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A HOMOGENEIZAÇÃO DA CULTURA NA ESCOLA REFLETE A MARGINALIZAÇÃO DOS “DIFERENTES”

Por:   •  22/6/2020  •  Trabalho acadêmico  •  3.249 Palavras (13 Páginas)  •  411 Visualizações

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Antropologia, e os desafios culturais dentro da sala de aula:
A homogeneização da cultura na escola reflete a marginalização dos “diferentes”.

Julie Anne Dornelas da Silva
Me. Marcelo Reges

Resumo: Apesar da diversidade cultural ser uma característica essencial das sociedades, ela é sempre reprimida nos seus mais diversos aspectos, e um desses  é o ambiente escolar.  Dessa forma, o questionamento em torno dessa temática se faz necessário. Com isso, as análises teóricas acerca dessas diversidades se tornam necessárias para a construção de conhecimentos e provocação de consciência acerca do vínculo entre esses dois elementos, escola e cultura, e como isso afeta todos os envolvidos no contexto. Dessa forma, com o intuito de observar as interferências da negligência prática das diferenças dentro da sala de aula, faremos uma pesquisa bibliográfica como método de análise dos dados.

Palavras-chave: Diversidade Cultural; Escola; Educação.

Introdução

De qual forma  ignorar as diversidades culturais nos currículos escolares pode influenciar no desenvolvimento da criança, que está na situação de aluno, dentro de um ambiente multicultural que é a sala de aula? Como objetivo principal dessa pesquisa, pretende-se compreender por que formas a homogeneização da cultura na educação escolar pode atrapalhar o desenvolvimento da criança e sua compreensão posterior das diferenças.

Visando atingir o objetivo geral, alguns objetivos específicos devem ser requeridos, entre eles: Traçar um panorama histórico tanto da visão da antropologia, quanto da construção da educação escolar; realizar levantamento de dados teóricos acerca de tais práticas a fim de confirmar ou não nossas hipóteses; destacar conceitos importantes para a compreensão do questionamento

Os currículos escolares ao menos em seu discurso teórico, atende as questões de multiculturalismo, técnico. Mas, na prática o que se pode observar, é a homogeneização de comportamentos aceitáveis socialmente; não levando em conta a complexidade e diversidade de relações sociais e culturais apresentadas no cotidiano dessas crianças atendidas pelo sistema escolar no país.

A fim de provocar a sociedade a uma consciência coletiva, pergunto: como nós temos pensado as relações culturais dentro das escolas de nossos filhos e filhas? Quais caminhos têm sido traçados dentro dos ambientes escolares para o desenvolvimento cultural dessas crianças? Ou negligenciamos esse fato?

E a partir desses questionamentos, que podemos desenvolver nossa pesquisa, encontrando em um recorte desse imenso campo, alguns pontos importantes que ajudam na construção dessas realidades da educação social e cultural.

Através de um olhar antropológico, visando a análise de fatores que compõem a constituição da educação, pretende-se questionar as práticas curriculares desenvolvidas dentro dos ambientes escolares, e como tais influenciam para o desenvolvimento social dos alunos legitimando paradigmas culturais nessas sociedades.

Para construir uma escola democrática, precisa-se ir além do que dar oportunidades iguais para pessoas diferentes, é necessário que pensemos a escola em acordo com seu contexto, e que pensemos a integral formação do ser, político, histórico, cultural, trabalhador e participante ativo de sua ação humana. Como já pontuado na justificativa, nosso trabalho busca analisar as práticas dos atores sociais dentro do ambiente escolar, a fim de compreender como elas influenciam na formação de significados da educação e da cultura dos alunos.

 “A escola cria suas próprias desigualdades, a economia cria suas próprias desigualdades, a cultura cria suas desigualdades, a política cria suas desigualdades... As desigualdades de cada um desses domínios podem e precisam ser combatidas. Mas há desigualdade e injustiça novas quando as desigualdades produzidas por uma esfera de justiça provocam automaticamente desigualdades em outra esfera. Assim, desigualdades de renda causam desigualdades na esfera da escola, da cultura, da política, da saúde e também da beleza... Desse ponto de vista, um sistema justo é aquele que assegura uma certa independência entre as diversas esferas.” (DUBET, 2004, p. 549-550)

E para isso, seguiremos certa caminhada metodológica que consta de pesquisa bibliográfica. A pesquisa bibliográfica vai nos garantir um arcabouço teórico. E esse tipo de estudo, segundo Triviños (1987), denomina-se estudos exploratórios.

 “Os estudos exploratórios permitem ao investigador aumentar sua experiência em torno de determinado problema. O pesquisador parte de uma hipótese e aprofunda seu estudo nos limites de uma realidade específica, buscando antecedentes, maior conhecimento para, em seguida, planejar uma pesquisa descritiva ou de tipo experimental. Outras vezes, deseja delimitar ou manejar com maior segurança uma teoria cujo enunciado resulta demasiado amplo para objetivos da pesquisa que tem em mente realizar.” (Triviños, 1987, p.109)

Com isso, a pesquisa bibliográfica vem contribuindo a fim de delinear teoricamente essa caminhada para alcançar os conhecimentos necessários. Usamos essa metodologia de estudos; fazendo um levantamento literário minucioso sobre cada aspecto considerado essencial a compreensão do tema.

Segundo alguns conceitos sociológicos, as sociedades modernas que fazem parte do mundo civilizado hoje estão fazendo história com suas grandes e rápidas transformações. A humanidade desta década em muitos aspectos não tem mais nenhuma conexão com as passadas. O mundo está cada dia mais globalizado, e nessa mesma vertente, há uma constante busca pela singularidade. Ao mesmo tempo em que procuramos ser únicos, parecemos buscar ser o mesmo que o outro. E onde estão sendo produzidos esses pensamentos e ações? Em todos os meios de comunicação da(s) sociedade(s); inclusive dentro do ambiente escolar. Mas será que estamos preparados enquanto comunicadores responsáveis por intermediar conhecimentos, para apresentar essas mudanças dentro das escolas?

A antropologia, como ciência da modernidade, coloca seu aparato teórico construído no passado, com possibilidade de, no presente, explicar e compreender os intensos movimentos provocados pela globalização: de um lado, os processos homogeneizantes da ordem social mundial e, de outro, contrariando tal tendência, a reivindicação das singularidades, apontando para a constituição da humanidade como una e diversa. (GUSMÃO, 2008, p. 48)

A necessidade de relacionar a ciência que examina as culturas com a produção dos currículos escolares é essencial para a socialização desses temas dentro das salas de aula. Em vários aspectos do senso comum, os saberes antropológicos não fazem sentido, por desconhecerem o que são. E essa falta de conhecimento acerca de tais saberes será uma das maiores dificuldades para o desenvolvimento da antropologia dentro de um ambiente escolar primário ou secundarista.

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