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Composições Sandra Corazza e tomaz tadeu

Por:   •  8/12/2015  •  Resenha  •  1.072 Palavras (5 Páginas)  •  985 Visualizações

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COMPOSIÇÔES

Nathanael de Sousa Silva[1]

CORAZZA, Sandra; TADEU, Tomaz. Composições. Belo Horizonte: Autêntica, 2003. 129p.

        O livro Composições de Sandra Corazza e Tomaz Tadeu reflete questões filosóficas ligadas ao currículo e a formação do próprio durante a infância. Trata pontos imperceptíveis que não se apoiam na construção de um currículo futuro que se inicia na mais branda idade, na qual os mais diversos elementos compõem uma teia única e sólida a respeito do indivíduo. O debate se estende inspirado nas ideias de Gilles Deleuze e Spinoza arranjando uma interessante visão na formação do ser e das suas experiências que o tornam único e ativo no meio social.

        Os autores escrevem um manifesto por um pensamento da diferença em educação trazendo para discursão a necessidade da pluralidade, das diferenças, da multiplicidade de características, já que os indivíduos são padronizados e buscam um padrão que jamais conseguirão se encaixar plenamente, pois jamais serão ideias pré-estabelecidos. O ser humano é diferente por natureza, sem leis universais que os governem, sem verdades transcendentais que possam ser aplicadas as mais diversas formas que vão sendo compostas ao longo da vida.

        O esperado não deve ser a igualdade, a identidade, homogeneidade. A confusão, singularidade, os acontecimentos são mais agregadores que uma formalidade consentida. Não é preciso transparência se o aprender pode ser tão repleto de cores e formas absurdas e excepcionais. A diversidade e as incertezas são as únicas constantes do mundo mutante.

        O currículo válido para os autores, não está fechado em um ponto exato. O currículo deve ser louco e não aceitar a inércia de informações e nem o aconchego do sensato, ele deve vagar, distorcer, problematizar, dançar e conectar-se ao máximo de ligações possíveis entre as mais divergentes áreas que se possa imaginar. Esse currículo requer naturalidade, desembaraço e a fome de descoberta alimentada a todo momento. O oposto disso é conformidade.

        Chegamos a um ponto que é necessário criticar os valores, duvidar do conhecimento veraz, questionar a verdade, porque se não fomos nós quem os instauramos a partir do que conhecemos de mundo, não precisa ser o guia fiel do que seremos nesse mundo. Crítica ás formas de ensino tradicionais que prezam um implante de percepção e não o desenvolvimento natural dela. Defesa a liberdade de criação e aceitação dos diferentes corpos, de diferentes mentes. A cultura, as normas, os ideias, não transcendem o ser, são criados por ele e a qualquer momento podem ser confrontados. A igualdade não é resposta, a titulação não traz benefícios, tudo é único e constituído pelo tempo, pelo meio, pelas experiências e interpretações particulares de cada indivíduo. A verdade só pode ser real aliada as sensações do mundo físico que é o único que conhecemos.

        A subjetividade, liberdade de invenção deve ser presumível para a educação, não imposta, possível a medida que o ser humano se torne capaz de fazê-lo.

        A autora ao falar do pensamento de Deleuze e Spinoza não pretende teorizar um ideal de comportamento, nem teoria, nem ideal, mas ela tenta atrelar teorias e o currículo compondo algo que explique a verdade na qual ela se apoia (seguindo esse adágio). O currículo, então, não é constituído meramente de noções pedagógicas, conhecimentos específicos que são tidos como fundamentais na escola, etc., todavia, criado a partir de diversas interações físicas, visuais, sensoriais que, ligadas ou não ao ambiente escolar, constroem a personalidade e a realidade do indivíduo.

        Parece estranho abordar o conhecimento e a construção dele ligada a elementos tão simples, e até impensáveis, como um cochicho durante a aula, detalhes do caminho habitual até a escola, ou os sons comuns do dia a dia. Uma lista infinita de infinitos individuais que, como dizem os autores, compõem o currículo do indivíduo. O bem e o mal, certo e errado, não são suficientes para classificar o quanto cada ação rotineira é importante ou não para a educação, pois essas determinações são construídas no seio da sociedade e parte de um senso comum imposto por ela. O que dita o benefício ou não de atitudes e componentes da realidade dos alunos é o quanto eles podem acrescentar em maior ou menor grau para um aproveitamento positivo no indivíduo, que incite a curiosidade, o pensar crítico e a agitação perante ao novo.

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