O Resumo Bourdieu
Por: Wilson Alves Pereira • 17/8/2017 • Resenha • 2.199 Palavras (9 Páginas) • 143 Visualizações
Biografia de Bourdieu
Pierre Félix Bourdieu nasceu em 01/08/1930 em Denguin, França, ainda na cidade campesina completou o que temos atualmente como Ensino Médio e em 1951 mudou-se para Paris para estudar na Faculdade de Letras e três anos após, em 1954, Bourdieu formou-se em Filosofia e então começou a lecionar em Moulins, mas teve que ir obrigatoriamente para a Argélia para prestar serviço militar, onde retomou suas atividades como professor na Faculdade de Letras em Argel.
Posteriormente, Bourdieu retornou para Paris, tornou assistente de Raymond Aron, mais tarde, ainda em 1960, virou membro do Centro de Sociologia Européia e depois secretário-geral da mesma instituição. Mesmo sendo filósofo por formação, Pierre Bourdieu tornou-se um famoso sociólogo no século XX, devido às suas numerosas publicações.
Já é intrigante o fato de um filósofo ter sucesso como um grande sociólogo, mas o que é mais surpreendente ainda é o caráter interdisciplinar de Bourdieu, pois ele publicou muito acerca de literatura, cultura, mídia e até mesmo política, fato esse que o tornou um modelo a ser seguido na Antropologia e na Sociologia.
As teorias de Bourdieu tem certa conexão às idéias de Classes Sociais, proposta por Karl Marx e as Esferas de Weber. Bourdieu propôs que há no mundo social estruturas objetivas, construídas socialmente, que podem influenciar as ações dos indivíduos, o que ele denominou como estruturalismo construtivista e a base de Marx é que Bourdieu acredita que as relações sociais estão numa relação dialética.
Em sua carreira o filósofo e grande sociólogo engajou idéias fundamentais para melhor compreensão da ciência, sendo esses o conceito de campo, habitus e capital e, além disso, propôs subconceitos como capital social, capital cultural, capital econômico e capital simbólico. Esses conceitos e subconceitos serão abordados mais adiante.
Seu árduo trabalho e dedicação em publicação promoveu o recebimento do título honoris causa, uma expressão em latim que significa literalmente “por causa de honra”, tal título é direcionado à pessoas de grande renome e importância para uma Universidade, é dado com base em seus feitos de intervenção contra guerras, problemas sociais em geral, que promove a paz e tem grande influência na ciência. O título possibilita que a pessoa desfrute dos benefícios como se tivesse feito um doutorado acadêmico convencional. Bourdieu recebeu os títulos honoris causa em 1989 na Universidade Livre de Berlim, 1996 na Universidade Johann Wolfgang Goethe, e no mesmo ano na Universidade de Atenas. A morte de Bourdieu foi em 23/01/2002 em Paris.
Prefácio - Patrick Champagne
Trata-se da narrativa de Patrick Champagne, um sociólogo alemão, que durante muitos anos trabalhou ao lado de Pierre Bourdieu. Em sua narrativa ele ressalta que não é uma tarefa trivial introduzir Bourdieu, devido à numerosas e interdisciplinares publicações feitas pelo mesmo e potencializa a dificuldade em virtude de longos anos de trabalho juntos. A apresentação de Bourdieu deveria ser feita ao Institut National de la Recherche Agronomique (INRA), o primeiro Instituto de investigação agronômica da Europa e o segundo em ciências agrícola no mundo, que trabalha em virtude de encontrar soluções para os grandes desafios que a sociedade mundial enfrenta, antes da presença de Bourdieu entre os cientistas do Instituto.
O INRA (Instituto Nacional de Investigação Agronômica) foi criado 1946, após a Segunda Guerra Mundial, sendo composto por 13 departamentos científicos, era focado inicialmente na produção agrícola, mas sua investigação tem gradualmente estendido para questões relacionadas ao meio ambiente, gestão da terra e alimentos (qualidade dos produtos, valor nutricional e segurança alimentar). Os avanços em ferramentas de modelagem e computação permitem abordar o estudo de sistemas complexos em diferentes níveis de organização, em escalas de tempo e espaço diversificado.
Mesmo diante de uma difícil tarefa, Patrick inicia abordando alguns aspectos que em sua perspectiva são mais fundamentais, dessa maneira começa retratando da multidisciplinariedade de Bourdieu ao trabalhar sobre diversos assuntos, como citado em sua biografia, salienta também o longo caminho percorrido por Bourdieu em 40 anos de estudos e centenas de pesquisas utilizadas para elaboração de sua obra.
Ao sair da “Escola Normal Superior” Bourdieu começa a trabalhar acerca da crise do mundo camponês, seus trabalhos foram feitos na Argélia, durante serviço militar, e posteriormente em Béarn. Sua primeira obra foi “O desenraizamento” que aborda a crise da agricultura tradicional da Argélia, posteriormente uma gama de publicações foi realizada.
Bourdieu escreveu “Argélia 60”, que é sobre o encontro da sociedade argeliana tradicional com o capitalismo. Em 1962 publicou o artigo “Celibato e condição camponesa” onde ele defende que não somente o capitalismo foi responsável pela crise, mas diversos fatores como até mesmo a reprodução biológica dos indivíduos. Posteriormente lançou o que foi seu primeiro sucesso, “Os estudantes e a cultura”, escrito com Jean - Claude Passeron.
Em 1966 publicou “Amor pela arte”, obra em que ele introduz a noção de capital cultural, dois anos mais tarde, 1968, funda seu próprio laboratório de pesquisas. Em 1970 publica “A reprodução” que foi um grande sucesso, mas também um dos mal-entendidos. Na década de 1970 realiza estudos sobre os processos de diferenciação social, que contribui para formação de uma teoria geral das classes sociais e em 1979 publicou “A distinção”.
Antes de publicar “A distinção”, Bourdieu lança o artigo “O mercado dos bens simbólicos” em 1971, em 1975 retoma estudos sobre o sistema de ensino e publica “A especificidade no campo científico e as condições sociais do progresso da razão” onde introduz conceitos como campo e capital científico. Em 1980 lança “O senso prático”, posteriormente em 1984 publica “Homo academicus” retratando da vida acadêmica e a crise de 68.
Em 1989 Bourdieu lança “Grandes escolas e corporativismo”, mais tarde em 1992, 10 anos antes de sua morte, lança “As regras da arte” onde propõe uma teoria geral dos campos, aborda o que é revolução simbólica e a função social dos intelectuais. Em 1993 unido com um grupo de sociólogos publicou “A miséria do mundo”, um livro de quase 1000 páginas, que possibilitou o recebimento de uma medalha e em “É sobre televisão” viu-se diante de uma polêmica pela má interpretação do título de sua obra.
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