O Conceito de Heurística

Ambrosio Velasco Gómez (coord.). El concepto de heurística en las ciencias y las huanidades. México: Siglo XXI - Universidad Nacional Autónoma de México. Pp. 1-11 y 222-237.

Este trabalho faz uma resenha sobre um tema central de heurística, examinando sua dimensão criativa e de produção do conhecimento social, seus critérios explicativos e preditivos enquanto teorias de ciências sociais. Aborda igualmente os principais pontos de cientificidade na produção do conhecimento e as diferentes conceções da heurística em diferentes campos do saber a partir do estudo de algumas das principais posições que fundamentam tais campos.

Um dos possíveis contextos apontados para compreender o processo para construção de um conhecimento cientifico é a objetividade, entendida como produto da razão metódica com o valor da criatividade e descobrimento. Embora as contraposições entre a objetividade e criatividade resultam paradoxais na medida em que para construção do conhecimento cientifico requere as duas capacidades opostas, isto é a objetividade da racionalidade metódica e a criatividade da irracionalidade arbitraria, contextos largamente discutidos no livro “El concepto de heurística en las ciencias y las huanidades” coordenado por Ambrosio Velasco Gómez.

No seu capitulo sobre perspetivas e horizontes da heurística nas ciências sociais e humanas começa discutindo a hierarquização das ciências mediante o seu carater de demonstração e comprovação metodológica e traz considerações a respeito dos vários caminhos possíveis para a entendimento da heurística enquanto processo cientifico de recurso, passando desde os conceitos de objetividade dos métodos que nos conduzem a verdade cientifica.

A luz deste critério, o capitulo aborda a questão da racionalidade e objetividade aliada a rigorosidade metódica das ciências naturais tais como a matemática e física como a razão da sua eleição para um lugar de destaque na hierarquia das ciências comprováveis. Aborda também as controvérsias das teorias científicas entre aqueles que concordavam que as questões metodológicas enfraqueciam o espírito crítico e colocavam sob ameaça o livre desenvolvimento cientifico (Paul Fayerbend) e que propunham uma expansão metodológica e resguardo do descobrimento como caracter heurístico incluindo a justificação das hipóteses (Irme Lakatos).

Ainda sobre a racionalidade cientifica, o capitulo destaca a existência duma diferença fundamental entre as ciências acabadas e em curso, reforçando que o processo de criação cientifica predominam os métodos heurísticos, com enfoque para aqueles reservados a criação artística (Abraham Moles), e aqueles que produzem soluções rápidas sem garantias do seu êxito pela ausência de rigor metodológico (Thomas Nikless) por entender que os processos heurísticos não buscam a verdade sobre as hipóteses e teorias se não a solução hipotética do problema de maneira rápida e económica.

Finalmente, o capitulo aborda validade da heurística em diferentes campos do saber com destaque para a busca de consensos em culturas e tradições diversas como um processo eminentemente heurístico pelo caracter de construção criativa de acordos intersubjetivos e interculturais no lugar de um descobrimento de processos ou significados (Lion Olive) assim como a confrontação dialógica como fator integrador das ciências (Pablo Gonzales) pelo carater aglutinador das ciências humanas na vida politica sem reservar suas respetivas autonomias, reconhecendo porem a relevância do pensamento heurístico na cultura cientifica contemporânea.

O capitulo seguinte, nomeado “Heurística e progresso das tradições nas ciências e humanidades” trata dos diferentes sentidos e funções da heurística analisado em duas perspetivas designadamente a natureza das tradições por um lado e a função heurística das tradições doutro. Sobre a primeira perspetiva (a natureza heurística das tradições), o autor