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A Usina de Belo Monte e os estudos culturais

Por:   •  25/2/2018  •  Dissertação  •  925 Palavras (4 Páginas)  •  330 Visualizações

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Lucas Cerqueira Coelho

O caso da Usina de Belo Monte e os estudos culturais

Salvador

2017

O seguinte texto tem por escopo promover a reflexão quanto aos estudos culturais e os problemas atuais que afetam as culturas, como o caso da construção da usina de Belo Monte e a questão indígena. Os estudos culturais surgem em meados da década de 1950 com o intuito de promover a análise da cultura social moderna. Devido a interação de diversas disciplinas para a compreender a diversidade cultural da sociedade, percebe-se que os estudos culturais não se limitam a uma disciplina isolada, mas a uma área interdisciplinar e que reúne elementos de diversos ramos de estudos. Em decorrência dessa amplitude dos estudos culturais, é possível discutir a questão emblemática da construção da Usina de Belo Monte e seus reflexos na vida indígena, atrelando aspectos históricos, geográficos, sociais, políticos que poderão provocar uma grande modificação na forma de viver dos povos que dependem dos recursos naturais para sobreviver e perpetuar a sua cultura, e que diante da invasão e desrespeito aos limites dos espaços culturais serão estes povos diretamente afetados com a conclusão das obras da usina.

A construção da usina de Belo Monte foi iniciada em 23 de junho de 2011 ao longo do Rio Xingu. Essa obra provocou diversas discussões quanto aos impactos ambientais por ela causados, principalmente no que diz respeito às comunidades indígenas que vivem próximo ao rio e dele necessitam. Há de se levar em conta, que a construção de uma usina hidrelétrica em um rio, abre a possibilidade de grandes impactos serem sofridos pela natureza, como a seca do rio, além de morte de espécies animais que por ali habitam e do desmatamento da floresta que circunda a área da construção da usina. Indígenas afetados pela construção da hidrelétrica, por meio de uma carta delataram aos brasileiros e comunidades internacionais os problemas que seriam provocados com o início da obra, percebe-se um pedido de socorro por esses povos habitantes da região afetada.  A carta revela um pedido de respeito à história indígena, ao povo que ali habita, às terras, às crianças, aos rios, além do pedido de resguardar a natureza de problemas que poderá emergir no futuro em decorrência da sua destruição hoje. Com a impossibilidade de navegar pela região da obra, comunidades terão suas vidas completamente modificadas, pois precisarão serem realocados em outras áreas, pondo fim a uma tradição que marca à comunidade.

Diante da divulgação da carta pelos “Indígenas do Xingu”, percebe-se que a luta desse povo se dá pela tentativa de preservar os costumes, os hábitos daqueles que ali vivem e que mais uma vez, assim como na colonização brasileira, tem sido expurgado do seu habitat, sem qualquer consideração à cultura da comunidade estabelecida ali. Apesar da diversidade cultural do Brasil, ela não é respeitada, e os interesses de um determinado grupo étnico ainda prevalece em detrimento de outros, como é este caso da Construção da Usina de Belo Monte, que se mostra totalmente favorável aos habitantes da cidade, sem levar em conta os reflexos na vida indígena. Nota-se assim a figura do etnocentrismo, a partir do momento que o “povo branco”, por achar que possui mais direitos e necessitarem cada vez de mais conforto, destrói a natureza e o “povo indígena”, não respeitando os diferentes hábitos e desconsiderando a necessidade da pesca, navegação, caça deste povo. Dessa forma, uma identidade cultural está sendo destruída, no momento em que as crianças de hoje, não viverão as mesmas histórias de seus antepassados e assim os laços que o identificam naquela comunidade podem ser enfraquecidos e o sentimento cultural não tão valorizado. O multiculturalismo no Brasil tem perdido o valor, e algumas culturas estão sendo erradicadas em detrimento de outras, não havendo o respeito e tolerância à essa diversidade cultural.

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