O GENERO EM PERSPECTIVA
Por: mcmilena • 5/9/2017 • Resenha • 651 Palavras (3 Páginas) • 130 Visualizações
Na última década, dados demonstram que aproximadamente 42% dos empreendedores eram mulheres (DE VITA, 2014), o que representa importante motor para o crescimento econômico e social, em especial de países em desenvolvimento, devido a promoção de trabalho produtivo, igualdade de gênero e diminuição da pobreza. Em países desenvolvidos as mulheres são mais motivadas a empreender por oportunidade, enquanto em países de economias em desenvolvimento são mais propensas a empreender por necessidade (BRUSH; COOPER, 2012), tais como em continentes como Ásia e América Latina, em que as taxas de empreendedoras mulheres são maiores. Mendes (2002) afirma que as mulheres estão, em grande parte, inseridas no mercado de trabalho de maneira informalizada, e por necessidade.
Tomando uma posição construcionista, no sentido de que gênero é um termo socialmente construído (SCOTT, 1995), a divisão do trabalho segundo o gênero se revelou uma construção social. A teoria sociológica da divisão sexual do trabalho tem se renovado à medida que amplia o conceito de trabalho (HIRATA, KERGOAT, 2005), que agora pode ser pensado como trabalho profissional e doméstico, remunerado ou não remunerado, formal ou informal (HIRATA, 2010), inclusive o empreendedorismo. Contudo, a visão essencialista do empreendedorismo em um contexto social reforça-se a divisão e atribuição de papéis por sexo no mundo do trabalho. Ahl (2006) aponta que as diferenças sociais construídas em torno do ser homem e ser mulher, refletem, em especial, nas relações de poder. A medida que se polariza as relações em pressupostos binários (sexo), reproduzir-se-ão papeis subordinados, construídos socialmente, das mulheres. “[...] a análise de gênero de Scott não corresponde ao gênero em si, mas aos diversos campos que reproduzem/produzem discursivamente a representação masculino/feminino”. (BITENCOURT, 2013, P. 181), o que nos auxilia no questionamento dos pressupostos binários (sexo), os quais são reforçados nas diferentes relações sociais.
O empreendedorismo tem conotação masculina, visto que empreender por muito tempo ficou restrito ao universo masculino, tendo sido empreendedores, geralmente, os homens (AHL, 2006). Neste sentido, o empreendedorismo feminino, expressão que auxilia na intenção de marcar a presença da mulher nesta atividade, vem carregada de estereótipos adquiridos ao longo da história para marcar a divisão do trabalho entre homens e mulheres. Estereótipos marcados pelo discurso dominante de que às mulheres compete o cuidado com filhos e filhas, e se adequarem a arranjos sociais em que o homem é o provedor da família (AHL, 2006), que trabalha no âmbito do público, ficando as mulheres restritas ao privado.
O perfil do empreendedor, papel preponderantemente masculino, é apresentado por Schumpeter (1934), com características tais como: propensão a assumir riscos, criatividade, oportunidades, busca pela inovação, pró atividade, habilidade em conduzir situações adversas e usufruir bem dos recursos, eficiência e planejamento, astucia, características estas marcadas por esterótipos do que vem a se constituir a identidade do trabalhador empreendedor masculino.
Neste sentido pode-se tratar da construção do papel e perfil social do empreendedor a luz das teorizações de Erving Goffman (1983) sobre o processo de representação do eu. Segundo Goffman “o papel que o indivíduo
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