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(Resenha) Sexo e temperamento - Margaret Mead

Por:   •  7/3/2019  •  Resenha  •  1.094 Palavras (5 Páginas)  •  2.789 Visualizações

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   Em seu livro Sexo e Temperamento, Margaret Mead faz uma analise das culturas das sociedades Arapesh, Mundugumor e Tchambuli. Nesse estudo, podemos perceber que nossa personalidade e comportamento, ao contrário do que muitos acreditam, não são definidos pelo gênero[a], mas sim pela cultura, e que podem ser desenvolvidos de diversas maneiras.

    Entre os Arapesh, percebe-se um temperamento dócil e gentil, dirigido ao bem-estar social, principalmente na criação dos filhos. Em nossa sociedade, esse comportamento é ligado à figura feminina, porém entre os Arapesh é predominante em ambos os gêneros. Outra característica desse povo é sua passividade em situações problemáticas. Devido à atmosfera de plena calma e segurança, as pessoas não aprendem a lidar com imprevistos considerados violentos. Para eles, existem apenas dois tipos de pessoas: “amigo completo ou completo inimigo”, nas palavras de Mead.

   Não existe a pratica de brincadeiras em grupo entre as crianças. Os únicos momentos em que as crianças se juntam em grandes grupos são nas ocasiões festivas, porém não participam de jogos, apenas observam as danças e comemorações dos adultos. Esse pode ser um dos fatores que os levam a desenvolver a passividade.

   Nos poucos conflitos existentes, as flechas não são atiradas com o intuito de matar, apenas de retribuir um golpe que acertou outra pessoa. O pior medo é de que alguém leve uma “sujeira” (algum resto de alimento largado ou coisa do tipo) para um feiticeiro que possa fazer-lhe mal, muitas doenças ou problemas são atribuídos aos feiticeiros.

   Entre os Mundugumor, a vida social é contrária à vida dos Arapesh. Meninos e meninas desenvolvem personalidade agressiva e arrogante desde a mais tenra infância. Sua satisfação está na luta e na aquisição de mulheres.

   Desde a gravidez, tanto a mãe quanto o pai da criança a desprezam. A amamentação é sempre adiada pela mãe, a criança fica em cestas penduradas na parede e quando esta chora a mãe apenas arranha o cesto com as unhas, se a criança se cala, é esquecida, caso contrário, será finalmente amamentada, sendo segurada apenas pelos braços e devolvida ao cesto caso pare de mamar. Com o tempo a criança entende que deve se alimentar o mais rápido possível e muitas vezes se engasga no processo, a mãe apenas fica irritada e a devolve ao cesto.

   Os laços familiares são feitos através da relação de corda, a mãe tem preferência pelo filho e o pai, pela filha, e assim por diante. Essa preferência se dá pelo fato de que, quando o filho se casar, a nora irá morar com a sogra e a ajudará em suas tarefas, enquanto que a filha trocará de família. O filho também pode ter brigas com o pai por causa da Irmã, pois os casamentos se dão através de trocas e o pai pode preferir trocá-la por uma esposa para si mesmo. Caso o pai faça isso, a mãe ficará enraivecida por ter mais uma concorrendo a atenção de seu marido. Uma mulher também pode ser trocada por uma flauta sagrada.

   Nessa relação de corda, os pais insultam-se através dos filhos. “O pai cuida particularmente de indicar aquelas pessoas que são aparentadas a ele e à sua esposa nas formas mais contrastantes, de modo a garantir-se de que, toda vez que a filha abrir a boca para mencioná-los, ela esteja marcando um ponto contra a mãe. Esta se vinga, instruindo o filho da mesma maneira” (p. 201).

   Logo que o casamento é arranjado, a menina vai morar com a família do marido, para que deixe de ser responsabilidade de sua própria família caso fuja. Há maior preocupação caso a menina seja mais velha que o menino, que é o que geralmente acontece, pois, além de fugir, ela também pode se casar com outro homem da mesma família.

   Tchambuli é uma sociedade patriarcal, porém a economia é dominada pelas mulheres, que confeccionam os mosqueteiros, que são a principal fonte de renda da sociedade, e, quanto a alimentação, são elas que pescam. Quanto aos homens, eles se enfeitam de diversas maneiras e cuidam da arte, que recebe maior importância nesse povo, e das comemorações, as mulheres não se enfeitam.

   As mulheres dessa sociedade são unidas num grupo sólido, realizam suas tarefas em grupos, possuem personalidade determinada e compreensiva com relação aos homens, que são emocionalmente dependentes e não se relacionam muito bem entre si. Sentem-se incomodados quando estão na casa dos homens e qualquer palavra desapropriada gera brigas, têm um sentimento de instabilidade diante de outros homens.

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