Tenha em mente que mata
Seminário: Tenha em mente que mata. Pesquise 862.000+ trabalhos acadêmicosPor: vannessaaah • 27/2/2014 • Seminário • 646 Palavras (3 Páginas) • 246 Visualizações
Mente que mata
Monstro, aberração, pervertido, anomalia da natureza, calculista, psicopata, doente... Esses são apenas alguns dos adjetivos usados para designar os assassinos cruéis. Chamá-los assim parece ter sobre nós o curioso efeito de um pequeno alívio, um desabafo que os apresentadores de televisão, os radialistas e os políticos sabem capitalizar como ninguém em seus discursos sobre a violência. “Quanto mais execramos esses criminosos, mais nos sentimos diferentes deles, como um exorcista que, diante do demônio, fortalece a sua fé”, diz o psicanalista William Cesar Castilho Pereira, professor de Psicologia da PUC de Minas Gerais. “É uma defesa natural para negar o potencial de violência que existe em todos nós”, afirma William.
Quem nunca teve vontade de esganar alguém? Por mais zen que possa parecer, ninguém está livre do arrebatador impulso para a violência. “Assim como em outros animais, a violência faz parte do ser humano”, diz Márcia Regina da Costa, professora de Antropologia da PUC de São Paulo. Especialista em violência de gangues, Márcia diz que esse potencial pode variar de um comportamento agressivo no trânsito, uma briga de torcidas até um assassinato. “A violência é como uma espécie de arquivo de computador não-executável”, diz a antropóloga. “Dependendo do estímulo, ele entra em ação e os resultados podem ser inesperados.” Mas, se é verdade que todos nós temos a capacidade para o mal, por que somente algumas pessoas chegam às vias de fato?
“Assim como ocorre com os nossos desejos sexuais, a vida em sociedade exige a repressão de alguns instintos”, afirma o psicólogo paulista Antônio Carlos Amador Pereira, especialista em desenvolvimento psíquico de adolescentes e adultos. Ou seja: por mais vontade que tenha de agredir alguém, você tem que renunciar a esse desejo para viver em grupo. “Essa é a diferença entre a vida selvagem e a civilização”, diz o psicólogo. “Mas a renúncia a esses instintos nunca é fácil.” No artigo “O mal-estar da civilização”, publicado em 1930, Sigmund Freud descreveu pela primeira vez o conflito existente entre nossos impulsos animais e a repressão desses impulsos pela vida em sociedade. A força resultante desse embate é a culpa – aquele anjinho dos desenhos animados dizendo, no pé do ouvido, que você deve se controlar. Ainda assim, num momento de ira, ninguém estaria livre de cometer algum ato violento.
Se todos os crimes violentos fossem provocados por um momento de descontrole, as explicações acima seriam bastante satisfatórias. Os crimes passionais, portanto, são causados por uma onda incontrolável desse instinto animal que todos temos e que nos faz querer resolver nossos problemas pela via mais simples, direta e distante do raciocínio. Mas como explicar os crimes perversos que foram planejados com a tranqüilidade de quem prepara uma refeição? O que se passa na mente de um seqüestrador que agiu teoricamente em busca de dinheiro mas que não se conteve e estuprou e queimou sua refém?
“São atos que não podem ser simplificados como tendo origem na pobreza, na ignorância ou num momento de descontrole”, diz o psiquiatra americano Jonathan Pincus, autor do livro Base Istincts – What Makes Killers Kill (“Instintos básicos – O que faz matadores matarem”, inédito no Brasil). “Há
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