Para entender o desenvolvimento sustentável (José Eli da Veiga)
Por: reynara.neu • 7/8/2019 • Resenha • 786 Palavras (4 Páginas) • 350 Visualizações
Para Entender o Desenvolvimento Sustentável – José Eli da Veiga
Capítulo 2: Para entender o Desenvolvimento
Veiga disserta, no início de seu segundo capítulo, sobre a visão ocidental acerca do conceito de desenvolvimento – aquela ligada ao crescimento econômico – frente a outras formas de sociedade humana. Assim, são apresentados posicionamentos críticos às práticas desenvolvimentistas e ao ideal de progresso, valorizando essas sociedades alternativas. Ao apresentar autores como Arturo Escobar e Rahnema, que descrevem o desenvolvimento como uma continuação das atitudes colonialistas, ou seja, mecanismos voltados para o exercício de controle, Veiga caracteriza o “pós-desenvolvimento”. O pós-desenvolvimento, então, consiste na rejeição de qualquer desenvolvimento, inclusive o humano e o sustentável, sob a justificativa de que, uma vez baseado no crescimento econômico, o desenvolvimento nada mais seria que uma forma de empreendimento – que transforma as relações humanas e naturais em mercadorias. Veiga cita Sachs ao dizer que o desenvolvimento foi o responsável pelo modelo de dominação estadunidense, em que o país é considerado o padrão a ser seguido por suas características econômicas. Desse modo, o pós-desenvolvimento busca a criação de sociedade alternativa à sociedade de consumo ocidental: uma sociedade “convivial”, que supera os meios de produção e consumo propostos pelo desenvolvimentismo. Assim, em escala global, os países subdesenvolvidos deveriam rejeitar o modelo de desenvolvimento imposto com a colonização e o imperialismo e recuperar sua identidade. No entanto, Veiga propõe uma crítica a essa concepção, visto que a humanidade vem se desenvolvendo há milhares de anos – muito antes do surgimento do ideal econômico do pós-Segunda Revolução Industrial, criticado pelos pensadores do pós-desenvolvimento. Além disso, Veiga questiona a essência do desenvolvimento. Para ele, o conceito tem por motivação e finalidade a liberdade de escolha do estilo de vida, e a garantia dos meios que possibilitem essas escolhas. Assim, a ideia seria, além de econômica, política e social. Um indício desse posicionamento é o fato de que os indicadores de qualidade de vida, de maneira geral, têm melhorado ao longo do tempo – o que se deve a outros fatores além do crescimento da economia, como o progresso industrial e tecnológico e a criação de políticas públicas. Por isso, Veiga defende a impossibilidade de mesurar o desenvolvimento apenas com indicadores econômicos, como a renda per capita. E isso se deve também ao fato de que, ainda que a desigualdade seja o principal fator a ser enfrentado em busca de desenvolver-se, ela não se limita à renda. O capital, então, deve ser incorporado a um cenário mais complexo de formas de desigualdade – a pobreza precisa ser entendida como a impossibilidade de atender às necessidades básicas, como saúde, educação e alimentação, e não só como uma população de “baixa renda”. Por fim, pode-se dizer que, ainda que o pós-desenvolvimento esteja correto em criticar as relações de produção e consumo que regem o modelo atual de desenvolvimento, o termo não é um ponto a ser superado, um erro. Desenvolver-se é uma capacidade inata do ser humano, muito além do viés econômico, e tem o papel fundamental de expandir a liberdade e aumentar a qualidade de vida, valorizando a vivência em sociedade. O maior desafio na busca pelo desenvolvimento, então, é o combate às desigualdades em todos os âmbitos – sociais, econômicos e ambientais. Assim, é certo concluir que, quanto mais eficazes forem os mecanismos contra as desigualdades, maior será o alcance do real desenvolvimento.
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