A Ciência como prática
Por: Nivison Junior • 17/6/2018 • Ensaio • 3.679 Palavras (15 Páginas) • 226 Visualizações
A ciência como prática: introdução ao debate epistemológico
Com a finalidade de enriquecer os conhecimentos sobre a ciência como debate epistemológico, foram realizadas leituras com base nos primeiros capítulos dos livros: O que é ciência afinal? De Alan F. Chalmers; e A Estrutura das Revoluções Científicas, de Thomas Kuhn. A leitura dos textos foram feitas em forma de resumo e recortes de ideias dos autores, com a finalidade de ajudar no processo de clareza dos conceitos.
Introdução e 3º capítulo do livro: O QUE É CIÊNCIA AFINAL? De Alan F. Chalmers
Segundo as ideias de Alan Chalmers, atualmente a ciência traz consigo perante a sociedade um respeito aos seus métodos, gerando confiabilidade aos seus fatos. Mesmo sendo causadora de desencantos devidos as consequências de seus achados culminarem em desenvolvimentos como bombas e outros tipos de armas, e por gerar poluição. Quando dizemos que um produto ou uma afirmação foi comprovada cientificamente, espera-se que esteja bem fundamentada e talvez incontestável, gerando confiança e/ou segurança para o seu interlocutor.
O autor relata que muitas áreas de estudo são descritas como ciências por seus defensores, presumivelmente num esforço para demonstrar que os métodos usados são tão firmemente embasados e tão potencialmente frutíferos quanto os de uma ciência tradicional como a física. Os marxistas tendem a insistir que o materialismo histórico é uma ciência.
Segundo Chalmers, alguns dos argumentos para defender a afirmação de que teorias científicas não podem ser conclusivamente provadas ou desaprovadas se baseiam amplamente em considerações filosóficas e lógicas. Outros são baseados em uma análise detalhada da história da ciência e das modernas teorias científicas. Tem sido uma característica do desenvolvimento moderno nas teorias do método científico que uma atenção crescente venha sendo prestada à história da ciência. O autor acrescenta que um dos resultados embaraçosos para muitos filósofos da ciência é que esses episódios na história da ciência – comumente vistos como mais característicos de avanços importantes, quer as inovações de Galileu, Newton e Darwin, quer as de Einstein – não se realizaram através de nada semelhante aos métodos tipicamente descritos pelos filósofos.
Uma reação à percepção de que teorias científicas não podem ser conclusivamente provadas ou desaprovadas e de que as reconstruções dos filósofos guardam pouca semelhança com o que realmente ocorre na ciência, sendo assim, é desistir de uma vez da ideia de que a ciência é uma atividade racional, que opera de acordo com algum método ou métodos especiais.
O autor cita alguns fatos da história sobre a filosofia da ciência, trazendo Francis Bacon como um dos primeiros a tentar articular o que é o método da ciência moderna. No início do século XVII, propôs que a meta da ciência é o melhoramento da vida do homem na terra e, para ele, essa meta seria alcançada através da coleta de fatos com observação organizada e derivando teorias a partir daí. Desde então, a teoria de Bacon tem sido modificada e aperfeiçoada por alguns, e desafiada, de uma maneira razoavelmente radical, por outros.
Explanação e levantamento histórico dos desenvolvimentos na filosofia da ciência constituiriam um estudo muito interessante. Por exemplo: seria muito interessante investigar e explicar a ascensão do positivismo lógico, que começou em Viena nas primeiras décadas deste século, tornou-se muito popular e que hoje ainda tem considerável influência. O positivismo lógico foi uma forma extrema de empirismo, segundo o qual as teorias não apenas devem ser justificadas, na medida em que podem ser verificadas mediante um apelo aos fatos adquiridos através da observação, mas também são consideradas como tendo significado apenas até onde elas possam ser assim derivadas. Existem, me parece, dois aspectos intrigantes da ascensão do positivismo. Um é que ele ocorreu numa época em que, com o advento da física quântica e da teoria da relatividade de Einstein, a física estava avançando espetacularmente e era muito difícil conciliá-la com o positivismo. Outro aspecto intrigante: já em 1934, Karl Popper em Viena e Gaston Bachelard na França tinham ambos publicado obras que continham refutações consideravelmente conclusivas do positivismo, e, no entanto, isso não diminuiu a maré do positivismo. De fato, as obras de Popper e Bachelard foram quase totalmente negligenciadas e receberam a atenção que mereciam apenas em épocas recentes. Paradoxalmente, na época em que A. J. Aver introduziu o positivismo lógico na Inglaterra com seu livro Linguagem, Verdade e Lógica, tornando-se um dos mais famosos filósofos ingleses, estava pregando uma doutrina da qual algumas deficiências fatais já haviam sido articuladas e publicadas por Popper e Bachelard.
O autor conclui sua fala na introdução com um velho provérbio que me fez refletir e demonstra minha situação atual: “Nós começamos confusos, e terminamos confusos num nível mais elevado”. A cada leitura eu sinto que estou mais confuso... elevando o nível de complexidade dos conceitos.
Já no capítulo III, o autor nos faz indagar o que é a observação? Conforme o escritor do livro, para o indutivista o sentido da visão é o principal instrumento de acesso à observação. Ressaltando esse fato, vale salientar dois recursos essenciais adquiridos através do sentido da visão: o primeiro é a existência de fatores e propriedades do mundo externo que serão registrados pelo cérebro, o segundo é que dois observadores normais também registrarão a mesma visão e também registrarão em seus cérebros essas informações.
Para refutar tal premissa, Chalmers cita “N. R. Hanson, ‘Há mais coisas no ato de enxergar que o que chega aos olhos’”, e anda utiliza uma figura de caráter geométrico, dentre outros exemplos, para demonstrar ao leitor que mais de um observador normal não tem necessariamente a mesma experiência visual.
As proposições de observação pressupõem a formação de teorias. Afirmações e experiências perceptivas vão moldando o raciocínio tanto indutivo como dedutivo. Uma vez que o indutivista desenvolve teorias de vários graus de generalidade e sofisticação, sua atenção é voltada para as proposições observadas, que por sua vez, são feitas a partir de uma linguagem simples e de alguma forma teórica. Porém, Chalmers avalia as proposições de observação como tão sujeitas à falha quanto as teorias que elas pressupões, tornando-as assim uma base não segura para construção de leis e teorias científicas. Para defender esse ponto de vista, ele se alicerça de numerosos exemplos, a saber. Todavia, ele afirma que essas proposições ainda têm importância para a ciência, o que está incorreto é o papel que o indutivista assume para elas.
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