A Vida de Laboratório
Por: guiollvr • 3/11/2021 • Dissertação • 563 Palavras (3 Páginas) • 218 Visualizações
Universidade Estadual do Maranhão
Ciências Sociais Bacharelado
Guilherme Oliveira e Oliveira
Resumo do texto do 2º Capítulo da obra A Vida de Laboratório
Bruno Latour
Steve Woolgar
São Luís
2021
LATOUR, Bruno. Visita De Um Antropólogo Ao Laboratório. In: LATOUR, Bruno; WOOLGAR, Steve. A Vida de Laboratório: A Produção de Fatos Científicos. Rio de Janeiro: Relume Dumará, 1997. p. (35 – 92).
“O antropólogo que pela primeira vez penetra em seu campo de pesquisa, o laboratório, está convencido de que poderá dar sentido aquilo que observa e registra, bastando para isso aplicar um princípio sobre o qual se baseia todo trabalho científico. Esse observador ideal arrisca-se a ficar firmemente abalado em sua fé na possibilidade de sistematizar e dar ordem às suas observações, porque será desarmado pelos usos e costumes da tribo em questão, entre a qual, ao que tudo indica, reina a confusão, senão o mais total absurdo.” (LATOUR) p. 35.
Neste capítulo em específico os autores narram as observações por eles colhidas sobre o cotidiano de profissionais envolvidos no dia-a-dia do laboratório do professor Roger Guillemim, Prêmio Nobel de Medicina em 1978, no Instituto Salk de San Diego, Califórnia, EUA, e apresentam uma tipologia sobre enunciados encontrados com frequência em artigos científicos. E que, embora possa ter um contexto científico mais natural, ainda pode ser embutido ao que se condiz as relações sobre a antropologia e os estudos antropológicos.
Ao por em foco a abordagem antropológica presente na obra, os autores também se dispõem a discutir sobre a pertinência as implicações teóricas de estudo etnográfico sobre a atividade científica. Logo, entende-se que a Ciência não se distingue de outras práticas sociais. E embora não haja essa distinção, ainda há chances de se observar um estranhamento sobre o objeto a ser estudado.
Latour e Woolgar iniciam a observação em laboratório guiados por uma desconfiança metodológica sobre os eventos que têm oportunidade de presenciar. O estranhamento acentua-se em um trecho do texto:
...que diabo essa gente está fazendo? De que estão falando? Para que servem essas divisórias, esses tabiques? Por que esta sala está mergulhada na semiobscuridade, enquanto as bancadas estão fortemente iluminadas? Quem são esses animais que guincham nas gaiolas? (LATOUR) p. 35.
Ambos os autores falam da noção de Inscrição Literária na obra, de acordo com eles, a inscrição literária Diz respeito aos procedimentos de materialização dos objetos de estudo da Ciência através de traços, pontos, gráficos, mapas, espectros, fotografias ou números produzidos por aparelhos manipulados – denominados inscritores – no sentido de formalizar literariamente os fenômenos que servirão posteriormente de matéria-prima para a elaboração dos enunciados científicos.
Sobre a Inscrição Literária, Latour afirma que:
O observador experimenta um sentimento de alívio: afinal, a vida do laboratório não é tão absurda quanto lhe parecera à primeira vista. Tudo chega mesmo a indicar que as capacidades de inscrição dos aparelhos, a mania de marcar, de codificar e de fichar assemelham-se muito com as qualidades exigidas das pessoas que exercem uma profissão literária: saber escrever, persuadir e discutir. O observador consegue dar sentido às atividades mais obscuras – à do técnico que tritura cérebros de ratos, por exemplo, porque agora ele sabe que a finalidade última de toda essa atividade pode ser um esquema ao qual é conferido um grande valor. (LATOUR) p. 45.
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