O Funk carioca e a Indústria Cultural

O funk carioca e a Indústria Cultural

A partir da década 70, um fenômeno cultural muito importante e intrigante começa a acontecer nos subúrbios da cidade do Rio de Janeiro, e que acabaria tendo uma influência nacional nos anos que se seguissem. O fenômeno em questão é o nascimento do tão famoso gênero Funk Carioca, que surge a partir de um sincretismo de diversos gêneros musicais, tanto estadunidenses como também brasileiros.

Nessa época, o que conhecemos como baile funk tem seu início nas favelas do Rio de janeiro com o nome de bailes da pesada, com ritmos predominantemente de Soul e Funk tradicional. Concomitantemente com esse movimento surgem outros tipos de baile, como o Black ou Shaft, que tinham sua inspiração em filmes e músicas americanas que falavam, principalmente, do orgulho negro. A partir da década de 80, vemos, mais uma vez, influências estrangeiras sobre o Funk Carioca, e dessa vez se trata do Miami Bass, que trouxe os temas eróticos para o gênero. Em meados da década de 90, vemos finalmente a identidade do Funk Carioca se consolidar, com o aumento da popularidade dos gêneros de Rap e da retratação do dia-a-dia nas comunidades e sua realidade.

Percebe-se que o Funk está em volta de uma realidade cultural e popular muito forte, envolvendo não só os jovens de sua região de origem, mas jovens de todo o Brasil. Entretanto, esse gênero musical e diversas outras manifestações artísticas, estão sendo vítimas de um fenômeno chamado de Indústria Cultural.

A ideia da Indústria Cultural, surge a partir de pensamentos de dois pensadores da Escola de Frankfurt no contexto da Segunda Guerra Mundial, Theodor Adorno e Max Horkheimer, que acreditavam que o tom contestatório dessas manifestações artísticas não permaneceríam por muito tempo em circulação, já que se mostraram ser facilmente assimiladas pelo mundo comercial. A ideia dos dois está diretamente ligada a uma análise do sistema capitalista, já que provieram de inspiração das obras de Karl Marx.