A Ira De Um Anjo
Por: Fernanda_correa • 3/9/2017 • Resenha • 1.386 Palavras (6 Páginas) • 5.286 Visualizações
Relatório – A Ira de Um Anjo
O vídeo relata o impacto dos abusos na vida de uma criança e o quanto isso afeta sua personalidade e seu agir ao longo não só de sua infância, mas os prejuízos que isso pode levar à sua vida adulta. Para isso, é nos mostrado o caso da menina Beth, de 6 anos e meio, que, junta de seu irmão mais novo Johnatan, sofreu nas mãos de seu pai biológico nos seus primeiros anos de vida, até conseguir encontrar apoio com seus futuros pais adotivos.
O vídeo inicia com os gritos da garota de “Quero te matar, mamãe!”, que dão a tônica da quantidade de raiva reprimida que há nela. Em seguida, é iniciado o diálogo dela com seu terapeuta em que ela, com uma naturalidade enorme, relata as agressões físicas que pratica com o irmão e que gostaria de fazer com os pais. Chama atenção também o fato de que ao afirmar que seu irmão tem medo dela, parece se divertir, apresentando um leve sorriso no rosto.
Da forma descontextualizada como é apresentada no início, os relatos da garota chocam ainda mais, tendo em vista que não há nenhuma informação sobre ela. Contudo, após esse momento inicial, somos apresentados a alguns fatos sobre sua história de vida e passamos a entender o porquê dela agir desse modo. Perdeu sua mãe quando tinha pouco mais de um ano, após isso, foi criada de forma negligente pelo seu pai, além de ter sido abusada sexual e fisicamente por ele.
Isso tudo, tornou-a incapaz de amar ou de aceitar o amor, além de transformá-la em alguém sem consciência e que pode ferir ou matar sem remorso, conforme seus desejos para os que estão mais próximos a ela. O impacto desses abusos para a sua personalidade ficam claros ao responder a pergunta do seu terapeuta sobre o porquê de querer ferir as pessoas, ao que afirma: “Porque eu fui tão machucada que não quero ficar perto das pessoas.”.
O inferno no qual ela e seu irmão viviam, começou a mudar quando foram adotados por um casal de pastores metodistas, que ao perceberem os sinais de abusos físicos e os vários indícios de maus tratos, descobriram sobre o passado deles. Embora tenham dedicado seu amor aos dois, isso não foi capaz de suprir a raiva reprimida pela Beth, que tinha surtos constantes de violência, além de manter uma conduta sexual super desenvolvida para a sua idade.
Os estupros que sofreu do seu pai biológico, além da negligência com a qual foi criada, explicam essas condutas. Apesar de manter essa atitude, ainda assim mantém a mentalidade de criança ao, por exemplo, dizer que ele “não foi muito legal comigo” em referência aos estupros de seu pai, além de se representar chorando ao desenhar o que ele fazia com ela, além de relatar sentir muito medo.
Uma coisa triste de ser observada, é o círculo de ódio que o que ela sofreu enseja. Uma vez que os abusos sofridos por ela a levaram a um estado em que não foi capaz de desenvolver consciência, amor ou confiança por ninguém, pratica no irmão abusos parecidos com os que sofreu do pai. Afirma, sem remorso, que belisca, aperta e chuta a bunda e o pênis dele, tendo consciência de que o machuca, tendo em vista os constantes pedidos dele para que ela pare. Além disso, afirma querer fazer o mesmo com outros garotos.
Além do desejo de machucar os outros, também tem o hábito de machucar a si mesma. O que a fez desenvolver o costume de masturbar-se frequentemente (diariamente, segundo os próprios relatos, confirmados pela mãe), inclusive em lugares públicos. Essa conduta masturbatória é tão ofensiva para si, que teve de parar, pois sua vagina começou a sangrar o que a levou a um médico a fim de dar um jeito nisso.
Essa falta de consciência, levou ao desenvolvimento também de uma postura até certo ponto cínica nela. Dois casos em particular mostram isso.
O primeiro deles é relativo à sua conduta com os animais. Em relação a eles, afirma ter o mesmo desejo que manifesta quanto o irmão, feri-los com o intuito de matá-los, para isso, usa de agulhas. Ao ser confrontada pelo terapeuta com uma história relatada por sua mãe sobre passarinhos bebês que teria matado, passa muito tempo afirmando não se lembrar muito bem do que aconteceu, e de não tê-los matado. Em seguida, fala que os apertou e que eles morreram, fingindo que a culpa não foi dela.
Outro caso que mostra esse lado, diz respeito a algumas facas que desapareceram em sua casa. Apesar de sua mãe ter desconfiado, não a confrontou, mas em seguida, ela mesma, com um sorriso malicioso, sugeriu que poderia ter sido ela quem as pegou. Ao relatar isso para o terapeuta, admitiu tê-las pegado, mas logo em seguida disse não saber onde elas estavam.
Num último caso extremo, em que tentou matar o irmão batendo sua cabeça contra o chão, disse sobre isso que não poderia parar enquanto o fazia, só tendo interrompido tal ato ao escutar passos da cozinha e ter sido retirado à força de cima dele pela mãe. Devido a isso, após a avaliação psicológica, foi afastada da família e levada a um Centro onde ficou em tratamento com outras crianças que também representavam um risco para si mesmas e para aqueles que estavam ao seu redor. Esse risco se dá, pois são incapazes de se importar, de amar e por isso são capazes de qualquer coisa.
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