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Música Erudita no Brasil Uma Questão de Elite

Por:   •  8/7/2022  •  Trabalho acadêmico  •  4.126 Palavras (17 Páginas)  •  89 Visualizações

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Arte, Literatura e Cultura

Luiz Felipe Vieira Cordeiro                          9844811

Música erudita no Brasil: uma questão de elite?

SÃO PAULO

2021

Resumo: este trabalho tem por objetivo investigar as matrizes históricas e sociais que corroborem com o atual pensamento comum sobre a existência de uma cisão entre a cultura erudita musical e as camadas sociais menos favorecidas. A forma de conceber essas duas entidades como mutuamente exclusivas é resultado de um longo processo histórico que nos remete ao Brasil colonial, cuja inserção em um modelo de comércio pautado na divisão internacional do trabalho, no período do capitalismo mercantil,  traduziu as relações entre pessoas e países de forma exploratória, caracterizando a dualidade entre o dominador e o dominado.

        Nesse contexto, surgem as bases históricas da segregação social que se materializam contemporaneamente, configurando uma segregação geográfica entre ricos e pobres, juntamente com serviços e espaços de cultura distribuídos de forma heterogênea, incapazes de contemplar de modo democrático o acesso de toda a população aos meios mais tradicionais de cultura e lazer. Consequentemente, os espaços físicos reservados para a música erudita, ou música de concerto, ficam restritos a um nicho muito específico, dificultando o acesso e a divulgação desta arte.

        Diante dessa desigualdade, esta pesquisa também explora uma proposta de mitigação desse cenário, de um grupo de alunos do curso de Sistemas de Informação na Escola de Artes, Ciências e Humanidades (EACH) da Universidade de São Paulo.

Índice

1. Metodologia                                                                                        3

2. Coleta de informações                                                                                3

3. As matrizes históricas da música erudita “brasileira”                                                3

4. O status social e a cultura da Belle Époque                                                        4

5. A música erudita como afirmação de privilégios e poderes                                        5

6. Vanguardas modernistas e a luta com os padrões cristalizados da elite                        5

7. A distribuição heterogênea dos espaços de cultura: o exemplo paulista                        6

8. Agentes da inclusão: iniciativas de democratização da música erudita                        7

9. MeeTour: uma proposta “uspiana” para fomentar a disseminação dos

espaços de cultura da cidade                                                                        8

10. Conclusão                                                                                        9

11. Referências                                                                                        10

Metodologia

        De acordo com os parâmetros definidos pela literatura especializada em classificação metodológica, este artigo aborda o problema por meio de uma pesquisa exploratória, isto é, que trata de um problema em seu contexto de modo a torná-lo mais específico, proporcionando uma visão mais aproximada de um determinado fato por meio de uma coleta de dados qualitativos sobre o estudo de caso (Gil, 2008).

Coleta de informações

        O material sobre o qual o tema foi trabalhado reside em periódicos acadêmicos alocados no repositório Google Scholar e Scielo. A filtragem de textos ocorreu a partir das palavras-chave “música erudita brasileira”, “história da música popular brasileira” e “espaços culturais no Brasil”, todas contidas nos respectivos resumos dos artigos disponíveis.

As matrizes históricas da música erudita “brasileira”

        A independência brasileira pode ser entendida como o resultado de interesses econômicos e políticos resultantes do modelo de divisão internacional do trabalho do século XIX. Apesar da soberania, faltava ao estado brasileiro uma nação, pois o povo do Brasil recém-emancipado de Portugal ainda carecia de uma identidade nacional, um sentimento de pertencimento que caracterizasse o brasileiro.

        Assim como o processo de formação da nação brasileira, a formação da identidade  musical erudita nacional se deu de forma gradual. A princípio, a música erudita era importada de modelos europeus durante o período colonial, a criação de música em solo  tropical era um processo de mimetização do que se produzia na metrópole e em outros pólos irradiadores de arte europeus. Os gêneros populares como o lundu, as modinhas e  as fofas e chulas baianas eram comuns entre o povo despossuído que, além de não ter acesso à cultura reservada para as elites coloniais.

Em resultado, a cultura das camadas pobres acaba sendo submetida a uma dupla dominação: em primeiro lugar, porque se situa em posição de desvantagem em relação à cultura das elites dirigentes do país; e, em segundo lugar, porque essa cultura dominante não é sequer nacional, mas importada e, por isso mesmo, dominada. (TINHORÃO, 1998, pág. 10).

O status social e a cultura da Belle Époque

        Para a elite brasileira da Belle Époque, a cultura erudita era uma maneira de se aproximar da cultura europeia, um recurso para demonstrar civilidade em conformidade com os valores preconizados pelo movimento positivista de Auguste Comte. Por esse motivo, não é surpreendente o fato de que, em meados do século XIX, o Brasil estava entre os cinco maiores países importadores de partituras francesas, resultado da demanda da elite imperial em busca de elementos que demonstrassem sua representatividade social através de paradigmas artísticos europeus.

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