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Vida e Obra de César Camargo Mariano Dentro das Vanguardas

Por:   •  20/3/2023  •  Trabalho acadêmico  •  1.731 Palavras (7 Páginas)  •  74 Visualizações

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL

INSTITUTO DE ARTES

DEPARTAMENTO DE MÚSICA

CURSO DE MÚSICA POPULAR

Silas Borges Mendes

Vida e obra de César Camargo Mariano dentro das vanguardas na música instrumental Brasileira

Porto Alegre, RS

2021

APRESENTAÇÃO

Este é um apanhado bibliográfico sobre a vida e a obra de César Camargo Mariano dentro das vanguardas estéticas na música instrumental Brasileira. A produção do presente conteúdo deu-se em atendimento à chamada do professor dr. Reginaldo Gil Braga, da disciplina de História da Música Brasileira, componente obrigatória da grade curricular do curso de Bacharelado em Música, na Universidade Federal do Rio Grande do Sul – UFRGS.

        César Camargo Mariano escreveu seu nome na história da música brasileira. Ajudou a cunhar um estilo musical profundamente arraigado no jazz e lançou um novo olhar sobre o samba, mas não se limitando a este e sim transitando por diversos outros gêneros musicais. Sua obra é majoritariamente instrumental, mas sem fazer disso um limite pois também acompanhou cantores e cantoras, provando assim sua multiforme arte.

        Conforme o website oficial do artista, até o ano de 2021 já havia lançado 32 álbuns, 5 DVDs e somava mais de 200 composições, algumas delas gravadas por importantes intérpretes no mundo inteiro. Dentre os muitos prêmios recebidos, destacam-se em 2006 o Grammy Latino - prêmio conjunto da obra, e em 2007 o Grammy Latino de melhor álbum de música popular brasileira com o álbum Ao vivo.

        Sua atuação também se estendeu ao arranjo e produção musical, produzindo trabalhos para artistas como Tom Jobim, Caetano Veloso e Chico Buarque dentre outros. Além de ser descendente de músico, conforme será abordado ao longo deste apanhado, César Camargo Mariano foi casado com a cantora Elis Regina com quem teve dois filhos, Pedro Camargo Mariano e Maria Rita, ambos cantores, além do baixista Marcelo Mariano, filho de seu primeiro casamento com a cantora Marisa Gata Mansa.


ÍNDICE

1. O início de tudo                                                                        4

2. Do jazz ao samba                                                                        5

3. MPIB – Música popular instrumental brasileira                                        5

4. O Legado                                                                                6

Referências                                                                                7


  1. O início de tudo

Antônio César Camargo Mariano nasceu em 19 de setembro de 1943 em São Paulo, SP. Aos 13 anos, ganhou um piano de seu pai, que era professor de música e começou a tocar de ouvido aprendendo de forma autodidata. Embora seu pai tenha tentado ensinar-lhe teoria musical, não foi bem sucedido.

Como relata o próprio artista em seu livro de memórias (MARIANO, 2011), Wlademiro Camargo, o pai, tinha formação pianística tradicional e costumava ouvir a música de Ernesto Nazareth e Chiquinha Gonzaga (1847-1935). Sua mãe, Maria Elisabeth de Camargo Rangel, costumava escutar emissoras de rádio locais e tinha preferência pela música norte-americana como, por exemplo, os cantores Tony Bennett, Bing Crosby e Frank Sinatra.

Mesmo sem instrução formal em música, tornou-se músico profissional aos 17 anos, sendo chamado por William Furneaux para integrar sua orquestra. O trabalho com a orquestra chamou a atenção de Cesar Camargo Mariano para uma lacuna em sua formação musical: a leitura e a escrita. Por não saber ler as partituras disponibilizadas pela orquestra, era necessário aprender tudo “de ouvido”, porém este método nem sempre era suficiente:

“Quando era algo complicado demais para pegar só no ouvido, eu precisava tirar a mão do teclado e deixar a orquestra seguir por dois ou três compassos” (MARIANO, 2011, p.83).

Sebastião Oliveira da Paz, o Sabá (1927-2010), um dos integrantes do grupo vocal "Os Modernistas", que também era contrabaixista na noite paulistana, apresentou o jazz a César Camargo Mariano.

“Conviver com Os Modernistas, com a música deles, e em especial como Sabá [membro do grupo] significou para mim uma mudança de cardápio musical. Minha mãe escutava muita música americana no rádio, Tony Bennett, Bin Crosby e Frank Sinatra. E meu pai adorava música de cinema, das peças da Broadway e clássica. Além disso, havia o choro e o samba, a música tradicional brasileira, trazida por nossos amigos músicos. No entanto, Os Modernistas nos introduziram na música brasileira mais moderna, uma música mais pop, presente na rádio, e particularmente o Sabá me apresentou ao jazz” (MARIANO, 2011, p.43).

A partir daí, ele passou a se interessar mais pela música instrumental, especialmente às improvisações: "Descobri Miles Davis e a mais nobre linhagem da música instrumental. Um mundo inteiramente novo". (MARIANO. p.44) Diferente do jazz representado pelas big bands de Hollywood da era do swing, caracterizados por grandes orquestras cujos arranjos não davam espaço para a improvisação, os estilos de jazz apresentados por Sabá representaram um nova perspectiva para Cesar Camargo Mariano.

  1. Do jazz ao samba

Cesar Camargo Mariano relata, em seu livro “Solo – César Camargo Mariano – memórias” um episódio ocorrido durante um show em uma boate paulistana, que ilustra bem o processo de inclusão do samba no seu repertório, até então estritamente jazzístico. A narrativa é de que, entre uma e outra música, lhe pediram para tocar “um sambinha”. Como, até então, o que ele tocava de samba era o que os americanos chamavam de samba, ele buscou em Errol Garner, seu ídolo, a sonoridade, que veio acompanhada de forte sotaque jazzista. Obviamente a acentuação em 4/4 não agradou nem os músicos, nem os ouvintes. Como medida desesperada, Cesar mudou a acentuação da mão esquerda, passando a acentuar o tempo fraco. Com a aprovação do público e dos companheiros, este passou a ser o “vocabulário” dele a partir de então, sem saber que estava criando uma escola.

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