Resumo do prólogo de “A Queda do Céu”
Por: Milena Marçal Souza Freitas • 25/11/2020 • Relatório de pesquisa • 1.183 Palavras (5 Páginas) • 387 Visualizações
Resumo do prólogo de “A Queda do Céu”
‘’Este livro, ao mesmo tempo relato de vida, auto etnografia e manifesto cosmopolítico, convida a uma viagem pela história e pelo pensamento de um xamã yanomami, Davi Kopenawa.’’
‘’A queda do céu’’ é o primeiro relato interno sobre a sociedade Yanomami. Possui a descrição do itinerário pessoal e pensamentos sobre os ocidentais de Davi Kopenawa, xamã e porta-voz yanomami contemporâneo. O livro conta sua trajetória desde a primeira infância, além de relatar a história pessoal de Kopenawa, o mesmo também apresenta a história do destino coletivo dos Yanomami. Engloba: mitos, narrativa de sonhos, visões e profecias xamânicas, falas reportadas e exortações políticas, etnografia e antropologia simétrica.
Esse livro é fruto da interação entre duas culturas, um projeto de colaboração entre um xamã e um etnógrafo. A pedido de Kopenawa, o livro foi escrito visando denunciar a violência branca sobre a sociedade Yanomami e a Amazônia e também lançar um apelo contra o perigo que a voracidade desenfreada do “Povo da Mercadoria” faz pesar sobre o futuro do mundo humano e não humano. Tal situação foi responsável por fazer com que o livro fosse escrito de forma acessível ao público leigo no assunto. O livro se estrutura em 3 partes: a primeira relata a relação de Davi Kopenawa com a arte xamânica, tanto na infância, quanto depois de casado; a segunda, a relação dos Yanomami com os brancos, cultura ocidental; a última parte trata da degradação do território Yanomami e a luta de Kopenawa pela conservação e sobrevivência da cultura e território. Essa o levou a representação de seu povo em nível nacional e internacional, Europa e Estados Unidos.
Os Yanomami são um dos maiores grupos ameríndios da Amazônia (cerca de 33 mil pessoas repartidas em mais ou menos 640 comunidades. Tal sociedade ocupa 230 mil km², nas duas vertentes da serra Parima onde é encontrado várias culturas e um grande conjunto linguístico formado por línguas e dialetos de mesma origem.
Esse povo mencionado, é uma sociedade que conserva seu modo de vida tradicional, são caçadores-coletores e agricultores de coivara. A Terra Indígena dos Yanomami foi homologada em 1992, um território de 96.650 km² dividido em torno de 260 grupos locais. As comunidades são constituídas por parentes cognáticos nas quais as famílias são unidas por intercasamento repetidos por 3 gerações.
O povo Yanomami tiveram seus primeiros contatos com a cultura ocidental entre 1940 e 1960, por meio de missões católicas e evangélicas e postos do SPI (Serviço de Proteção ao Índio) que foram alocados à margem do território Yanomami. Esse contato provocou surtos de epidemias locais e possibilitou a obtenção de bens manufaturados. Os avanços na fronteira do território Yanomami se intensificaram em 1970 com a construção de uma estrada em 1973, que mais tarde foi abandonada em 1976, e com a corrida pelo ouro na região central do território indígena, em 1987, que acabou sendo contida na década de 1990. Entretanto, recentemente, o garimpo se intensificou mais uma vez nessa área e está ameaçando a integridade do território Yanomami, junto a agropecuária local e as companhias mineradoras.
O xamã yanomami, Davi Kopenawa, nasceu em 1956 em Marakana, e vivenciou em sua infância, a população da sua terra natal ser dizimada por epidemias provindas do contato com os ocidentais: primeiro em 1959, por doenças propagadas pelo SPI, ironicamente, e, mais tarde, em 1967 pelos membros da organização norte-americana New Tribes Mission. Essa mesma organização também foi responsável por lhe atribuir um nome católico e pela aprendizagem da escrita e do cristianismo.
Seguindo em contato com os ‘’estrangeiros’’ brancos, trabalhou em um posto da FUNAI (Fundação Nacional do Índio), lugar no qual contraiu tuberculose. Durante o tempo que esteve hospitalizado, por conta da doença, obteve um conhecimento básico do português. Após esse contato degradante com a cultura ocidental, ele retornou a sua cultura e terra natal, porém essa reclusão não durou muito tempo.
Com a abertura da Perimetral Norte passou a ser intérprete da Funai, essa experiência lhe possibilitou conhecer o território Yanomami com mais afinco e as relações predatórias dos brancos, se refere como “Povo da Mercadoria”, com o território e cultura indígena, colocando em risco a permanência da floresta
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