A CIDADE é Uma só Direção de Adirley Queirós

A CIDADE é uma só? Direção de Adirley Queirós. Ceilândia: Ceicine, Cinco da Norte CEI, 400 Filmes, 2011. Mostra online Itaú Cultural.

Através de duas representações fílmicas simultâneas – o cotidiano dos personagens e a atualização crítica de materiais de arquivos oficiais -, o longa ‘’A cidade é uma só?’’ foca a sua atenção para a Campanha de Erradicação das ‘’Invasões’’ (CEI), ação que relocou a população de baixa renda do centro de Brasília para as conhecidas cidades-satélites.

As práticas sociais e os modos de viver dos personagens (Nancy, Dildu e Zé Antônio) estão intrinsecamente vinculados aos acontecimentos históricos expostos. O documentário tem a característica de enfatizar sempre realidades extremas desses protagonistas que estão interligados socialmente. Vemos o personagem fictício Dildu que representa os conflitos entre a parte central de Brasília e a periferia; a personagem Nancy que relata a utilização das crianças de escolas públicas para a criação das propagandas de erradicação das ocupações pelo governo; e o personagem Zé Antônio, que atua no comércio de lotes irregulares.

A partir das representações imagéticas do documentário, várias temáticas poderiam ser abordadas na disciplina de Processos Urbanos Contemporâneos, entre elas, o debate sobre a expropriação capitalista e o modelo da estrutura fundiária estabelecido nas cidades brasileiras.

É evidente que esses movimentos de desterritorialização ainda se perpetuam nas grandes cidades contemporâneas. Trazer essas questões é de fundamental importância para reconhecermos e entendermos que a mudança não acontece sem o papel da mobilização social e que a produção do espaço urbano é consequente de agentes que possuem relações de poder.