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Ensaio: Proximidades e Diferenças entre as sociologias de Durkheim e Marx

Por:   •  12/12/2018  •  Trabalho acadêmico  •  2.111 Palavras (9 Páginas)  •  224 Visualizações

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Paulo Jorge Pessoa Mata

RA:743960

Sociologia Clássica - Priscila Medeiros

 

Ensaio: Proximidades e Diferenças entre as sociologias de Durkheim e Marx.

O presente texto é uma tentativa de fazer um balanço dos possíveis encontros e desencontros de dois dos autores clássicos da sociologia, o primeiro ponto apresentado é em relação a construção dos métodos de ambos, passando pelas noções de divisão de trabalho e seus desenvolvimentos, e também brevemente sobre as posições dos autores sobre religião.

A corrente ideológica positivista surgiu na França durante o século XIX, momento em que o movimento iluminista encontrava-se em ascensão, o qual obtinha como ideologia a propagação da razão em detrimento da religião e da Igreja, além de propor o fim do absolutismo vigente na época e incentivar fortemente o progresso da sociedade. Auguste Comte, filósofo inerte no contexto supracitado, foi considerado o fundador do positivismo; estabeleceu que a sociologia deveria estudar os fenômenos ocorrentes na sociedade a partir de parâmetros e métodos seguros, sendo estes pautados nas ciências naturais, como exemplo a física, biologia, astrologia e etc. As explicações e os fatos necessitam ser feitas e estudados, dentro do positivismo, de forma neutra, ou seja, não havendo ligação nem interferência direta à realidade de quem os estuda ou pesquisa. Outra característica fundamental a qual cerca o paradigma positivista é aquela que diz respeito à comprovação dos fatos; ela deve ser feita a partir do empirismo, teoria do conhecimento que dita a experiência como forma única de conhecimento verdadeiro.

Diante dessas características, podemos analisar a forma com a qual Durkheim lidava com suas teorias e pesquisas pautadas em um viés positivista. A exemplo disso, pode-se citar sua preocupação constante em explicar as sociedades e suas funções fazendo analogias diretas à ciência biológica, ao comparar o sistema de funcionamento da sociedade, a divisão do trabalho social e os tipos de solidariedade com o corpo humano e seus órgãos. Durkheim utiliza, frequentemente, o empirismo para justificar suas teorias, dando exemplos do cotidiano dos indivíduos, o que gera credibilidade na justificação e comprovação das mesmas segundo a corrente Positivista.

Já Karl Marx está inserido no contexto intelectual alemão onde se estabeleciam ainda as críticas (no sentido de reformulações e apropriações) da filosofia de Hegel, neste sentido que vai se desenvolver o método de Marx. O autor se vale de alguns preceitos da dialética hegeliana, porém escreve a obra A Ideologia Alemã, a fim de mostrar suas contraposições em relação ao que ele chama de hegelianos de direita, como Feuerbach e outros. O mesmo aponta a fraqueza do Idealismo proferido pelos jovens hegelianos, preferindo utilizar o materialismo que já estava sendo formulado por outros autores, porém faltava ainda a historicidade do materialismo que Marx promoverá em sua forma metodológica.O método dialético deve partir dos objetos concretos como a população, que é o conjunto dos sujeitos que interagem socialmente através da produção. Ao partir das coisas ditas concretas o próximo nível e partir para as abstrações que vão compor no final a retomada do objeto concreto, por exemplo: partindo da população deve-se entender que esta é composta por classes sociais, que se baseia nos conceitos de trabalho assalariado, que por sua vez se baseiam em outros conceitos, e por fim ao retornarmos a ideia de população integramos vários elementos, que de certa maneira reformula a suposição inicial

Neste sentido temos uma diferença em relação aos Métodos de Marx e Durkheim, por um lado o materialismo dialético (histórico) a fim de analisar a luta de classes e suas contradições no modelo capitalista emergente.E por outro temos um método que bebe na fonte do positivismo ( principalmente em modelos estatísticos) a fim de formular  um novo modo de entender a sociedade e definir uma ciência propriamente “do social”

Na obra “Da Divisão do Trabalho Social”, Durkheim afirma que a divisão do trabalho é a fonte da civilização, pois ao mesmo tempo que aumenta a força produtiva, ela também desenvolve a habilidade do trabalhador, sendo assim uma condição necessária do avanço intelectual e material das sociedades; é aí que se dá a formação dos laços sociais (relação entre os indivíduos e os grupos), conceito imprescindível para a compreensão de tal divisão. O autor explica que o processo da divisão do trabalho é essencial para a manutenção e fixação dos laços sociais, além de ser o principal motivo para a produção dos mesmos. Embasada numa visão evolucionista e eurocêntrica, a divisão do trabalho é analisada por processos de estágios, formada por uma base entendida como simples, constituída por formas elementares, as quais, ao longo da evolução, vão se complexificando de forma ramificada, possuindo troncos em comum, pois, seguindo a lógica durkheimiana, uma necessidade gera uma função dentro da sociedade, criando uma interdependência. O último estágio a ser alcançado é a sociedade civilizada que se encontrava na Europa do século XIX. O conceito de anomia está diretamente ligado à divisão do trabalho, sendo um rompimento da coesão social. Para explicar tal fenômeno, Durkheim utiliza a metáfora orgânica fazendo uma analogia ao corpo que adoece, ocorrendo a falha no funcionamento do organismo. A anomia ocorre quando não há a divisão do trabalho; é um momento temporário e não estrutural, podendo ser definida como uma fase de conflito.

O conceito de solidariedade é dividido em duas ordens: a mecânica e a orgânica. A solidariedade mecânica diz respeito às sociedades primitivas, em que o número de indivíduos dentro dos grupos é menor, sendo estes tribos ou clãs. Nesse caso, a coletividade se destaca, todos os indivíduos do grupo possuem funções semelhantes umas às outras, não havendo a especialização nem divisão das funções.A interdependência ocorre dentro dos grupos. Já a solidariedade orgânica pode ser observada nas sociedades mais complexas, em que os grupos estão divididos e especializados, cada um na sua função específica. A interdependência ocorre entre os diversos grupos.

Na obra de Durkheim, ambos os conceitos estão relacionados na questão da interdependência. A divisão do trabalho social não existe sem a solidariedade orgânica e vice-versa. Para que seja possível a compreensão de tal solidariedade, é necessário, primeiramente, o entendimento do conceito sobre a divisão. Aplicando tal teoria a um exemplo atual, pode-se observar tal fenômeno na medicina. No início de sua origem, uma pessoa que fosse médica poderia cuidar de doenças diversas, desde aquelas características do coração, por exemplo, até as que eram intrínsecas aos ossos e à pele. Com a evolução, a medicina foi se especializando cada vez, atualmente, existindo o cardiologista, o ortopedista e o dermatologista, subespecializações que atuam somente nas suas áreas. A exemplo, nota-se a interdependência quando nela se vê apenas um corpo organizado a fim de cumprir certas funções vitais. Nesse corpo vive uma alma: é o conjunto dos ideais coletivos” [Durkheim in: Julgamentos de valor e dos diversos grupos existentes na sociedade quando um indivíduo possui um problema cardiovascular e necessita de uma cirurgia. Este indivíduo precisará consultar um especialista (o médico cardiologista), o qual precisará de um local adequado para a realização de tal cirurgia, no caso, um hospital que possua estruturas adequadas produzidas por outros grupos de indivíduos e assim por diante.

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