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Fichamento Ciência como Vocação

Por:   •  11/3/2021  •  Resenha  •  1.073 Palavras (5 Páginas)  •  470 Visualizações

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Universidade Federal de Minas Gerais

Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas 

Sociologia II - Docente: Silvio Salej

Aluno: Teresa Carneiro Suarez

Fichamento de texto n°1

Bibliografia: WEBER, Max. Ciência como vocação (1919). Em Sociologia: essencial organizado por BOTELHO, André. São Paulo: Peguin Classics Companhia das Letras, 2013.

        Como maneira de introduzir um tema tão complexo quanto a ciência como vocação, Max Weber inicia sua palestra indagando como se apresenta a vocação pela ciência e qual a situação daquele que decide se dedicar ao estudo científico e acadêmico profissionalmente. Para responder sua pergunta, o autor compara a situação de um aluno recém-formado na Alemanha e nos Estados Unidos. A maior diferença sendo identificada como o tipo de trabalho exercido e a remuneração recebida; na Europa, inicialmente, o acadêmico não tem salário e ocupa um cargo chamado de privatdozent, Weber descreve a situação com palavras diretas: “é extraordinariamente arriscado para um jovem desprovido de patrimônio expor-se às condições da carreira acadêmica.” (p. 393). Já nos EUA as universidades têm um sistema de contratação muito mais empresarial, “vigora um sistema burocrático” (p. 393), aonde o assistant é assalariado, mas em contrapartida é também muito mais pressionado a corresponder às expectativas, já que pode ser demitido a qualquer momento.

        Weber chama de hasard (acaso) a chance de um privatdozent ou assistant se tornar um titular pleno da instituição onde trabalha; mas isso não quer dizer que a escolha dos acadêmicos contratados dependa só disso, como diz na página 398 do livro: “Qualquer jovem que tenha vocação para a pesquisa científica precisa antes se conscientizar de que (...) deve ser qualificado não apenas como um estudioso, mas também... como professor.”. Além disso, no caso da Alemanha, muitas vezes o amante da ciência deve dar aulas expositivas nas universidades e terá como retorno financeiro de seu trabalho apenas doações voluntárias dos alunos, logo: “Na maioria dos casos, tudo fica condicionado, portanto, ao efeito sugestivo da incomensurável benção e do valor de ter um grande número de alunos presentes.” (p. 398 e 399). A conclusão que Max Weber chega para esta parte de sua palestra é, então, que “A vida acadêmica é, portanto, um hasard sem tamanho.” (p. 400), isso é tão real para o escritor que este chega a citar Dante e a Divina Comédia, comparando a vida acadêmica e científica com os versos da entrada do inferno: “Lasciate ogni speranza” (p. 400).

        O discurso continua com falas sobre a “vocação interior para a ciência.” (p. 400), Weber afirma que nos dias que estava vivendo (na Alemanha do início do século XX, pós primeira guerra mundial, apesar de que sua palestra ainda seja extremamente atual) a disposição interior em relação à ciência está fortemente entrelaçada com o fato de que esta se imergiu em um estágio de especialização nunca visto antes; para o autor: “o indivíduo só é capaz de adquirir consciência segura de estar produzindo algo bem completo (...) no caso da mais estrita especialização.” (p. 400), o objetivo é produzir algo que perdure. O homem que tem vocação necessita, para fazer um bom trabalho, de paixão e inspiração.

        A inspiração, no entanto, não é garantida (apesar de contar muito) pelo esforço e paixão, o cientista “precisará aceitar esse hasard que acompanha qualquer trabalho científico” (p. 403). Isto se aplica a qualquer área, não somente a ciência. Em conjunto , Weber reforça, na página 403 que: “o fato de alguém ter ou não inspirações científicas depende de determinações do destino ocultas a nós; mas depende, além disso, de “dom”.”. O homem científico , diferente dos atores de outras áreas, como a artística, não pode depender de experiências e personalidade para que este seja capaz de se provar mais que um especialista, para que diga algo excepcionalmente novo, é mais difícil. Isto porque a ciência está intrinsecamente ligada ao progresso. O trabalho científico, parafraseando o autor, significa novas “questões” e quer ser “superado” e se tornar obsoleto (p. 405). “Ser superado (...) não é só o destino, mas a finalidade de todos nós.” (p. 406).

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