Carnavais, Malandros e Herois
Por: susys • 12/4/2016 • Trabalho acadêmico • 725 Palavras (3 Páginas) • 346 Visualizações
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DAMATTA, Roberto. Carnavais, Malandros e Heróis. RJ. Rocco. 1997. p. 187 – 248
Introdução
- Rituais brasileiros, festividades, motivações políticas e sociais
- “Sabe com quem está falando?” – expressão que sugere separação social, indesejável na cultura brasileira.
- “Tudo indica que, no Brasil, concebemos os conflitos como presságios do fim do mundo e como fraquezas – o que torna difícil admiti-los como parte de nossa história, sobretudo nas suas versões oficiais e necessariamente solidárias”. (pg. 183)
- Expressão deve ser interpretada como rito de autoridade.
I – Teoria e prática do “sabe com quem está falando?”
- Subordinado tomando a projeção social do seu chefe
- A expressão também é usada pelos inferiores estruturais, não é exclusivo de nenhuma categorias, grupo ou classe. Há um complexidade classificatória. É uma formula de uso pessoal
- A interrogação sugere inquérito
- “Sabe com quem está falando?” x “Who do you think you are?” – subordinação/igualdade
- Igualitarismo jurídico de brancos e negros pela Abolição não significou total quebra de hierarquia
- “No Brasil é preciso traduzir e legitimar o poderio econômico no idioma hierarquizante do sistema.” (pg. 203)
- Caráter moral
II – O “sabe com quem está falando?” como dramatização do mundo social
- Dramatização do cotidiano através do confronto – frustrações do dia a dia
- Indivíduo passa do papel universalizante para o papel preciso de pessoa “tal”
- A violência está diretamente ligada à falha da hierarquização
- Código duplo relacionado aos valores da igualdade e da hierarquia
- Expressão que passa por cima da lei e da racionalidade – separação entre pessoa e norma – as distinções hierárquicas ainda são mantidas.
III – Das distinções estre indivíduo e pessoa
- “Sabe com quem está falando? Permite estabelecer a pessoa onde antes só havia um indivíduo.” (pg. 220)
- Separação social imposta pela posição social
- Anonimato → posição bem definida
- Pessoa: vertente coletiva da individualidade / complementar aos outros / a segmentação é a norma.
- Indivíduo: livre, tem direito a um espaço próprio / igual a todos os outros / não há mediação entre ele e o todo.
IV – A dialética entre indivíduo e pessoa
- Aponta o sucesso como modo de diferenciar sem hierarquizar, pois o sucesso é intransferível – anônimo → pessoa
- Carnaval, futebol, patronagem e sistema de relações pessoais são fenômenos estruturais
- “No mundo protestante, desenvolveu-se uma ética do trabalho e do corpo, propondo-se uma união igualitária entre corpo e alma. Já nos sistemas católicos, como no brasileiro, a alma continua superior ao corpo, e a pessoa é mais importante que o indivíduo. Assim, continuamos a manter uma forte segmentação social tradicional, com todas as dificuldade para a criação das associações voluntárias que são a base da ‘sociedade civil’, fundamento do Estado burguês, liberal e igualitário, dominado por indivíduos.” (pg, 230)
- No Brasil há uma visão condenada do individualista, pois o individualismo se desvincula ao eixo das relações pessoais e tradicionais como e casa, família e religião, além de buscar ligação com o Estado.
V – Indivíduo, pessoa e sociedade brasileira
- Brasil: código duplo pessoa/individuo
- Nirvana social: patrimônio brasileiro – necessidade de pensar o mundo como altamente hierarquizado
- A palavra “povo” sempre é associado a generosidade. Ideologia da bondade – relações não uniram o indivíduo e sim a pessoa
- Brasil: não cumprimento da lei (jeitinho brasileiro) como resposta à desconfiança em relação a regras e decretos universalizantes, em suma, ao cumprimento da lei.
VI – As áreas de passagem
- Relações entre os dois sistemas são complexas – há zonas de passagem entre eles P → I e I → P.
- “Podemos, pois, dizer que o domínio da pessoa é, no Brasil, o domínio da família e da casa, onde todos se sentem agasalhados e protegidos da famosa e dramática ‘luta pela vida’” (pg. 239)
- Dicotomia casa/rua → passagens como aniversários e formaturas correspondem ao movimento da P (dentro da família) para o I (inserido no mercado de trabalho). A casa domina a rua.
- Populismo: componente familistico claro, ligado de perto à hierarquização do mundo público em termos do mundo privado, do lar e da família.
- Individuo sem mediador – quando o brasileira está no mundo impessoal (exterior), ele sente saudades das relações de mediação.
- Somos mais suscetíveis ao uso da violência contra o sistema pois não nos acostumamos com as regras impessoais e igualitárias.
Conclusões
- O autor propões ao longo do capitulo uma discussão entre a moldura igualitária do sistema brasileiro em contrapartida com o sistema aristocrático (hierarquizante).
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