em conta o homem do povo. Qualquer pessoa que deixasse uma pedra ou estela memorial em Abidos poderia estar segura das bênçãos do deus e seguro de que, mesmo após a morte, participaria, “transfigurado”, das cerimônias sagradas e dos ritos no templo exatamente como havia feito em vida.
Existe uma estela de pedra, do oficial da corte Ikhernofret (que viveu durante o reinado de Sesóstris III) nelas estão gravadas as tarefas de seu donatário realizadas no templo de Abidos . A parte superior da pedra relata a obra de restauração e reforma do templo; a parte inferior fala sobre à celebração dos mistérios de Osíris. Porém, não é possível saber, a partir das inscrições da pedra, se as fases do mistérios de Osíris (vida, morte e ressurreição) eram encenadas em sucessão ou em intervalos de dias ou, até mesmo, semanas. Heinrich Schäfer foi o primeiro a interpretar os hieróglifos da pedra, e este entendeu que as encenações dos mistérios de Osíris se estendiam durante uma parte do ano constituindo um grande drama.
A pedra esclarece as principais características dos mistérios de Osíris na Época do Médio Império. O ritual começava com o deus Wepwawet (na forma de chacal) e logo depois aparecia Osíris com todo seu esplendor e, em seguida, os nove deuses de seu séquito. Wepwawet ia na frente clareando o caminho e Osíris ia navegando em seu navio, a barca de Neschmet, com ele iam os participantes da cerimônia que são seus companheiros na luta contra o inimigo Set.
Se o navio de Osíris era uma barca carregada por terra, portanto os guerreiros marchavam ao longo dela. Se a cerimônia fosse realizada num barco de verdade sobre o Nilo, algumas pessoas privilegiadas iam a bordo para “lutar” ao lado de Osíris. Ikhernofret era um alto oficial do governo e favorito do rei, por isso estava entre os privilegiados, é possível constatar isso a partir de sua inscrição na pedra: “Repudiei aqueles que se rebelaram contra a barca Neschmet e combati os inimigos de Osíris”.
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