A Antropologia - Van Gennep
Por: Miquéias Almeida • 28/6/2019 • Resenha • 1.176 Palavras (5 Páginas) • 276 Visualizações
UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DE PERNAMBUCO – UFRPE
BACHARELADO EM CIÊNCIAS SOCIAIS
TEORIAS ANTROPOLÓGICAS CLÁSSICAS
10 ABR.2019
DaMATTA, Roberto da. Van Gennep (1873-1957). In: ROCHA, Everaldo e FRID, Marina. (Ogs.). Os antropólogos: clássicos das ciências sociais. Rio de Janeiro: Vozes, 2015, p. 79-89.
“Entre seus trabalhos iniciais estão a primeira parte de sua dissertação, Totémisme à Madagascar, de 1904, resultado de sua extensa pesquisa etnográfica na recém-colônia da França, e Mythes et légendes d’Australie, de 1906, segunda parte na qual
organizou uma centena de mitos e lendas australianas traduzidas para o francês.” (p. 79)
“Os ritos de passagem continua sendo largamente utilizado e estudado, em pelo menos três sentidos. O primeiro e mais evidente é como base bibliográfica para análise dos ritos e das cerimônias. O segundo é como ponto de partida para a reflexão sobre o universo das relações sociais formalizadas entre os seres humanos, os grupos, os espaços e as posições sociais fixas. Finalmente, como uma fonte de inspiração teórica para o problema básico da natureza sociológica dos ritos e atos teatrais, essas ações que tornam a rotina se não suportável ou justa, pelo menos revestem-na com um certo toque de mistério, dignidade e elegância.” (p.79-80)
“[...] se os ritos não resolvem a vida social, sabemos que sem eles a sociedade humana não existiria como algo consciente, uma dimensão a ser vivenciada e não simplesmente vivida, como ocorre com os gestos do cotidiano.” (p.80)
“É neste trabalho que Van Gennep indica que a vida social pode ser vista como ritual, numa dialética entre rotinas e cerimoniais, repetições e inaugurações, homens e mulheres, velhos e moços, nascimentos e mortes, entre outras tantas. Assim, o mundo social se funda em atos formais cuja lógica tem raízes na própria decisão coletiva e nunca em fatos biológicos, marcas raciais ou atos individuais.” (p.80)
“Para os evolucionistas, o ritual não surgia como socialmente relevante, já que nem o domínio do social existia como algo independente, autônomo, constituindo uma área apropriada para a reflexão.” (p.81)
“Neste texto sobre Os ritos de passagem, Van Gennep estuda os rituais não como um apêndice do mundo mágico ou religioso, mas como algo em si mesmo. Como uma dimensão social dotada de certos mecanismos recorrentes no tempo e no espaço os quais possuem um conjunto de significados [...].” (p.84)
“[...] Van Gennep, naquele início do século XX, estava entre a visão de Durkheim – na qual a sociedade é um sistema coercitivo de regras penais e religiosas, com uma divisão interna entre o sagrado e o profano – e a visão vitoriana e mentalista de uma sociedade reduzida a mecanismos gerais, universais, vigentes no espírito dos seus indivíduos os quais resultavam no sistema político do Leviatã e no modo capitalista de produção. Usando uma metáfora simples, Van Gennep concebe o sistema social como uma casa: como um espaço compartimentalizado em salas, quartos, corredores, cozinhas e varandas por onde todos são obrigados a circular.” (p.84)
“O ritual seria um modo de relacionar partes da “casa” ou da sociedade lida como
tal.” (p.84)
“[...] os ritos, como o teatro, têm momentos invariantes, que mudam de acordo com o tipo de transição que o grupo pretende realizar. Se o rito é um funeral, a tendência das sequências formais será na direção de marcar a separação. Mas se o alvo for uma mudança de grupo (de clã, família, aldeia ou país) pelo casamento, comércio ou viagem, então as sequências tenderiam a dramatizar sua agregação ao novo grupo. Finalmente, se as pessoas ou grupos vivenciam períodos ou situações marginais (gravidez, noivado, doença, luto, e, sobretudo, iniciações), a sequência ritual investe nas margens ou na liminaridade, promovendo uma ênfase com o proibido, o silêncio, os resíduos e a marginalidade no seu sentido clássico daquilo que deve ser evitado ou que não tem forma definitiva.” (p.85)
“Em vez de privilegiar apenas o momento culminante do rito, como faziam seus contemporâneos, Van Gennep revela que o momento culminante nada mais é do que fase em uma sequência que sistematicamente comporta outros momentos e movimentos. A interpretação de uma fase é sempre parcial e, por vezes, enganadora, mas o estudo do momento anterior e do momento posterior é fundamental para o entendimento do ritual.” (p. 85)
“Ele viu a própria vida coletiva como sendo constituída de passagens e deslocamentos, quando as fases se resolviam dialeticamente entre si, com a anterior
sendo cancelada pela posterior e, ambas, finalmente, sendo resolvidas por uma síntese ou terceira fase, quando o mundo retorna ao seu curso rotineiro e normal.” (p.86)
“Gluckman,
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