RESUMO DO CAPITULO “CULTURA E IDENTIDADE” DO LIVRO “NOÇÃO DE CULTURA NAS CIÊNCIAS SOCIAIS” DE DENYS CUCHE
Por: Jimenez123 • 18/7/2019 • Resenha • 1.569 Palavras (7 Páginas) • 1.138 Visualizações
RESUMO DO CAPITULO “CULTURA E IDENTIDADE” DO LIVRO “NOÇÃO DE
CULTURA NAS CIÊNCIAS SOCIAIS” DE DENYS CUCHE
No capítulo seis do livro “A noção de cultura nas ciências sociais”, Denys Cuche irá
abordar a questão da identidade. Ele inicia o capítulo dizendo que o seu uso é cada vez mais
frequente e aponta que o uso deste termo é o efeito de uma verdadeira moda que está, em
grande parte, desprendida do desenvolvimento da pesquisa científica.
No contexto do enfraquecimento do modelo de Estado-nação, da extensão da
integração política supranacional e da globalização da economia, há o desejo de ligar as
interrogações da identidade com a cultura. É comum ver as crises culturais como sendo crises
de identidade. Atualmente, a moda envolvida com a identidade é referente à exaltação da
diferença que surgiu nos anos 70 e, consequentemente, levou a tendências ideológicas
diversas, até mesmo em oposição a sociedade multicultural.
Apesar dos conceitos de cultura e identidade estarem estreitamente ligados, não é
possível confundi-los. De acordo com as ciências sociais, essa segunda noção é caracterizada
por sua polissemia e fluidez, com isso, apesar do seu surgimento recente, já existem diversas
definições e conceitos. Um exemplo se situa nos Estados Unidos da década de cinquenta, essa
ideia de identidade cultural foi conceituada para ser utilizada como um mecanismo para
analisar a questão dos imigrantes na sociedade. Dessa forma, era concebida como imutável e
determinante na conduta dos indivíduos.
Para a psicologia social, a identidade permite analisar a articulação do psicológico e
do social em um indivíduo, resultado das interações deste com o ambiente social. Nessa
perspectiva, uma característica importante é que, por meio da identidade, é possível que uma
pessoa se identifique com outras e consiga se localizar no meio social e seja localizado.
Entretanto, a identidade social não se refere somente aos indivíduos, como também de
grupos, já que todo grupo é dotado de identidade própria. Essa, ao mesmo tempo que inclui
os seus semelhantes, ela exclui os que são distintos. Dessa forma, nesse ponto de vista, a
identidade cultural categoriza as diferenças culturais.
Como foi dito anteriormente, as concepções de cultura e identidade cultural estão
estreitamente relacionadas. Com isso, aqueles que veem a cultura como sendo parte de uma
herança, de algo que não se pode escapar, conceberia da mesma forma a identidade como
algo eu definiria um indivíduo para sempre e que o marcaria para sempre. Isto é, a origem de cada ser seria aquilo que o definiria de forma autentica e a identidade seria preexistente ao
indivíduo que não teria uma alternativa a não ser aderi-la, pois senão poderia se tornar um
marginal. Assim, a identidade é vista como algo que é impossibilitada de evoluir e sobre a
qual os indivíduos não tem nenhuma influência.
Conclui-se, então que essa problemática envolvendo a origem à identidade cultural
pode levar a uma racialização, já que nessa concepção a identidade está quase inscrita no
patrimônio genético, é vista como inata. O indivíduo ao nascer já possui os elementos da
identidade étnica e cultural, ou seja, essa é concebida como estável e definitiva.
Em adição, o autor traz a abordagem culturalista que, apesar de obter resultados
semelhantes, ela enfatiza a herança cultural em detrimento da herança biológica. Segundo
esta abordagem, o individuo interioriza os elementos culturais até o ponto de se identificar
com o seu grupo de origem. Da mesma forma que a abordagem biológica, a identidade é
definida como preexistente ao indivíduo. Desse modo, os pesquisadores tentarão listar os
atributos culturais que servem de base para a identidade coletiva e, assim, determinarão as
invariantes culturais que permitem definir a essência do grupo, ou seja, o que é invariável.
Outras teorias de identidade cultura, chamadas de primordialistas, consideram a
identidade etno-cultural primordial pois a vinculação ao grupo étnico é a primeira e a mais
importante de todas as vinculações sociais, já que são baseados em uma genealogia em
comum. Acreditam que no grupo étnico que se partilham as emoções mais profundas e
estruturantes. Assim, a identidade cultural é vista como uma propriedade essencial inerente
ao grupo pois é transmitida por ele e no seu interior. Nessa concepção, a identificação é
automática, tudo já estava estabelecido desde o seu começo.
Essas teorias são definidas como objetivas em relação à identificação cultural, ou seja,
nelas a identidade é descrita a partir de certos critérios determinantes, considerados como
“objetivos”, como o autor exemplifica: a língua, a cultura, a religião, a psicologia coletiva.
Sem esses, o grupo não pode construir um grupo etno-cultural, não pode reivindicar uma
identidade cultural autêntico.
Para criticar essas concepções, existe a visão subjetivista do fenômeno da identidade.
Para eles, a identidade não é recebida definitivamente, pois se encarar o fenômeno dessa
forma, ele é considerado estático que remete a uma coletividade definida de maneira
invariável. Assim, consideravam a identidade etno-cultural como um sentimento devinculação ou uma identificação a uma coletividade imaginária em maior o menor grau. Isto
é, o importante são as representações e os vínculos que os indivíduos fazem da realidade
social e de suas divisões. Essa visão é levada ao extremo quando define a identidade como
algo que é escolhido de forma individual e arbitrária. Em conclusão, os analistas subjetivistas
consideravam a identidade como sendo variável, apesar de enfatizar o aspecto efêmero dessa.
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