Resenha: Moonlight sob a luz do luar
Por: Gomes1999 • 12/12/2018 • Trabalho acadêmico • 1.000 Palavras (4 Páginas) • 488 Visualizações
Resenha: Moonlight sob a luz do luar
O filme moonlight sob a luz do luar é um dos maiores tesouros do cinema contemporâneo, um retrato delicado e bucólico do cotidiano da população negra e marginalizada. Através de sua sutileza o longa constitui-se como uma profunda reflexão “sociológica” referente a comportamentos e circunstância sócio-econômicas divergentes .
Publicado no dia vinte e quatro de fevereiro de 2017 moonlight é o terceiro filme do cineasta estadunidense Barry Jenkins. De origem humilde filho de mãe solteira, viciada em cocaína e em crack e nascido no bairro Liberty City, local onde moonlight se passa nos dois atos iniciais , Jenkins viveu na pele a cultura racista americana; segundo o cineasta seu primeiro amigo “branco” foi aos dezenove anos ao ingressar na Universidade do Estado da Flórida .
Moonlight sob a luz do luar é uma adaptação da peça Moonlight Black Boys Look Blue do ator e escritor estadunidense Tarell Alvin McCraney .
“Quando vi a peça, há uns anos, espantei-me como ela falava tanto de mim. Aquela é também a minha história. Não sou gay, e essa é a única diferença para o texto de McCraney”, ( Barry Jenkins,1979, jornal expresso ), resposta de Barry Jenkins durante entrevista realizada ao jornal “expresso”.
Do que podemos extrair deste filme como instrumento comunicativo obtemos a elegância e a naturalidade de como os personagens são densamente construídos, tendo seus medos, angústias, desejos apresentados de maneira sensível mesmo ainda sendo firme; o sentimentos que gritam na tela são expressos de maneira plural ora mais sutis através de toques e olhares ora de forma mais intensa através de gritos e socos.
No primeiro ato do filme intitulado de “Little” pseudônimo de Chiron, nos é apresentado o jovem Chiron, protagonista, interpretado durante o primeiro ato pelo ator Alex Hibbert. Chiron é um jovem, negro e pobre; uma criança angustiada e oprimida vivendo Liberty City, Miami, com sua mãe Paula negligente e usuária de drogas, interpretada pela atriz Naomie Harris.
Durante este trecho do filme vemos um retrato da realidade marginal americana e do exercício do poder social para a modelagem e controle dos comportamentos divergentes, através da violência física e psicológica somos constrangidos e obrigados a esconder e reprimir nossa própria individualidade tal qual como descrito pelo sociólogo alemão Norbert Elias em sua obra “A Construção Social do Corpo”.
Durante um ato de bullying Chiron é perseguido e ao esconder-se de um grupo de garotos da vizinhança acaba por conhecer o narcotraficante cubano Juan, interpretado pelo ator Mahershala Ali, que avistava o ocorrido. Neste momento presenciamos um marco na vida do protagonista, no qual se estabelece um vínculo afetivo entre juan e chiron, através do qual juan passa a assumir o local de uma figura paterna até o momento ausente para Little. A partir disto Chiron começa a conviver com Juan, que o instrui a como nadar e o aconselha a fazer seu próprio caminho.
Este momento é sucedido por mais um marco na vida de Chiron onde pela primeira vez ele irá se confessar e se questionar sobre sua sexualidade e sobre o que é ser uma “bixa” ( termo utilizado no filme para ofender chiron por crianças que estudavam junto a ele ).
Durante o segundo ato do filme designado “Chiron”, vemos Chiron, interpretado ao longo do segundo ato pelo ator Ashton Sanders, mais velho durante sua adolescência, entretanto não menos perseguido e reprimido, situação que se agrava com a morte Juan e a repressão de uma sexualidade ainda imatura porém mais intensa .
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