A Psicologia Social em Ciências Sociais
Por: Bruno Pizzi • 9/10/2018 • Resenha • 1.260 Palavras (6 Páginas) • 106 Visualizações
Considerar o campo desta maneira implica fazer uma escolha sobre a delimitação do
objeto, das vertentes psicológicas que serão priorizadas. De saída, pretendemos estudar o
envolvimento teórico-prático de uma linha da psicologia com a transformação social, bem
como o impacto destas formulações nas organizações e nas lutas sociais. Fizemos a opção por
estudar uma psicologia do maior centro de produção da disciplina – por seu impacto mundial
–, mas ao mesmo tempo, uma psicologia, em algum nível, engajada na transformação das
relações de dominação. Portanto, esta não será uma psicologia hegemônica, mas uma
psicologia que estará participando de uma luta social a partir do centro imperialista, servindo
de esteio teórico à formulação de rumos de modificação, mas compartilhando algumas das
principais diretrizes do pensamento hegemônico. Por estes motivos elencamos a psicologia
Funcionalista, principalmente a partir das formulações de John Dewey. A tentativa será a de
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demonstrar os princípios da obra deste autor, que não se limita ao campo da psicologia, mas
trabalha de forma orgânica em outras áreas do conhecimento, como a pedagogia, a filosofia e
a política. Este autor não é indiferente ao desenvolvimento histórico da sociedade moderna.
Pelo contrário, procura fazer uma leitura sistemática da realidade para apontar as contradições
sociais crescentes, além de propor um modelo de intervenção para superar os problemas e
conduzir a sociedade a uma conformação mais justa. É interessante marcar que o período em
que se situa a obra de Dewey corresponde ao momento de individualização do fenômeno
psicológico – sobre o qual o autor se pronuncia inequivocamente – além de compreender
alguns dos eventos mais marcantes da vida política e econômica estadunidense e mundial.
Não é nossa intenção aqui equacionar direta e inevitavelmente o desenvolvimento
das abordagens psicológicas com a progressão do domínio econômico-político, como se elas
estivessem a pleno serviço desta ordem. Pelo contrário, nos cabe apontar que em
determinados momentos há um teor oposicionista destas concepções psicológicas. Não são
abordagens que se colam diretamente aos ideais liberais mais conservadores. Mas, apesar
disso, mesmo sua posição contrária traz consigo os horizontes da intervenção. Podemos
apontar de forma preliminar que a posição política que prevalece nas concepções de Dewey é
a social liberal e próxima à da social-democracia. Não que ele pusesse uma sociedade
socialista ou comunista em seu horizonte longínquo, mas ele busca uma utopia democrática
liberal a ser alcançada progressivamente e, quando realizada, permitiria ao indivíduo uma
“segurança material” que permitiria a plena expressão dos caracteres individuais. A liberdade
não é algo que a sociedade moderna tenha alcançado definitivamente, mas algo que se
atualiza constantemente e que progressivamente alcança patamares superiores.
Substancialmente, Dewey fará uma contraposição às concepções liberais clássicas que viam o
indivíduo em sua abstração e afastado das determinações oriundas de suas relações sociais.
Contra o Estado como mero garantidor das condições mínimas de empreendimento, Dewey
defende que o Estado deve intervir, por meio de seus representantes, como provedor de
algumas condições para que as liberdades individuais sejam de fato – e não apenas
formalmente – asseguradas.
As concepções psicológicas podem não se aproximar inevitavelmente das questões
políticas, econômicas e sociais, mas em alguns momentos, como na filosofia pragmatista e na
psicologia funcionalista há indícios de que isto está a ocorrer. Estas duas concepções – a
científica, psicológica, e a filosófica – representam, neste momento, uma tentativa de
ultrapassar os referenciais mentalistas e atomistas próprios da psicologia wundtiana e,
principalmente, da estruturalista. Nesta tentativa, ao enfatizar a noção de conduta, apontam
para um afastamento dos conteúdos mentais, na medida em que as crenças não são tomadas
como conteúdos, mas como regras para a ação. Estas fazem sentido na medida em que
fortalecem uma conduta – aspecto exterior – e não na medida em que tem uma existência
mental intrínseca. Neste sentido, o modelo Funcionalista seria um intermediário entre a vida
psíquica definida por seus elementos – o modelo estruturalista – e o objeto psicológico
tomado como pura externalidade – a via behaviorista, num total rechaço à vida mental, em
qualquer uma de suas manifestações.
O pragmatismo, tal como formulado por James (2006) propõe uma crítica ácida ao
racionalismo, à doutrina da preponderância da capacidade racional sobre a atividade geradora
de efeitos benéficos imediatos. É importante aproximar este movimento nas concepções
filosóficas
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