A Resenha do livro "Escola e democracia" de Dermerval Saviani
Por: Julindia • 22/10/2017 • Resenha • 2.926 Palavras (12 Páginas) • 1.140 Visualizações
Instituto Federal de Goiás – Campus Formosa
Curso: Ciências Sociais
Disciplina: Didática
Docente: Anderson dos Anjos
Julindia Oliveira Muniz[1]
Resenha do livro: SAVIANI, Demerval. Escola e Democracia. 32. ed. Campinas, SP: Autores Associados, 2008. - (Coleção contemporânea).
Nascido em santo Antônio de Posse em 25 de dezembro de 1943 em São Paulo, graduou bacharel e licenciatura em filosofia no ano de 1966. Lecionou em várias escolas desde 1967 até em 1971 antes de passar em concursos. Em 1971 obteve título de doutor em filosofia da educação, e logo em 1986 obteve o título de livre-docente em História da educação. Contudo, Saviani tem 24 trabalhos publicados na forma de livros, 57 capítulos de livros, 62 artigos, 145 revistas nacionais e internacionais, 48 teses de doutorado e etc. Atualmente é professor emérito da Unicamp e coordenador geral do grupo Nacional de estudo e Pesquisas "História, Sociedade e Educação no Brasil" (HISTEDBR).
O livro “Escola e Democracia” encontra-se dividido em quatro capítulos. Primeiro, “As teorias da educação e o problema da marginalidade”. O segundo, Escola e democracia I, “A teoria da curvatura da vara”. Terceiro, Escola e Democracia II, “Para além da teoria da curvatura da vara” e o quarto, é apresentado as “Onze teses sobre educação e política”. Contudo, Saviani no decorre dos capítulos nos apresenta de forma clara e critica os métodos pedagógicos aplicados na escola tradicional, nova e Tecnicista e as propostas e funcionalidade dessas escolas em relação a correção e superação da marginalidade, estendo maior ênfase para a escola tradicional e nova para que seja possível entendermos a proposta Pedagogia Histórico–Crítica pensada por Saviani para a superação da realidade a qual estamos inseridos.
A partir do dado levantado por Tedesco pontuando a quantidade de indivíduos alfabetizados e os que ainda não tem acesso à escola, Saviani faz uma análise e emprega diversas questões com intuito de esclarecer o posicionamento das Teorias da educação diante a marginalização. Para melhor entendimento, Saviani divide as teorias em dois grupos. O primeiro grupo são as “teorias-não-criticas” (Pedagogia tradicional, pedagogia nova, e a pedagogia tecnicista). O segundo grupo é tido pelo autor como teorias “crítico-reprodutivista” estratificada em teoria do sistema de ensino como violência simbólica, teoria da escola como aparelho ideológico de Estado(AIE) e teoria da escola dualista.
Na análise de Saviani o primeiro grupo objetiva a educação como instrumento de correção da marginalidade na sociedade. Aqui, segundo o autor, a essência da sociedade é a harmonia. Para esse grupo, a marginalidade é um desvio e surgiu de forma acidental na sociedade e na vida de certa quantidade de indivíduos. Entretanto, essa condição de marginalizados o excluiu da sociedade, e para sua reintegração ao grupo social e superação do problema da marginalidade é necessário uma correção atribuída pela educação.
Saviani relata que a escola tradicional surgiu no século XIX e seu lema era aprender, e foi uma pedagogia revolucionaria burguesa com a concepção pedagógica focalizada na busca da essência do homem, e para isso é necessário o desenvolvimento do intelecto do indivíduo através da memorização do conteúdo. E as vertentes da pedagogia tradicional, é leiga e religiosa. Sendo o professor detentor do conhecimento fica a seu serviço no interior da escola a responsabilidade de formar o aluno por meio moral e intelectual através da transferência de conhecimento com exercimento de autoritarismo. Contudo, a escola tradicional passou por diversas críticas que afirmavam que somente parte dos indivíduos que ingressavam nela é que conseguiam se sucederem. Diante disto, foi fundada a escola nova.
A escola nova segundo Saviani, em contraposição a escola tradicional veio com propósito de uma renovação no ensino. Com discurso ideológico de inclusão para implantar uma democracia educacional. A escola nova veio a surgir no final do século XIX e seu lema era aprender a aprender por meio de uma educação fundamentada em pesquisa onde os alunos era o centro dos processos de adquirimento do conhecimento escolar. Os alunos deveriam observar os fatos e objetos, e após conhece-los caberia os mesmos através do construtivismo e pragmatismo, construir seu próprio conhecimento para enfim superar a exclusão e sair da condição de marginalizados.
De acordo com as ponderações de Saviani, a escola tecnicista que surgiu no final do século XX com pressuposto de neutralidade cientifica baseada em princípios de racionalidade, é composta por um modelo empresarial que visa em seu objetivo adequar o aluno ao requisito da sociedade industrial e tecnológica, e o planejamento pedagógico de decisão de meios fica sobre responsabilidade de especialistas, e alunos e professores ocupará uma posição secundaria que será a de executores. Saviani relata que na pedagogia tecnicista o ensino é ministrado com o objetivo de produzir especialistas capacitados, aptos, e competentes para o mercado de trabalho. Saviani discorre que na pedagogia tecnicista a marginalidade não é identificada com a ignorância e sim com a incompetência, ineficiência e improdutividade que é considerado uma ameaça ao sistema. Superando a marginalidade o indivíduo terá alcançado a equalização social e sua sustentação teórica, (...)” desloca-se para a psicologia behaviorista, a engenharia comportamental, a ergonomia, informática, cibernética, que têm em comum a inspiração filosófica neopositivista e o método funcionalista.” (Saviani,2008, p,12) Contudo, o importante é aprender a fazer.
Saviani considera que o segundo grupo compreende que a condição em que se encontra a sociedade está condicionada pela divisão de classes (...) “marcada pela divisão entre grupos ou classes antagônicas que se relacionam a base de força” (...) (Saviani. Pág.4). Sendo assim, a marginalidade é tida como característica essencial da sociedade, pois a marginalidade surgiu com o surgimento da dominação que dividiu a sociedade devido a apropriação das forças produtivas, com isso a educação surge como reforçadora da marginalidade sendo que, ela está integrada e atua de forma dependente a classe que detém o poder das forças produtivas, assim sendo, o papel da educação é causar e legitimar a marginalidade.
De acordo com Saviani “a teoria do sistema de ensino como violência simbólica” está desenvolvida na obra “A Reprodução: elementos para uma teoria de sistema de ensino” de P. Bourdieu e J.C Passeon (1975).
Saviani discorre que para esses autores os grupos marginalizados são as classes proletariado. E são marginalizados por não terem força material e força simbólica, e a educação ao invés de combater a marginalidade ela atua como reforçadora. Com isso, Saviani diz-nos;
Vê-se que o reforço da violência material se dá pela sua conversão ao plano simbólico em que se produz e reproduz o reconhecimento da dominação e de sua legitimidade pelo desconhecimento (dissimulação) de seu caráter de violência explícita. Assim, à violência material (dominação econômica) exercida pelos grupos ou classes dominantes sobre os grupos ou classes dominados corresponde a violência simbólica (dominação cultural).
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