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A Pedagogia Racional Libertária: pressupostos e princípios

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Por:   •  31/5/2014  •  Artigo  •  993 Palavras (4 Páginas)  •  354 Visualizações

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Para se alcançar a meta da humanização, que não se consegue sem o desaparecimento da opressão desumanizante, é imprescindível a superação das “situações-limites” em que os homens se acham coisificados. Paulo Freire (1996, p.95)

No período da primeira república, o movimento anarquista trouxe uma contribuição inestimável para a reflexão sobre a educação brasileira. Esse movimento foi impulsionado principalmente pela imigração italiana, mas também recebeu a contribuição de intelectuais brasileiros e de imigrantes espanhóis e portugueses. Assim, a partir do final do século XIX e início do século X, começou uma propaganda sistemática do anarquismo e do anarco-sindicalismo, no Brasil. Foram criadas algumas escolas, publicados muitos jornais e realizadas inúmeras palestras e espetáculos teatrais com peças revolucionárias, ações que levaram à prisão muitos anarquistas, inclusive vários foram expulsos e outros tiveram de mudar de atividades para se esconder.

Os anarquistas tinham como meta a mudança de consciência, ou seja, buscavam ações que pudessem discutir os valores tradicionais da sociedade e transformassem os valores presentes na consciência do homem contemporâneo. Assim, eles consideravam a ação educacional imprescindível para a transformação das relações sociais e econômicas, com a intenção de instituir uma sociedade fraterna, igualitária e democrática, por isso a proposta educacional anarquista defendia o ideário racional-libertário. Segundo Lima (1915), o homem vem ao mundo com predisposições, estas podem ser transformadas e aperfeiçoadas pela atuação da educação e do meio. Assim, a educação é um meio importante para mudar valores e princípios, que são fundamentais para a implantação de um novo tipo de sociedade. A criação de escolas que seguissem a pedagogia racional libertária era uma estratégia na luta para a transformação profunda da sociedade, porque não adianta implantar um novo tipo de governo ou modelo econômico se o homem não promoveu uma mudança radical nos seus valores.

Tomando como pressuposto fundamental a mudança de valores, uma das questões mais significativas enfrentadas pela pedagogia libertária foi o seu confronto com as idéias tradicionais veiculadas pela Igreja Católica Apostólica Romana e o ideário capitalista, porque os anarquistas procuravam se libertar de todo tipo de opressão. A educação racional libertária era necessariamente anticlerical e um modo de enfrentar todo tipo de dogmatismo e a exploração do homem pelo homem.

Mas como podemos compreender os pressupostos da pedagogia racional libertária? Quais foram os princípios que embasaram essa tendência pedagógica? Como ela se efetivou no contexto educacional brasileiro?

A Pedagogia Racional Libertária: pressupostos e princípios

O que inicialmente nos chama a atenção na pedagogia racional libertária é a junção das categorias racional e libertária. Precisamos refletir o que representa a racionalidade para o homem moderno e contemporâneo. Sabemos que desde os séculos XVI e XVII, o mundo passa por mudanças significativas. Com a instauração do modo de produção capitalista, os dogmas católicos foram questionados, instaurou-se gradativamente uma mudança cultural, econômica, política e social. Agregada ao poder da racionalidade, também surgiu o movimento humanista que procurou compreender em profundidade o mundo dos homens, valorizou a cultura greco-latina e construiu uma visão antropocêntrica de mundo em contraposição à visão teocêntrica medieval. O movimento humanista avançou em direção a secularização, buscando a erudição por meio da cultura grecoromana clássica, a laicização da educação e o conhecimento acurado da natureza física. A instrução tornou-se fundamental para o homem moderno. Nesses novos tempos, o homem não deveria ser um mero expectador do mundo, ele precisava conhecer mais profundamente a realidade à sua volta. Mesmo porque, de acordo com Monroe (1969), a educação humanista da Renascença tinha como finalidade formar o “o homem perfeito, apto a participar das atividades das instituições sociais

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