Fichamento Cultura: Um Conceito Antropológico.
Por: Silvio Paradiso • 12/2/2023 • Dissertação • 1.304 Palavras (6 Páginas) • 111 Visualizações
UNIVERSIDADE FEDERAL DA GRANDE DOURADOS
ARTES CÊNICAS - Tópicos em Cultura e Divers. Etnicorracial
Docente: Profa. Claudia M. Roma
Discentes: Silvio Ruiz Paradiso
FICHAMENTO 02
LARAIA, Roque de Barros. Cultura um conceito antropológico. 14 ed. Rio de Janeiro : ed. Jorge Zahar, 2001. pp. 09-64.
PARTE II - COMO OPERA A CULTURA
1. A CULTURA CONDICIONA A VISÃO DE MUNDO DO HOMEM
No primeiro momento da segunda parte do livro, Laraia retoma uma ideia de Ruth Benedict em seu livro O crisântemo e a espada, que a cultura é como uma lente através da qual o homem vê o mundo. A autora propõe com isso, que pessoas de culturas diferentes tem visões diferentes de outras culturas, e inclusive dentro do próprio grupo, como vai citar mais a frente no subcapítulo 3 - "Os indivíduos participam diferentemente de sua cultura".
O problema de ver culturas diferentes com sua própria lente, é quando se elenca uma cultura, quase sempre a sua própria, como padrão e norma. Neste capítulo a ideia é de que devemos olhar as culturas alheias com as lentes também alheia, pois o modo de ver o mundo, as apreciações de ordem moral e valorativa, os diferentes comportamentos sociais e mesmo as posturas corporais são assim produtos de uma herança cultural, ou seja, o resultado de um contexto próprio daquela determinada cultura.
Laraia exemplifica isso com casos culturais, como por exemplo, o riso. A cultura até afeta ações fisiológicas, como o riso, a forma como é produzido e o porquê ele acontece. Ex.: a diferença do riso entre japoneses e os índios kaapor, ou a diferença entre os motivos de rir entre o pastelão estadunidense e a comédia italiana erótica. Outro exemplo é das formas de comer: garfo, mão ou hashi, e as diferenças entre o que se comer: animais peçonhentos em alguns lugares são comuns (chineses, por exemplo), enquanto em outros extremamente proibidos (entre judeus).
Um outro exemplo é dado em relação ao corpo. Dentro de uma mesma cultura, a utilização do corpo é diferenciada em função do sexo, homens fazem certas atividades, enquanto mulher não. A diversidade é maior ainda se comparamos culturas diferentes, como é o caso de grupos cuja a posição do parto é diferente (deitada ou em pé).
Dois pontos aqui que devem ser levantados é: Primeiro, que todos os seres humanos têm o mesmo equipamento anatômico, mas seu uso é determinado pela diversidade cultural, e segundo, que o "corpo" não pode ser negligenciado nos estudos sobre cultura.
O fato de que o homem vê o mundo através de sua cultura tem como consequência a propensão em considerar o seu modo de vida como o mais correto e o mais natural, e então, o ponto fundamental de referência não é a humanidade, mas o próprio grupo. Tal tendência, denominada etnocentrismo, "visão aquela que vê o mundo com base em sua própria cultura, desconsiderando as outras culturas ou considerando a sua como superior às demais".
2. A CULTURA INTERFERE NO PLANO BIOLÓGICO
No segundo subcapítulo, Laraia apresenta a ideia que a cultura além de interferir na satisfação das necessidades fisiológicas básicas como rir, comer, dormir, etc., o autor revela que a cultura pode também condicionar outros aspectos biológicos e até mesmo decidir sobre a vida e a morte de seus membros. O exemplo disse é a "apatia", que consiste "em lugar da superestima dos valores de sua própria sociedade, numa dada situação de crise os membros de uma cultura abandonam a crença nesses valores e, conseqüentemente, perdem a motivação que os mantém unidos e vivos" (LARAIA, 2001, p.39[pdf]). Há uma variedade de exemplos sobre isso em nossa história, principalmente em relação a povo que vivenciaram processos de genocídio e diáspora forçada, como povos indígenas, judeus, ciganos, africanos, etc.
O ensinamento que este subcapítulo nos passa é que a cultura é tão forte, que estamos condicionados fisicamente, emocionalmente e psicologicamente por ela.
3. OS INDIVÍDUOS PARTICIPAM DIFERENTEMENTE DE SUA CULTURA
Como citado anteriormente, a participação do indivíduo em sua cultura pode ser diferente entre seus membros, além de sempre ser limitada, pois de acordo com o texto, nenhuma pessoa é capaz de participar de todos os elementos de sua cultura. Tal ideia pode parecer estranha, mas é mais lógica do que imaginamos, pois é definida por distinçoes de gênero (tendo ampla participação na vida cultural aos elementos do sexo masculino), raça (em sociedades com mentalidade racista, negros não usufruim das mesmas oportunidades que brancos), de faixa etária ( crianças, adolescentes, adultos e idosos participam de especificas atividades culturais dentro de seu grupo) e até mesmo classe social, já que ricos podem consumir certos produtos culturais diferentes.
Isto mostra que nenhum sistema de socialização é idealmente perfeito, e que em nenhuma sociedade os seus membros são igualmente bem socializados e consequentemente, partícipes das mesmas regras. O autor explica, no entanto, que deve existir um mínimo de participação do indivíduo na pauta de conhecimento da cultura a fim de permitir a sua articulação com os demais membros da sociedade. Todos necessitam saber como agir em determinadas situações e, também, como prever o comportamento dos outros. Por exemplo: em determinado cultura, como é ser pai? Como é ser cortês? Como vivenciar o luto? Isso mostra que ainda que não estejamos 100% inseridos na própria cultura, há alguns elementos básicos a serem seguidos, que nos mantém conectados socialmente. Porém, alguns comportamentos podem ter reações distintas visto a mudança social de tempos em tempos.
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