Apologia da História ou o ofício do historiador
Por: nettojalv30 • 15/6/2015 • Resenha • 1.917 Palavras (8 Páginas) • 289 Visualizações
BLOCH, Marc. Apologia da História ou o ofício do historiador. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 2001.
APRESENTAÇÃO
Marc Bloch foi um renomado historiador francês que se destacou por ser um dos fundadores da Escola dos Annales, juntamente com Lucien Febvre. Buscaram se opor à historiografia positivista que privilegiava a análise política, propondo uma história crítica analítica.
Nascido no dia 6 de julho de 1886, na cidade de Lyon, França, o judeu Marc Léopold Benjamim Bloch era filho do Professor de História Antiga Gustave Bloch.
Em 1939, a guerra tomou conta da Europa e os nazistas invadiram a França. Marc Bloch chegou a militar na resistência francesa, mas foi capturado e torturado pela Gestapo. Morreu fuzilado no dia 16 de junho de 1944.
Foi um dos grandes responsáveis por importantes inovações no pensamento histórico. Defendeu o abandono de sequências pouco úteis de nomes e datas e estimulou uma maior reflexão sobre a relação entre homem, sociedade e tempo na construção da História.
O livro Apologia da história ou o ofício de historiador, não foi finalizado devido à morte do autor. Na introdução do livro o Bloch mostra que um historiador não deve necessariamente seguir seus mestres, mas criticá-los no que achar necessário. Deve mostrar que o progresso dos estudos é feito com a contradição entre as várias gerações de investigadores.
No livro, o autor tenta responder a uma pergunta aparentemente simples e “ingênua”, uma pergunta de criança: para que serve a História? Essa é a grande problematização do livro, escrever tanto para leigos como para acadêmicos.
CAPÍTULO I – A história, os homens e o tempo
1. A escolha do historiador
Neste tópico, Bloch fala sobre os obstáculos existentes na pesquisa histórica, como em não definir cuidadosamente o tema para melhor o expor, e de que devemos compreender e não julgar a história, e que sobre a sua pesquisa o historiador deve escolher um ponto particular que tenha mais ferramentas para trabalhar.
2. A história e os homens
Já neste tópico, Bloch faz críticas a velhos analistas que narravam de forma desorientada os acontecimentos. O autor também dá um exemplo de um acontecimento que envolve várias disciplinas para compreender o fato totalmente, e coloca a história como serviço de interdisciplinaridade.
3. O tempo histórico
Bloch afirma que o historiador é influenciado no seu tempo histórico e pela sociedade em que vive, que o historiador deve analisar os grandes fatos, mas também saber os efeitos e os impactos desses fatos no seu tempo histórico. O autor ainda fala que o historiador deve ser imparcial aos
acontecimentos a sua volta, e chama a atenção para as datas dos acontecimentos históricos que é de vital importância pois, segundo ele, o tempo não é só uma sequência de fatos.
4. O ídolo das origens
Para Bloch, essa busca desesperada que historiadores têm pelas origens históricas as vezes são perigosas, e que o ponto inicial de um fato histórico pode ser transitório e a origem por si só não basta para explicar um fato.
5. Passado e “presente”
Para Bloch o passado serve para compreensão do presente, o não saber sobre o passado não só prejudica o estudo como também compromete o próprio presente, e afirma que há muita permanecia na história e devemos compreender. E que também devemos entender outras realidades históricas para ter maior compreensão.
CAPÍTULO II – A observação histórica
1. Características gerais da observação histórica
O autor inicia este tópico falando da impossibilidade que os historiadores têm de constatar os fatos que estuda, o historiador fala segundo as testemunhas. Para o autor, o conhecimento to passado é indireto. Diz que os interlocutores são sujeitos da experiência de quem escreve. Para ele, todo conhecimento da humanidade, irá beber sempre nos testemunhos dos outros uma grande parte da sua substância.
Aponta que, o historiador não se limita a relatar, documentar, mas também impõe uma conclusão, de acordo com os fatos já conhecidos, que
podem ser explorados de forma pessoal.
Cita a expressão de Francois Simiand, que diz que o conhecimento de todos os fatos humanos do passado deve ser um conhecimento através de “vestígios”.
Para ele, o passado é um dado que não pode ser modificado, mas o conhecimento do passado incessantemente se aperfeiçoa.
2. Os testemunhos
Os testemunhos são os documentos colocados pelo passado à disposição do historiador, que podem ser testemunhos voluntários, como o livro de Heródoto ou não voluntários. As fórmulas dos papiros dos mortos eram destinadas à serem recitadas somente pela alma em perigo e ouvidas somente pelos deuses; o homem das palafitas que joga os seus dejetos no lago, só queria se livrar da sujeira em sua cabana, ambos testemunhos não queriam informar a opinião pública ou aos historiadores.
Os relatos destinados à informação do leitor são os únicos que fornecem um enquadramento cronológico, são um precioso socorro aos historiadores.
Porém, é nos testemunhos não voluntários que a investigação histórica deposita cada vez mais sua confiança. Indícios sem premeditação permitem suplementar os relatos quando eles oferecem lacunas e afastam dos estudos uma esclerose irremediável.
O autor também coloca o questionário como a primeira necessidade de qualquer pesquisa histórica bem conduzida. Os textos ou os documentos arqueológicos “não falam” quando não sabemos interrogá-los.
Também critica a
“história tradicional”, pois ao usar somente os testemunhos voluntários, deixa na penumbra “fenômenos consideráveis”.
3. A transmissão dos testemunhos
Bloch aponta que uma das tarefas mais difíceis do historiador é reunir os documentos que estima necessários. Critica o fato de importantes obras ainda se encontrarem em pequenos números e não serem atualizadas e reeditadas. Afirma que a ferramenta não faz a ciência, mas uma sociedade que pretende respeitar as ciências, não deveria se desinteressar de suas ferramentas.
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