A FISIOTERAPIA, PRINCÍPIOS E BASES CONCEITUAIS
Por: Lucas Paulo • 25/3/2018 • Dissertação • 6.050 Palavras (25 Páginas) • 1.091 Visualizações
- Risomar da Silva Vieira
- Institucionalização
- da
- Fisioterapia
- Um olhar sobre o processo histórico nos cenários internacional, brasileiro e paraibano
1º CAPITULO
CENÁRIOS DA FISIOTERAPIA NO PLANO INTERNACIONAL
O homem sente uma inclinação irresistível a se perguntar por suas origens. Todos os grupos nacionais, profissionais, ideológicos, têm a necessidade de explicar a procedência de seu país, de sua profissão, de sua ideologia. Da mesma forma, a fisioterapia necessita conhecer suas origens, esclarecer essa questão para saber até onde deve encaminhar seus passos.
Tomás Gallego Izquierdo[1]
1.1 A FISIOTERAPIA, PRINCÍPIOS E BASES CONCEITUAIS
No que tange a historicidade do termo fisioterapia observa-se, conforme já mencionado, dificuldades em encontrar fontes sobre o assunto. Contudo, o registro mais antigo do emprego do termo fisioterapia nos meios acadêmicos e profissionais foi encontrado em meados do século XIX. De acordo com o historiador da fisioterapia Thomas J. A. Terlouw, o termo foi utilizado em 1851, pelo médico militar Lorenz Gleich (1798-1865), da Bavária na obra Dr Gleich´s Physiatrische Schriten.[2]
Conforme essa fonte, portanto, o termo seria relativamente recente, mas o uso de agentes físicos nas práticas médicas é mencionado desde a antiguidade em publicações diversas. Dentre muitas obras referentes à medicina, apenas a título de ilustração, no tocante a utilização de modalidades físicas, existem tratamentos como o calor, o frio, e a água constatados em obras de Hipócrates, a exemplo dos Aforismos.[3]
Seria interessante também observar que de forma não acadêmica, no decorrer dos tempos, as populações fizeram uso de procedimentos terapêuticos semelhantes. A exposição à luz e ao calor, a prática das atividades físicas e o uso da água, principalmente na forma de banhos, sempre estiveram presentes nas indicações para a promoção da saúde do corpo, bem como no tratamento das enfermidades.
Essa práxis antiga, de caráter ‘intuitivo e empírico’ foi paulatinamente se transformando no decorrer do tempo até atingir o que constitui a fisioterapia.[4]
É visto por vários autores[5], que durante os séculos que a humanidade tem atravessado, os recursos físicos como a água e o calor, as massagens e os exercícios físicos foram aplicados largamente com finalidades terapêuticas.
A utilização da água como recurso terapêutico era indicada na forma de imersão em água quente e fria para tratar muitas doenças, incluindo espasmos musculares e doenças das articulações.[6]
Registros mostram o uso da eletricidade no tratamento das doenças, também desde a antiguidade. Para esse fim, utilizava-se de choque com o peixe elétrico.[7] Nesse particular, destaca-se a figura do médico Scribonius Largus, que foi o primeiro a recomendar os choques do peixe para a cura de cefaleias e nevralgias, no ano 46, a.C.[8]
A aplicação da eletricidade nos tratamentos se torna um procedimento mais frequente a partir do invento da primeira pilha por Alessandro Volta, em 1799. Foi a partir da pilha de Volta que se deu o desenvolvimento dos vários equipamentos utilizados na eletroterapia e no eletrodiagnóstico nos dias atuais.[9]
Dentre outros fatos a serem considerados a respeito da eletricidade como recurso terapêutico, encontra-se a sua aplicação para determinar contrações musculares; descoberta realizada pelo médico e físico Jean Jallabert (1712-1768). Além deste, outro que contribuiu com os estudos da contração muscular utilizando a eletricidade foi o também médico e físico italiano Luigi Galvani (1737-1798). A eletricidade como recurso terapêutico também foi objeto de estudo de Michael Faraday (1791-1867). E a partir das descobertas de Faraday na indução eletromagnética, Guillaune Duchenne (1806-1875) demonstrou os pontos de eleição para a estimulação muscular.[10]
De forma panorâmica, observa-se que os agentes físicos empregados nas intervenções fisioterapêuticas na atualidade, de alguma forma, constituem-se em derivações de experiências de épocas passadas.
Entretanto, a fisioterapia, em sua forma e conceitos modernos, só começa a se manifestar, de fato, após a Revolução Industrial com os acidentes de trabalho.[11] E, mais ainda, no decorrer do século XX, onde se apresenta dentro de marcos históricos como as duas grandes guerras mundiais. Esses episódios produziram um elevado número de óbitos como também as sequelas de guerra, que necessitavam de reabilitação motora e psíquica. Com isso, houve o favorecimento de condições para a criação de escolas, voltadas para a formação de profissionais que atendessem o grande contingente de vitimados, principalmente da Segunda Guerra Mundial, em países como Inglaterra e Alemanha.[12]
De maneira semelhante, enfermidades como a poliomielite e disfunções reumáticas e neurológicas, muito mais frequentes no ambiente moderno, intensificaram as ações da fisioterapia na reabilitação dos pacientes portadores de limitações motoras.
Esses fatos marcaram hegemonicamente a visão da fisioterapia como um conjunto de técnicas voltadas, sobretudo, para a prevenção terciária ou reabilitação, ficando os níveis primário e secundário sem maior visibilidade no que se refere à atuação fisioterapêutica.[13]
Em 1969, a Organização Mundial de Saúde (OMS), coloca que a fisioterapia é a arte e a ciência do tratamento físico por meio do calor, do frio, da massagem e da eletricidade. Entre os objetivos do tratamento figuram o alívio da dor, o aumento da circulação, a prevenção e correção de incapacidades e da recuperação máxima da força, da mobilidade e da coordenação.[14]
Nessa direção a Confederação Mundial de Fisioterapia descreve:
A fisioterapia presta serviços a indivíduos e populações para desenvolver, manter e restaurar o movimento máximo e habilidade funcional. Isso inclui prestação de serviços em circunstâncias onde o movimento e a função estão ameaçados pelo envelhecimento, danos físicos, enfermidades ou fatores ambientais.
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