O DESCONSTRUIR OU CONSTRUIR
Por: SEBASTIAONUNES • 8/12/2017 • Dissertação • 1.605 Palavras (7 Páginas) • 272 Visualizações
DESCONSTRUIR OU CONSTRUIR
Apresento aqui minhas inquietações, ou talvez indignações, com o intuito de levá-los à reflexão, tão somente . A intenção é pensar sobre o assunto, porém, pensar demanda todo um esforço, uma disposição mas preciso advertir, pensar, refletir é ampliar horizontes.
Observo com muita tristeza o processo de descontrução que se instalou na nossa dinâmica de sociedade. Percebam vocês que há todo um movimento disseminando a desconstrução do que chamamos de força de resistência possíveis em favor do povo, senão vejamos:
1. A desconstrução das forças sindicais com a fragmentação de sindicatos de grande importância para as reivindicações dos trabalhadores, tais como, o sindicato dos professores, dos bancários, dos metalúrgicos, todos atuavam, na vanguarda encabeçando a luta pelos direitos dos trabalhadores, mas hoje estão descontruídos; totalmente desacreditados. Há uma ideia disseminada no imaginário popular que todo sindicato é pelego, vendido, e o único sindicato que funciona de fato é o patronal: vide a atuação da FIESP no impedimento da Presidente Dilma.
2. Assistimos a desconstrução do partido dos trabalhadores com a dicotomia coxinhas versus petralhas, onde ser do partido se tornou quase um crime. Lembro-me com saudosismo que pertencer ao PT era motivo de orgulho e alegria para companheiros e companheiras; tínhamos uma ideologia, um ideal: a luta pelos trabalhadores. Mas o processo de desconstrução é tão cruel, que hoje se você diz que faz parte do partido , logo torcem o nariz! É a associação que fazem é PT = ladrão; PT = corrupção. E isso companheiros e companheiras, venhamos e convenhamos, sabemos todos, não é verdade! o partido continua firme na luta.
3. Tem ainda a descontrução das associações de moradores, que veem sua atuação ser fragmentada e minimizada ao longo do tempo. Antes as associações de moradores eram o ponto de partida para a luta das periferias em relação as suas demandas. Hoje há um esvaziamento total de suas atribuições e forças, mas há também um grupo de resistência lutando nos escombros daquele movimento forte de outrora.
4. Uma questão à parte e talvez fosse necessária uma análise muito mais profunda é a que diz respeito à desconstrução da igreja, como instrumento de luta e mobilização social. E aqui falo da igreja de uma forma geral, sem fragmentação, pois a fragmentação só interessa à desconstrução. Neste processo há um estímulo a polarização, tais como, igrejas evangélicas versus igrejas católicas, já como instrumento de desconstrução desta grande força de mobilização e luta pelos direitos do povo. Infelizmente é fácil verificar que caímos no engodo de acreditar que nossas diferenças nos separam, não enxergamos que, na realidade, o que temos em comum nos une! Fato é que a igreja foi a grande protagonista no processo de conquista dos direitos não só dos trabalhadores, mas de todas as minorias porque não dizer, das massas. Mas hoje o que mais escutamos é que o Estado é laico; que a igreja não tem que se envolver; que a igreja aliena e domina; que a igreja atrapalha as pautas de vanguarda na garantia dos direitos das minorias, num claro processo de descontrução (faço questão de repetir), desta que é uma das principais forças para a mobilização da sociedade. É no mínimo interessante observar o porquê de não aproveitarmos a liderança do querido Papa Francisco com suas ideias e sua visão para nos unirmos e voltarmos a ocupar a posição que outrora ocupávamos, sem dizer que nós evangélicos somos todos fundamentalistas, homofóbicos, Marcos Felicianos e Silas Malafaias. Só que não! Se me permitem dizer, sou metodista. E a Igreja Metodista surge no século XVIII, numa Inglaterra totalmente devastada pela Revolução Industrial, onde cada máquina introduzida nas fábricas representava 10 trabalhadores a menos na folha de pagamento. Portanto, para uma grande massa de desempregados, famílias inteiras passando fome, e a indústria que mais crescia era a de fabricação de bebidas alcoólicas, a saber: o rum e o whisky, chamadas de bebida forte. Afundando a Inglaterra numa crise social sem precedentes onde o alcoolismo destruía as relações familiares, para se ter uma ideia ao comprar uma garrafa de rum numa das tabernas inglesas o consumidor ganhava um brinde, que era uma esteira de vime para que ao se embebedar tivesse onde cair, evitando que ficassem caídos na sarjeta. A Inglaterra estava prestes a reviver a experiência da França com sua revolução numa guerra civil, numa luta interna com baixas abundantes e sangrentas. E neste contexto, surgem os metodistas, organizando as massas, lutando pelo povo, visitando os presídios, investindo na educação como instrumento de mudança da sociedade e acreditando que não existe outra religião que não seja social. A Inglaterra, então, passa por tudo isso e supera este momento difícil, sem derramar uma gota de sangue! No Brasil não é diferente. A Igreja Metodista é Comunidade Missionária a Serviço do Povo. Mas o processo de desconstrução é tão cruel que tudo isso é irrelevante e fica relegado a segundo plano. Tenho convicção que nenhum companheiro ou companheira sabia disso; e isso faz parte do processo, porque a informação é usada como instrumento para desconstruir.
5. Sem falar no processo de desconstrução da Presidente Dilma, que culminou com seu impedimento. Vejam só: todo o currículo de Dilma Roussef foi jogado no lixo; o processo foi tão cruel que até suas qualidades e suas maiores virtudes foram transformadas em defeitos e usados para destruir sua imagem. O nome Dilma era sinônimo de boa administração, de austeridade, de firmeza nas decisões. Hoje Dilma é sinônimo de bandida, ladra e incompetência. É só lembrar dos vídeos na internet que estão disponíveis aos montes com discursos da Presidente com palavras desconexas e que claramente eram montagens maldosas a serviço da desconstrução.
6. E por fim, a tentativa de desconstruir a figura do Presidente Lula, o que não é novo, basta lembrar da figura de Lula bêbado, o cachaceiro. Tudo que Lula representou e ainda representa pela luta do povo, especialmente, pela classe trabalhadora, é deixado de lado, pois, agora, entra em cena a figura do
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