Resenha - Geografia Pequena História Critica
Por: Bruno Athanasio • 17/2/2016 • Resenha • 2.248 Palavras (9 Páginas) • 5.089 Visualizações
UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE
POLO UNIVERSITÁRIO CAMPOS DOS GOYTACAZES
DISCIPLINA: GEOGRAFIA HUMANA E ECONOMICA
PROFESSORA: SOCORRO LIMA
RESENHA
Bruno Maciel Athanásio
CAMPOS DOS GOYTACAZES
JANEIRO DE 2016
RESENHA
Texto: “Geografia – Pequena História Crítica” Capítulos do 1 ao 6.
Autor: MORAES, Antônio Carlos Robert.
Livro: “Geografia – Pequena História Crítica”
Editora: Annablume
Cidade da Edição: São Paulo/SP
Ano da publicação (da 20º edição): 2005
Resumo:
Os capitulos resenhados compoem a obra “Geografia – Pequena História Crítica” de Antonio Carlos Robert Moraes, apresentam de maneira sintética e didática o que é Geografia, utilizando-se de bases históricas desde a Antiguidade e a formulação da Geografia Tradicional à Geografia do Século XIX e sua solidificação como ciência com métodos e objetos definidos aos horizontes que surgem ao longo do Século XX no campo geográfico; Descrevendo e analisando o desenvolvimento do pensar Geográfico e do temário geral da Geografia, no sentido da observação e descrição de paisagens e lugares, acompanhando o debate sobre sua fundamentação metodológica enraizada no positivismo e as variações de objetos e métodos, a fixação de certos pressupostos na sistematização dos saberes geográficos na acadêmia ao passo de uma fundamentação metodológica consistente e a partir disso a atuação sistemica dentro do seu temário e a larga produção de novos conhecimentos dessa, que talvez, somente, possa ser definida por que a faz.
Palavras-chave:
Geografia, História da Geografia, Geografia Tradicional, Geografia Humana.
Capítulo I “O objeto da Geografia”
O Autor introduz que a questão que inicia o livro (O que é Geografia?) não é tão óbvia quanto aparenta ser, pois refere-se ao campo de conhecimento científico de enorme polêmica.
Apresenta que as primeiras definições de Geografia se referem ao estudo da superfície terrestre, sendo as mais comuns e a mais vaga, definição essa apoiada na etimologia da própria palavra, tendo origem em concepções Kantianas, que coloca a geografia como uma ciência sintética (que a trabalha com dados das demais ciências), descritiva (que enumera fenômenos).
Já para outros autores, a Geografia é o estudo da paisagem (a análise dos aspectos visíveis do real), onde a paisagem é tida como a associação de múltiplos fenômenos morfológicos e da fisiologia, como um organismo, o que mantém a concepção de ciência de síntese.
Tem se também, nesse momento histórico do pensar geográfico, a Geografia como o estudo da individualidade dos lugares, convencionada sob o nome de Geografia Regional, que se propoem ao estudo de unidade espacial (de dimensão variável) que é individualizada segundo suas características próprias e/ou particulares. Tal perspectiva de individualização das regiões e áreas, proporciona a Geografia comparar diferentes regiões e por consequência analisá-las para explicar sua realidade particular, sua razão individualizadora.
Essa perspectiva comparativa traz a Geografia uma nova dimensão, pautada numa visão analítica e crítica, ancorada na dialética e no materialismo histórico, a partir da incorporação dos elementos construídos pelo homem em seu meio.
Nesse sentido, existem autores que apresentam que o objeto de estudo da Geografia é o espaço, mesmo que esta definição encontre dificuldades de definição tanto filosóficas quanto metodológicas, ele é concebido como uma categoria de entendimento e é, atualmente, um campo de estudos da Geografia.
Por fim, outros autores mais contemporâneos, colocam como principal objeto de estudos da Geografia as relações Homem (Sociedade) e Meio (Natureza), que visaria explicar as relações desses dois domínios da realidade, assim, a Geografia seria por natureza dual: Parte Ciência Natural, outra parte Ciência Humana. Essa concepção é sustentada por três interpretações: Homem se adaptaria ao Meio, Natureza como limitadora; Homem transforma o meio, assim a Natureza é potencializadora; E por fim, o equilíbrio entre Homem e Natureza. Tendo em comum entre elas a observações de fenômenos do Homem e da Natureza.
O autor finaliza o capítulo afirmando que este grande mosaico das correntes da Geografia e suas definições se limita aos modelos de maior repercussão dentro da chamada Geografia Tradicional, que precisava definir seu objeto para legitimar-se como ciência.
Capítulo II “O Positivismo como fundamento da Geografia Tradicional”
Retoma a diversidade de definições do objeto da reflexão geográfica tradicional, dando unidade à elas a partir do embasamento no Positivismo, fundando-se filosófica e metodologicamente a essa visão não dialética na prática ciêntifca.
Essa unidade positivista nas múltiplas definições da Geografia e seu campo de estudo, é expressa pela redução da realidade ao mundo dos sentidos e pela aparência do fenômeno, assim, pautado no estudo do que é mensurável, do que é visível.
Dessa forma, a Geografia é posta como uma ciência classificadora de fenômenos, de certa forma à reboque das Ciências Naturais sob a ótica de ciência de contato, vide que nesse momento a Geografia na fala de Sociedade mas sim de População, posta de certa forma em interpretações de que a Geografia seria uma ciência natural dos fenômenos humanos.
Essa visão naturaliza a ação humana e o coloca como mais um dado na paisagem, o que traz certa vaguidade ao objeto da geografia ao passo que a visão e discurso de ciência de contato tenta encobrir tal vaguidade que acaba por ser uma contradição à razão positivista, no sentido de que princípios imprecisos não respondem claramente a realidade.
Nesse sentido a diversidade, até antagonismo, metodológico e a não definição consensual do objeto teórico da Geografia gera inúmeras dificuldades na pesquisa de campo, ao passo que o exercício da própria pesquisa de campo utilizando um conjunto pré-estabelecido de princípios geográficos promove certa unidade ao pensar e fazer geográfico.
A fixação e a aceitação do temário geral da Geografia, ao longo de dois séculos e por sua generalidade e vaguidade, a proporciona a essa ciência a possibilidade de renovar-se, pois a amplitude de seu alcance permite a renovação de perspectivas ao passo das transformações de definições de seu objeto.
Essa possibilidade de renovação dá-se também, segundo frisa o autor, no sentido de que a transformação do objeto da Geografia, sendo a Geografia uma ciência que tende a refletir a realidade, ocorre por que a Geografia se desenvolve dentro de uma sociedade de classes em constante disputa, nesse sentido, sua natureza aparentemente conflituosa no que tange a estreita definição de seu objeto e de um método, é reflexo dessa disputa entre as classes ao fazer sua própria geografia, ou seja, uma Geografia que atenda seus próprios interesses.
Capítulo III “Origens e Pressupostos da Geografia”
Remetendo-se a Antiguidade, onde claramente o pensar geográfico já estava presente nas reflexões dos pensadores em diferentes dimensões e direções, nesse sentido o saber geográfico estava disperso, muitas vezes ligados a outros saberes e conhecimentos à priori; Pode visualizar esse quadro de pulverização dos saberes, hoje no bojo da Geografia, até o final do século XVIII.
A sistematização desses saberes ocorreu no início do século XIX, organizados sob os mesmos pressupostos, fundadores de uma chamada Geografia Renovada ou Geografia Moderna, em consonância com o desenvolvimento das relações capitalistas; De forma objetiva os pressupostos dessa nova geografia passam pelo conhecimento efetivo da extensão real da terra, sobre a diversidade de locais como base empirica para comparações, a cartografia no estabelecimento de rotas comerciais, reafirmação a valorização do temário geral da Geografia.
Nesse momento a expansão dos domínios sobre as mais diferentes regiões da terra, a Geografia, para atender a ampliação do seu objeto de estudo precisar inaugurar uma forma diferenciada de fundamentação e orientação filosófica e metodológica para atender esses novos dados; Nesse sentido a Geografia se renova, lança mãos de uma visão ligada ao mundo feudal, restrita por dogmas para filiar-se à perspectiva de pensadores iluministas, respondendo a questões de determinadas relações sociais como Economia, População e Produtividade ou ligadas as condições ambientais, como adaptação e/ou transformação do meio, fruto sobretudo do avanço capitalista e da transformação das formas de produção e comércio de produtos e serviços.
Nesse período histórico pode-se observar um certo início de utilitarismo, alinhado as necessidades capitalista, da Geografia no sentido de uma nova ciência responder a novos fenômenos frente a uma nova organização social, que impactava na em diferentes esferas tanto na Natureza quanto na Sociedade.
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