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A CENA SKATEBOARDING DE ITAGUAÍ

Por:   •  8/7/2019  •  Relatório de pesquisa  •  2.282 Palavras (10 Páginas)  •  120 Visualizações

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INSTITUTO DE EDUCAÇÃO

LICENCIATURA EM PEDAGOGIA
ANTROPOLOGIA SOCIAL (PROF.ª MARTA REGINA CIOCCARI)

A CENA SKATEBOARDING DE ITAGUAÍ
RELATÓRIO DE TRABALHO DE CAMPO

Gabriel dos Santos Maria

Seropédica

 2018

GABRIEL DOS SANTOS MARIA
Matrícula: 201727012-1

A CENA SKATEBOARDING DE ITAGUAÍ
RELATÓRIO DE TRABALHO DE CAMPO

Relatório do trabalho de campo apresentado ao Instituto de Educação da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, como requisito parcial para conclusão da disciplina Antropologia Social.

Orientador: Prof.ª Marta Regina Cioccari

Seropédica

2018

Resumo

A presente pesquisa tem como objetivo o relato e a análise acerca da cultura do skateboarding na cidade de Itaguaí-RJ, partindo de observação antropológica sistemática a essas atividades, enquanto fenômeno urbano e manifestação coletiva contemporânea com seus próprios rituais, identidade e contexto específicos no meio em que estão inseridos. A investigação parte e se desenvolve basicamente de uma entrevista com Zi (Wilson Oliveira Jr.), jovem skatista de 17 anos contando muitas histórias, ideais e peculiaridades da experiência itaguaiense na modalidade Street do skate. Na internet, Zi produz conteúdo com outros jovens amigos para seu canal no Youtube, o ‘SKT7’. Neste acervo de filmagens, o grupo dissemina e cultiva esta experiência no cotidiano urbano, cujo conteúdo também foi observado e analisado neste trabalho.

Palavras-Chave: Skate. Fenômeno Urbano. Itaguaí.

Abstract

The present research aims to report and analyze the skateboarding culture in the city of Itaguaí - RJ, starting from systematic anthropological observation of these activities, as an urban phenomenon and contemporary collective manifestation with its own specific rituals, identity and context in the environment in which they are inserted. The investigation starts with an interview with Zi (Wilson Oliveira Jr.), a young 17-year-old skateboarder telling many stories, ideals and peculiarities of Itaguaí experience in the street mode of skateboarding. On the Web, Zi produces content with other young friends their channel on Youtube, the 'SKT7'. In this film collection, the group disseminates and cultivates this experience in urban daily life, whose content was also observed and analyzed in this work.

Keywords: Skate. Urban Phenomenon. Itaguaí.

RELATÓRIO

        Desde que pude observar ao longo da minha adolescência, os jovens da cidade sempre aderiram a modismos de época. Parece que a cada ano surgiam (e continuam surgindo) várias novas tendências e, muito aliadas à ascensão da sociedade da informação - a cybercultura -, tais tendências são substituídas em uma velocidade cada vez maior. Contudo, o skateboarding foi diferente e se consolidou ao longo de alguns anos no local. Sequentes gerações de jovens seguem aderindo, acompanhando e dando seguimento à prática, que tem uma história e um processo muito interessante e compõe a paisagem do centro da cidade. O tema foi escolhido por se tratar de uma ramificação muito pura da cultura Hip Hop, grande núcleo da cultura urbana contemporânea, e por querer entender como insurgiu de maneira surpreendente no cenário local.

        A pesquisa me permitiu grande aproximação com este mundo e seus detalhes, e na Praça central da cidade pude observar, entrevistar e analisar Zi, tanto como um jovem skatista de 17 anos muito engajado, agente transformador e mobilizador da cena, que desde criança esteve envolvido com o skate e suas origens, quanto um ser humano que socialmente vive o estilo de vida do Skate e se torna um receptor de hábitos, concepções e ideologias resultantes desta causa. A leitura de mundo a partir de sua ótica é apaixonante, e nos leva a compreender mais profundamente sua identidade. A riqueza de sua experiência empírica e seu material nos leva a uma esplêndida noção de seu caráter antropológico.

        Então, depois de observá-lo na praça, o convido a esta conversa e dou inicio à entrevista. O gravador o intimida de certa maneira, então pergunto se ele prefere que eu não grave. Acena com a cabeça, um pouco travado, e diz que sim - “Pô, Gabo, gravando eu fico meio ‘sei lá’ (risos)” - retruca. Opto por ouvir e conversar mais francamente, de maneira mais pessoal (Aproximação amistosa). Começo perguntando sobre o início, as origens; Zi relata que seu primeiro contato com skate foi aos cinco anos, quando dividia com o primo de mesma idade, que ganhou um de presente. A partir daí, ele observava o inicio da cena da cidade e seus principais skatistas, enquanto não tinha idade para participar destes passeios ou reuniões (ambos chamados de rolé). Deste momento - principalmente na passagem pela pré-adolescência - até hoje, assiste avidamente a muitos conteúdos de vídeo sobre o tema na internet, onde aprendeu e aprimorou as primeiras manobras na modalidade Street, o estilo das ruas, baseado em manobras radicais que usam a estrutura física da cidade - calçadas, meios-fios, escadas, corrimãos, avenidas, bancos de praças, etc. - como obstáculo para saltos e manobras. Superar estes obstáculos é um desafio que requer muita prática, e têm muitos riscos à integridade física (Zi me informa que os mais comuns são lesões no joelho, que em alguns casos mais complicados impossibilitam o retorno ao esporte, e também quebra de ossos). O Skate em si se baseia em três modalidades: o vertical, praticado em rampas e com manobras aéreas; o Freestyle, que se parece com uma espécie de dança sem muita adrenalina; e o Street, relatado acima. Zi explica que, se tratando especificamente de Itaguaí, o Street se tornou o mais popular por ser basicamente o que a infraestrutura da cidade permite; sem muito suporte ou incentivo ao esporte. No processo de aprendizagem, ele diz que uma motivação muito grande foi ter a confiança e o apoio da mãe para começar a sair na rua, depois sair da cidade e ter contato com profissionais no Rio de Janeiro, onde teve inspiração para seguir evoluindo.

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