Trabalho de análise de cenas Prof Rogério Troiani

Trabalho de análise de cenas

Prof Rogério Troiani

De Regis Oliveira Rocha

Análise de cena: Benzinho (Gustavo Pizzi)

A cena a ser analisada acontece já no terceiro ato entre a mãe Irene (Karine Teles) e seu filho Fernando (Konstantinos Sarri) com alguma interferência da irmã de Irene, Sônia (Adriana Esteves).

Tendo se concretizado todo o trâmite para a viagem do filho, esse avisa a mãe que não poderá ficar nem para certa comemoração dali alguns dias, pelo aglomerado de acontecimentos e situações que a mãe teve de absorver até ali, dá-se uma cena extremamente delicada e tensa, pois de supetão Irene decide que eles tem de ir embora do local, visto que eles estavam de viagem na casa de praia que dentro em pouco seria vendida, a casa que, diga-se, é uma metáfora do apego que a mãe tem com o passado e junto com ele o apego que tem com o filho que vai embora. Karine imprime nessa cena um desespero crescente conforme ela começa a juntar as coisas para ir embora e o filho inicia o interrogatório sem entender tamanha pressa da mãe, a cada fala do filho Irene começa a se inflamar cada vez mais até terminar num grito sufocado e o sentar numa cadeira de balanço que Irene rememora novamente o passado sem conseguir lidar com o futuro de seu primogênito e, aos prantos, ela diz que a cadeira “era ótima, e que precisariam levá-la também”.

O percurso dramático da cena é incrível, já que a atriz passa de um estado de euforia por ter reunido a família pelo menos uma última vez na casa de praia nostálgica e vai descambando numa tristeza e pesar que reflete todas as agruras que a personagem sofrera até ali, cena que carrega peso e beleza e que se encerra com Sônia pedindo que Fernando se afaste para não começar uma briga ainda maior.

Análise de cena: Magnólia (P.T. Anderson)

A cena que analisarei é justamente a cena final que acontece entre o policial Jim (John C. Reilly) e a cocainômana Claudia (Malora Walters).

Jim vem visitar Claudia depois da chuva de sapos e de uma discussão que tiveram no jantar, pois ela não pensa ser merecedora de alguém no estado que está. A cena começa com a trilha de Aimee Mann escrita para o filme com a música “Save me” que retrata exatamente o estado emocional fragilizado da personagem, que na cena não fala nenhuma palavra e traduz tudo apenas com o olhar e expressão corporal, dado o mise-en-scène em que ela está envolta com roupas e lençóis brancos, subtende-se que ela passa por uma desintoxicação auxiliada pela mãe.

Jim entra em cena e começa a discursar sobre o fato de que se importa com ela e não quer que ela se diminua e que se quiser ele estará do lado dela. A beleza da canção e a magistral atuação de Malora começa com o olhar perdido e envergonhado de Claudia diante do discurso e dos elogios, mas começa a ganhar confiança pois sente verdade nas palavras e presença de Jim, com o olhar sempre marejado ela não chega a chorar e termina a cena e o filme com a quebra da quarta parede buscando empatia do público e fazendo uma relação direta de que muitas vezes não nos sentimos merecedores de certos acontecimentos, seja uma pessoa que vem para somar ou uma oportunidade de sonho a se concretizar. E somente através do olhar a atriz nos conduz a um desfecho de rara beleza, contentamento e autorreflexão.

Análise de cena: Janela indiscreta (Alfred Hitchicock)

A cena que discursarei é o clímax em que a personagem Lisa (Grace Kelly) é levada pelos policiais e secretária do sr Jeffries (James Stewart), a sra Stella (Thelma Ritter) sai para pagar sua fiança, deixando o sr Jeffries sozinho e indefeso no seu apartamento.

O silêncio toma conta do apartamento e só o que podemos presenciar tão incapazes com o próprio sr Jeffries é a entrada do assassino, e todo o suspense e temor estão suportados pela atuação de Stewart e as artimanhas que seu personagem, o sr Jeffries faz para ganhar tempo para que a polícia chegasse antes que fosse tarde demais, primeiramente ficando na penumbra e sem responder nenhuma das perguntas de seu algoz e depois utilizando o dispositivo de flash para incapacitá-lo por instantes valiosos, com a chegada da polícia eles já estão em combate e o sr Jeffries é arremessado para o parapeito de seu apartamento, mas ao cair é amortecido por dois policiais no solo para evitar danos fatais.

As atuações de Stewart são sempre carregadas de sarcasmo e austeridade até o ponto em que seus personagens são colocados a prova diante das mais escabrosas situações fazendo assim que ele saia de sua zona de conforto e entregando interpretações catárticas que fazem a audiência torcer por seu sucesso independente do perigo enfrentado, e o senhor