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Teorias Antropológicas Contemporâneas

Por:   •  3/12/2018  •  Seminário  •  1.965 Palavras (8 Páginas)  •  159 Visualizações

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Universidade Federal Rural de Pernambuco

Curso de Graduação em Ciênias Sociais

Disciplina: Teorias Antropológicas Contemporâneas

Aluna: Camila Dayane Paes do Nascimento

Discente: Andrea Lorena Butto Zarzar

Recife, 08 de novembro de 2018.

1ª Avaliação do Período

  1. Apresente o estruturalismo de Claude Lévi-Strauss a partir das inovações propostas no método comparativo na antropologia.

O estruturalismo não está preocupado com fatores externos ou fatores que estão fora do texto, mas ele está sempre voltado para elementos internos. Dentro dessa abordagem, vale retomar a questão do signo, conforme tratado pelo linguista francês, conhecido como pai da linguística moderna; o Ferdinand Saussure. O signo linguístico para Ferdinand Saussure seria uma espécie de moeda que tem dois lados; de um lado o significante, do outro o significado.  Esse significante é a parte concreta enquanto que o significado representa o conceito que é fazemos do signo em si. Esse significado, de acordo com a teoria estruturalista, se faz não por uma questão da referência que ele faz ao mundo, ou seja, quando é pensado no signo gato, se sabe que o signo gato tem certo sentido e a partir disso é construída uma imagem mental, não pelo objeto, mas pelo fato de que o conceito que é tido de gato se diferencia do conceito que é tido de cachorro ou de outro substantivo. Isso é o que se denomina de pensamento relacional, o significado não é substancial, não está no objeto que está fora do signo, ele é relacional. Isso é fundamental quando se pensa na teoria estruturalista, quando se pensa nessa teoria, toda produção simbólica de um modo geral tem uma estrutura universal. Os elementos que seriam universais estão presentes como uma relação de oposições entre aquilo que está embaixo e aquilo que está em cima. Esses elementos não estão colocados nessa lógica sozinhos, por exemplo; o sol e o poço também representam aquilo que está em uma posição superior e aquilo que está em uma posição inferior. Quando o sol finalmente se coloca, ele desce ao fundo do poço, haveria uma inversão da lógica daquilo que é superior e daquilo que é inferior. A partir disso é notável que os elementos se agrupam em pares, é o que se denomina lógica binária. Nesse caso então, é importante pensar que um dos principais teóricos do estruturalismo, Claude Lévi-Strauss fez uma análise em diversas tribos e o ensaio de Lévi-Strauss sobre esse aspecto, ele observa mitos de várias tribos e ao observar mitos de várias tribos em sua interpretação desses mitos, ele observa que existem elementos comuns a todos esses mitos de tribos que nunca tiveram contato nenhum com a outra, em tribos muito diferentes, existem elementos que são comuns nos mitos, ou seja, o que a teoria estruturalista nesse caso começa a pensar é que todo pensamento humano estariam condicionados a elementos estruturais universais A partir disso, a linguagem passa a ocupar uma posição central na teoria estruturalista, para a teoria estruturalista o que vai determinar a vida do ser humano em sociedade é a linguagem. A linguagem passa a ter um papel central, é ela quem determina as relações humanas. E isso se pensando especificamente nos casos dos mitos e das obras literárias, esses elementos não estão por uma questão de que o individuo particularmente os colocou, mas já estão presentes universalmente independente do ser humano e mesmo que ele tente fugir a isso, esses elementos sempre estarão presentes em qualquer obra simbólica humana.  Segundo Lévi-Strauss, a comparação manifesta-se quando há uma série de experiências divergentes à mão e se pretende elaborar uma teoria. Assim sendo, para haver um movimento de conversão entre diferentes fatos observados, é necessário que se parta de um nível de generalização para então se pretender estabelecer e mesmo tornar possível a comparação. Contudo, Lévi-Strauss chama atenção para o fato de que, ao lidar com os sistemas de parentesco, havia na época em que escreveu As estruturas elementares do parentesco, uma quantidade de pesquisas que se detinham em explicações particulares, enquanto que o estudo dos mitos continuava com um pensamento comparativista, que se estendia ao mundo todo. Desta forma, o tratamento dado a estas questões não poderia ser o mesmo no caso destas duas obras.

  1. Discuta as principais ideias da descrição densa proposta pela escola da antropologia interpretativa. Exemplifique a partir de “Notas sobre a Briga de Galos Balinesa” de Clifford Geertz.

R= Clifford Geertz aponta em seus estudos como a análise do campo de investigação empírica, ela na verdade é uma interpretação, uma interpretação que o antropólogo faz baseado nos fluxos de discurso que ele capturou e a forma como esse discurso mobilizou e mobiliza os elementos simbólicos que estão atrelados a essas ações, contudo, vai dizer Geertz, essa interpretação é sempre de segunda ou de terceira mão, primeiro porque o antropólogo por mais que se torne muito familiar com as categorias do grupo que ele pesquisa, ele jamais vai ser um integrante daquele grupo. Dessa forma, a capacidade dele de compreender o que acontece nunca é uma capacidade total, tal qual um nativo daquele grupo seria capaz de elaborar. Nesse sentido, o que acontece na análise antropológica é um processo longo no qual ele traça o curso do discurso social e o fixa numa forma que é “pesquisável”, como um discurso socialmente elaborado. Isso quer dizer que nas falas, nas práticas, nos hábitos cotidianos e em todas as séries de movimento e ações sociais que acontecem no dia-a-dia das pessoas nas quais interagimos, emergem significados, significados esses que revelam elementos culturais importantes para a explicação daquelas ações daquele determinado grupo estudado. Tudo isso fornece subsidio para o antropólogo pensar a respeito e formular uma análise sobre aquilo que ele está vendo e como isso ajuda a entender aquela cultura. Essa análise é mais do que um simples achado cientifico, uma descoberta cartesiana na qual todas as interrogações são respondidas, na verdade o que o antropólogo tenta é alternar entre o conteúdo expresso nas falas, o que ele já sabe sobre esse assunto e ao mesmo tempo a sua experiência, o que ele viveu em campo e como essa experiência o afetou e afetou a forma de ele pensar a própria cultura, então é nessa contraposição entre a própria cultura e a cultura de quem ele estuda que vão surgir questões que ele considera pertinente. Só que isso não é fácil e por isso Geertz vai propor o que ele chama de descrição densa que vai além de uma mera decodificação daquilo que ele observa em campo (discursos, práticas e hábitos), vai além de simplesmente escrever e descrever o que ele esta vendo. Na verdade uma descrição antropológica vai muito além de uma mera descrição de códigos culturais. Descrição densa é um termo que Geertz cunha para mostrar como a cultura é composta de uma teia muito extensa de significados e para acessar esses significados tem que realizar uma antropologia baseada em descrições densas. Então Geertz vai pegar o exemplo da briga de galos em Bali (local de campo no qual ele morou por um tempo para entender a sociedade balinesa) e começar a estudar esse fenômeno tão simples e corriqueiro e começa a entender que na verdade é muito mais do que uma simples briga entre animais. O que está em jogo é um série de significados e representações sobre a sociedade balinesa como um todo, então aquele evento acaba condensando todos os elementos cruciais para que pudéssemos entender o que está em jogo na sociedade balinesa. Então é como se através da briga de galos, a sociedade dissesse para Geertz quem ela é, quais são os seus valores, quais são as representações em jogo. Toda essa conclusão só foi possível, segundo Geertz, através de uma descrição densa dos fenômenos que consiste em ir além do que enxergamos no primeiro momento. As situações que ocorrem em campo são produzidas e interprestadas e elas ocorrem em lugares e geram fatos sociais. Então é importante numa descrição densa não confundir o local estudado com o objeto também estudado. O objeto de estudo está dentro de um local, mas Geertz não estudou a sociedade balinesa, ela teve um objeto de estudo que foi a briga de galos, só que essa briga de galos revelou algo maior que era a sociedade balinesa. Então esse objeto de estudo está dentro dessa análise, só que essa análise vai ser uma entre várias possíveis e essa possibilidade múltipla de ser uma coisa e não outra, vai depender do posicionamento do antropólogo em campo, seu gênero, e a relação disso com seus interlocutores, seus entrevistados, o fato de ele falar a língua ou não, de ele ser de lá ou de outro local e muitas outras questões que também interferem no trabalho de campo como um todo e também posteriormente na interpretação dos dados. O que Geertz coloca em questão é que por mais que o antropólogo realize um trabalho de campo e uma descrição densa, a interpretação dele é apenas uma dentre várias outros possíveis. Neste sentido, Geertz mobiliza a referência de Marx Weber para afirmar que a ideia da antropologia não é a busca de leis gerais, mas a busca de significados, uma vez que ele acredita assim como Weber que o homem embebido nessa imensa teia de significados que ele mesmo teceu que ele dá o nome de cultura. Então por isso a antropologia não é um ciência experimental, mas é um ciência interpretativa e a analise cultural é então intrinsicamente incompleta, é impossível um antropólogo esgotar todos os elementos de uma cultura e analisa-los, pois a cultura é muito ampla e o pesquisador é um só.  

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