Movimentos sociais
Por: Cláudia Santos • 28/10/2015 • Trabalho acadêmico • 1.897 Palavras (8 Páginas) • 197 Visualizações
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Escrita de Textos Técnicos e Científicos
Movimentos Sociais
Cláudia Leal Custódio dos Santos
65176, Sociologia – 1º ano
Catarina Carnaz
11 Dezembro de 2013
Índice
Introdução1
Desenvolvimento1
Conclusão4
Referências5
I - Introdução
O presente trabalho aborda a questão dos movimentos sociais, contribuindo para o aprofundamento de um tema que se vem impondo crescentemente na sociedade atual e global, dominada pelo individualismo e por sentimentos de descredibilização face ao poder político. Por movimento social entende-se, assim, uma coletividade mais ou menos estruturada que age a fim de promover ou resistir à mudança na sociedade ou no grupo de que faz parte, muitas vezes criando pressão junto dos órgãos de poder. Por terem uma dinâmica muito ativa, têm uma duração limitada (embora imprevisível), considerando-se extintos quando a sua mensagem foi ouvida e/ou as suas reivindicações foram satisfeitas.
Partindo do referido conceito, proceder-se-á a uma exploração da evolução das suas características ao longo da história. Assim, os primeiros movimentos sociais, remontantes ao século XIX, seriam considerados “indépendamment de tout mélange avec des actions politiques visant directement la prise du pouvoir d’État” (Touraine, 1984, p.281), enquanto os novos movimentos sociais, resultantes da institucionalização dos anteriores e da corporização de novos campos de ação, “ne se forment pas par l’action politique et l’affrontement mais davantage en influençant l’opinion publique” (Touraine, 1984, p.282). Porém, veremos ainda que no contexto mundial da atual crise económica, pela qual Portugal também está a ser fortemente afetado, tais movimentos estão a voltar a assumir um caráter económico.
A realização do trabalho baseou-se na pesquisa, através de palavras-chave relacionadas com o tema, nas bases de dados B-on, Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal, no motor de busca Google Académico e no catálogo bibliográfico do ISCTE-IUL.
II - Desenvolvimento
Os primeiros movimentos sociais estiveram associados à luta operária emergente no século XIX, no contexto da revolução industrial e do surgimento do capitalismo. Tal conjuntura, marcada por profundos contrastes sociais entre operários e patrões, favoreceu a expansão da ideologia marxista, a qual preconizava a revolução do proletariado e a abolição do Estado enquanto condições necessárias à instituição de uma sociedade justa e equitativa (Marx & Engels, 1975). Porém, a verdadeira constituição de um movimento social implica que a luta empreendida obedeça a três critérios: o da identidade - sentimento de pertença e partilha dos mesmos valores e interesses por parte do grupo; o da oposição - a ação é realizada em função da existência de um adversário comum e identificado; e o da totalidade invocação de causas e valores que se pretendam universais (Touraine, 1973). Deste modo, e com a crescente mobilização de seguidores da referida ideologia, na segunda metade do século XIX o proletariado foi conquistando o direito à associação e à representação política democrática e criaram-se os primeiros sindicatos e partidos políticos, correspondentes ao essencial dos primórdios dos movimentos sociais. Os primeiros definem-se como “um agrupamento de indivíduos ou de instituições encarregadas de defender os seus interesses” (Boudon, Besnard, Cherkaoui, & Lécuyer, 1990, p.146), enquanto os segundos são “grupos sociais, organizados de maneira durável, articulado ate ao escalão local, e que solicita o apoio popular em ordem ao exercício directo do poder” (Boudon et al., 1990, p.124). Em Portugal, as primeiras associações de operários tinham um carácter mutualista com propósito cultural e de apoio mútuo, como no caso da assistência na doença e na morte, sendo que a associação por ofícios só foi permitida mais tarde.
Estes primeiros movimentos sociais foram, no entanto, ganhando força política e consolidando as suas bases administrativas, abandonando o caráter incontrolado e aberto das fases iniciais de desenvolvimento do capitalismo e aproximando-se das instituições de poder. Assim, pode falar-se numa institucionalização dos agora “velhos movimentos sociais”, na medida em que se incorporaram na normalidade política, perdendo parte da sua capacidade de mobilização. As reivindicações passaram a ser resolvidas com base na negociação entre trabalhador e patrão, levando também a uma maior descredibilização nessas organizações. Estes fatores, conjugados com o desenvolvimento da capacidade de ação e espírito crítico por parte dos próprios cidadãos e com o surgimento de novas questões e valores relativos a campos da sociedade não abordados pelas referidas organizações, criaram condições para a emergência dos chamados “novos movimentos sociais”. É de salientar ainda uma outra perspetiva destas mudanças socais, relacionada com a conjuntura do pós-Segunda Guerra Mundial e à qual são inerentes o clima da guerra fria, a guerra do Vietname, a corrida aos armamentos, a crise do Estado-Providência (Estanque, 1999), entre outros, provocando um aumento da instabilidade social.
Os novos movimentos sociais surgem em meados dos anos 60, num contexto completamente novo e, dessa forma, adquirem também novas caraterísticas relativamente às organizações anteriores. Possuem um caráter menos burocratizado e mais informal, formas de ação coletiva mais diversificadas (podem ser espontâneas, pontuais, envolvendo maior ou menor massa de participantes, etc.) e, acima de tudo, são protagonizados por indivíduos de diferentes categorias socioeconómicas, podendo defender interesses mais universalistas ou particularistas. Por outro lado, ao emergirem na era da sociedade moderna e da globalização, os novos movimentos sociais beneficiam ainda do avanço da tecnologia e do desenvolvimento dos meios de comunicação social, fatores que tornam mais rápida e eficaz a divulgação da sua ação e a sua mobilização coletiva. Nesta perspetiva, com a ajuda da Internet, do telemóvel, da difusão por satélite, entre outros, “basta premir um botão para histórias locais serem disseminadas internacionalmente” (Giddens, 2004, p.445). Tem-se o exemplo dos protestos ocorridos em Seattle em 1999 contra a Organização Mundial do Comércio, os quais foram organizados, em grande parte, por via da Internet (Giddens, 2004).
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