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Resumo Necropolítica Achile Mbembe

Por:   •  11/6/2019  •  Resenha  •  914 Palavras (4 Páginas)  •  1.128 Visualizações

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RESUMO NECROPOLÍTICA

Achille Mbembe

O ensaio de Achille Mbmebe, Necropolítica, trata da questão da soberania e à sustenta como expressão máxima de poder e capacidade de decisão sobre quais vidas merecem ser vividas e quais corpos são matáveis. Ou seja, a soberania permite definir quem importa e quem não importa para a lógica política vigente, quem é descartável e quem não é. Para tal empreendimento, o autor camaronês procura elucidar a maneira como esse conceito de soberania foi encarado, de forma fortemente normativa, como um projeto de autonomia, desempenhado por homens e mulheres livre e iguais, criando uma narrativa na qual os sujeitos seriam os principais controladores de seus próprios significados.

Além disso, de acordo com essa visão da soberania por parte da filosofia clássica, a busca da razão configurava o elemento constitutivo dessa autonomia soberana e que proporcionava aos sujeitos o alcance à noção de liberdade. Portanto, nessa definição de soberania clássica e ocidental, a consideração sobre esse trabalho de morte, o qual Mbembe denomina necropolítca, não existe. Todavia, Mbembe sugere tratar de formas de soberania cujos projetos não perpassem por essa luta constante por autonomia através do exercício da razão.

O ensaio propõe, na verdade, um olhar sobre categorias fundadoras menos abstratas e mais táteis, como a própria vida e a morte. Essa lógica soberana que considera os efeitos marcantes da necropolítica seria constituinte do próprio nomos do espaço político contemporâneo, como o texto demonstra através de seus inúmeros exemplos da Política Internacional dos dias atuais.

A partir das postulações de Michel Foucault sobre a governamentalidade particular do neoliberalismo, Mbembe desenvolve sua própria chave de leitura da atualização da lógica de produção e reprodução capitalista. Publicado pela primeira vez em 2003, o texto nos ajuda a pensar tanto as crises capitalistas daquele período quanto a mais recente, cujo ápice se deu em 2008 e que ainda parece não ter sido totalmente compreendida ou resolvida. Afinal, é possível dizer que o pós-crise de 2008 nos está levando a uma reconfiguração da razão biopolítica do capitalismo neoliberal? Nesse sentido, a investigação de Mbembe possibilita pensar as técnicas e dispositivos das mentalidades de governo contemporâneas, relacionandoas aos conceitos de guerra, resistência, sacrifício e terror.

A partir das colocações de Arendt e Agambem sobre os campos de concentração nazista e o conceito de Estado de Exceção, o autor identifica uma estrutura não só político jurídica como também subjetiva, que reduz o indivíduo ao seu corpo biológico, desprovendo-o de estatuto político e facilitando o que o próprio autor chama de “trabalho de morte”. O Estado de Exceção, logo, é a base normativa do direito de matar. Essa nova leitura da política revela na soberania, entendida nos termos de Mbembe, um exercício contínuo sobre esse direito de matar e deixar viver, sendo essa dinâmica a manifestação de um poder soberano. Sendo assim, o necropoder e sua expressão de soberania estão longe de ser uma insanidade.

Na verdade, eles atuam na produção de uma racionalidade específica que faz parte da construção das relações na contemporaneidade. Portanto, mesmo os acontecimentos mais brutais da História - Mbembe aponta os exemplos do Terror durante a revolução francesa, dos regimes escravocratas e o Apartheid na África do Sul, devem ser vistos como inseridos dentro desse nexo e não como pontos fora da curva. Esse apelo recorrente à exceção – que se torna regra – permite a emergência de uma noção ficcional de sujeitos “inimigos” da ordem e da razão. Daí o destaque do racismo na própria racionalidade do biopoder.

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