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Pensamento político brasileiro na primeira república

Por:   •  20/4/2017  •  Trabalho acadêmico  •  1.912 Palavras (8 Páginas)  •  301 Visualizações

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  1. Introdução

O seguinte trabalho tem por objetivo principal traçar uma reflexão sobre o pensamento político brasileiro na primeira república, como ele se desenrolou e quais foram suas principais influências e conseqüências para a história política e social do nosso país. Dessa forma, faremos uma alusão direta à obra de Euclides da Cunha, “Os Sertões” que narra de forma detalhista uma das mais importantes revoltas que aconteceram dentro dessa primeira República Brasileira, fazendo com que possamos entender de forma mais clara como se davam as relações políticas que tinham um cunho autoritário e eram estritamente ligadas com a força militar da época.

  1. O pensamento político brasileiro na primeira república e “Os Sertões”

Ao se tratar de pensamento político na primeira parte da república brasileira, devemos salientar que  o Movimento Republicano teve seu início em pleno andamento do Império, ou seja,  a partir de 1870. Durante esse período, muitas das mudanças exigidas pelos republicanos já vinham sendo promovidas pelos diferentes gabinetes ministeriais do império, ou seja,  o regime monárquico buscava ajustar sua política com intuito de permanecer mais tempo no poder. Porém, esse fato não aconteceu devido principalmente  a crise política e econômica  vivida pelo Império, bem como as mudanças sociais que eram evidentes.

Porém, o regime Imperial não conseguiu se adequar as transformações sociais que o Brasil vinha sofrendo, contribuindo para que os ideais republicanos se consolidassem, acentuando o antagonismo e a afirmativa  que o país estava nas mãos dos tradicionais senhores de terras que governavam o país como governavam suas fazendas, defendendo apenas o seu próprio interesse.

Embora outras questões também fossem denunciadas pelos republicanos, como diferença de raça, posição econômica e a manutenção dos privilégios da elite em relação à sociedade, continuaram prevalecendo a desigualdade social, pois não era intenção dos republicanos alterarem a ordem econômica, muito menos social, mais sim atrair cada vez mais adeptos, fortalecendo assim a causa republicana. Dessa forma então, podemos dizer que a primeira República Brasileira tratava-se de uma extensão do pensamento político que pairava no Império do Brasil, sendo inclusive nomeada de “República de Conselheiros” por conter em seu bojo grandes nomes do Império nos primeiros anos republicanos. Outra característica da República brasileira nesse período foi a ausência de participação política popular, que assistia bestializado a todas as mudanças sofridas pelo país após um chamado golpe militar que instaurou, segundo Aristides Lobo, a República. Dessa forma é possível detectar um afastamento e um desconhecimento  de grande parte da população no que diz respeito as diversas mudanças que vinham acontecendo na sociedade brasileira tanto no âmbito político, como no âmbito social dentro do pais. Como tido na obra de Weffort:

                          “A República também começou sob o signo da instabilidade política. Em continuidade com o Império, dirigida por militares e distante do povo, nasceu sob o signo dos governos de mão dura. Assim como na monarquia, na qual o poder pessoal do imperador era quase tudo, inauguramos na República um presidencialismo de tipo caudilhesco. Ou, nos seus momentos de maior elegância, um presidencialismo de tipo imperial. Os governos de Deodoro da Fonseca (1889-1891), Floriano Peixoto (1891-1894) e do primeiro presidente civil, Prudente de Morais (1894-1898), responderam com força às turbulências dos primeiros anos da República ainda em consolidação. Esses primeiros sinais de uso da força surgiram quando Floriano Peixoto derrotou a Revolta da Armada (1894), movimento de protesto da marinha ao qual se atribuía uma intenção de restauração monárquica. Mas, à parte as eventuais reações dos restauradores, a força parecia a alternativa que restava a uma República que começara instável e a uma enorme distância do "país real". (WEFFORT, 2006)

Dessa forma, com o afastamento popular nesse novo regime aqui instaurado, podemos observar diversos episódios de tormento social e instabilidade política presentes  nos primeiros anos da República.  As tensões em torno da reconfiguração dos poderes implicaram duras e instáveis negociações entre as oligarquias locais e os governos estaduais e federais. Embora o federalismo da Carta de 1891 estivesse perfeitamente alinhado com a demanda e o modo de vida federalistas da sociedade recém ingressa na República a definição de novos padrões e personagens de sustentação política ainda não estava funcionando de maneira esperada. À diferença da relativa unidade imperial em torno da figura do Rei, a República trazia em si as marcas da dispersão política e da desordem social. Apesar de seu anuncio como de tendência  liberal e democrático esse regime estava dominado por forças política elitista,   constituída a  partir de um modelo de Estado oligárquico. Desta indeterminação então, se o resultou uma grave instabilidade das origens republicanas no país.  A influência das oligarquias no Estado leva a República a se tornar um sistema político estagnado e viciado, no qual atuavam apenas as elites regionais, controlando eleições, partidos, políticas e demais autoridades, alternando-se no poder que foi disputado por todos os meios..

Ao se falar na instabilidade social que assolava o Brasil durante o período da primeira república, não podemos deixar de citar a obra de Euclides da Cunha “Os Sertões” que foi tido um marco na literatura pela profunda repercussão na vida cultural e intelectual na sociedade da época, onde visava retratar as perspectivas positivistas e cientificistas do fim do império e o início da República, buscando renovar as mentalidades até então encontradas no país. O autor discorre em sua obra sobre a guerra de Canudos, um importante acontecimento dentro da República brasileira que aconteceu interior do nordeste brasileiro, sendo conhecida como dos maiores conflitos sociais envolvendo a luta das populações pobres pela posse da terra. As principais causas deste conflito estão relacionadas às condições sociais e geográficas da região. As características geográficas e as condições sociais do Nordeste brasileiro formavam um conjunto de fatores geradores de um estado de permanente conflito e revolta social. Toda aquela região era composta de latifúndios improdutivos, que eram grandes extensões de terra pertencentes a poucos proprietários.

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