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A Publicidade Infantil

Por:   •  23/4/2015  •  Trabalho acadêmico  •  2.424 Palavras (10 Páginas)  •  203 Visualizações

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PUBLICIDADE INFANTIL

INTRODUÇÃO À SOCIOLOGIA

2014 – SEGUNDO SEMESTRE

PEDRO RODRIGUES VIDOR 00243082


  1. Visão Geral

Em primeiro lugar, para contextualizar o assunto, enumerarei os principais argumentos a de ambos os lados do debate. Quanto a regulamentação, os principais trechos das legislações estão em anexo.

1.1 Principais argumentos para a proibição

- As crianças não têm maturidade suficiente para se proteger da persuasão exercida pela publicidade, sendo facilmente seduzidas para o consumo. O Estado tem a obrigação de interferir para defender o público infantil dessa lavagem cerebral publicitária. Os frequentes anúncios podem forçar a criança a pedir muitas coisas para os pais, de forma a prejudica-los economicamente, assim como proporcionar um mau costume ligado ao hiperconsumo.

“Com campanhas milionárias, repetidas à exaustão, a publicidade acaba anulando a autoridade dos pais, que ficam reféns das demandas consumistas criadas nos filhos. O resultado são crianças frustradas e em conflito com a figura paterna” [*]

- Os abusos da publicidade influenciam – e muito - para a obesidade infantil. Pesquisas comprovam a relação entre os comerciais de alimentos e o sobrepeso infantil. De acordo com um estudo do “National Bureau of Economic Research”, órgão de pesquisa nos EUA, se os anúncios de redes de fast food como McDonalds e Burguer King fossem tirados do ar, o número de crianças obesas diminuiria 20%

- O modelo sueco de legislação, por exemplo, proíbe qualquer tipo de propaganda para crianças e tem sido visto como exemplo por muitos brasileiros (principalmente devido à disseminação dos argumentos tomando esse modelo como prova de eficiência em alguns documentários). Outros países como Inglaterra, Alemanha, Espanha e Canadá também têm leis severas contra anúncios deste tipo.

1.2 Argumentos contra a proibição das propagandas infantis

- A solução para o suposto consumo infantil parte da educação familiar, e não da proibição por lei. Também é um direito da criança ter acesso a informação, e é importante que ela saiba sobre o que lhe é oferecido no mercado. “Se o mal fosse a exposição de produtos, deveríamos proibir também as vitrines em lojas”.

- Há também um perigoso ciclo ligado ao sedentarismo e a própria estabilidade da indústria, tanto na área de confecção dos artigos infantis como na do entretenimento. Com o advento dos produtos eletrônicos, as crianças se tornaram mais sedentárias do que nunca. A diminuição da oferta de novos brinquedos diminuiria a atratividade de atividades que estimulem mais funções motoras. Isso, a longo prazo, deve se reverter em problemas de saúde e até mentais e emocionais.

- Alguns pontos da lei proposta no Brasil são extremamente prejudiciais à indústria publicitária não infantil. A proibição do uso de desenhos animados por exemplo, tende a afirmar que desenhos animados são voltados apenas para o publico infantil, quando sabemos que isso não é verdade. Essa e outras formas de manifestações tidas como infantis (como por exemplo o uso de muitas cores vivas – incluída no artigo – que representa no meio cinematográfico alegria, e não infância) também são frequentemente vistas em manifestações culturais.

“Em um sistema democrático, não pode ser delegado ao Estado o poder de decidir sobre os hábitos de consumo de um indivíduo. A conscientização de uma criança nasce da boa orientação passada pelos pais, e não de uma norma imposta por decreto” [**]

Ninguém questiona que as propagandas abusivas devam ser controladas. A questão é que já há mecanismos eficientes para isso no Brasil. O Conselho de Autorregulamentação Publicitária (Conar) tem uma resolução que trata do cuidado com público infantil, e nosso Código de Defesa do Consumidor tem se mostrado uma ótima solução para problemas como este.


  1. Análise Sociológica

 Inicialmente, farei uma análise do material disponível sobre publicidade infantil, descrevendo alguns exemplos negativos e positivos. Em seguida, citarei alguns autores para ampliar a visão do debate que já estava posto no primeiro item.

2.1 Comerciais

I. “Eu tenho, você não tem" - Tesourinhas Mickey e Minnie da Mundial                          ( http://www.youtube.com/watch?v=qshb3zWNevY )

Imagem: Menina loira de olhos azuis, mais ou menos 6 anos (idade escolar) em close no rosto. Ela segura uma tesourinha do Mickey e mostra para câmera repetindo várias vezes a frase, cantando: "Eu tenho, você não tem". Também faz o gesto de mostrar a língua. Ao final o locutor fala: "Chegaram as tesourinhas Mickey e Minnie da Mundial Só você ainda não tem."

Esse comercial influenciou negativamente o público infantil, pois estimulava comportamentos antissociais por parte dos menores, induzindo seus responsáveis a adquirirem o produto, sob pena de se sentirem inferiorizados perante seus amigos. A propaganda influenciava o comportamento dos filhos para a competição e desenvolvimento de um espírito egoísta representada por expressões como: "isto é meu e não empresto", ou "isto é meu e não deixo ninguém brincar", ou ainda "eu tenho e você não tem". Outro marco dessa visão consumista é a tão criticada propaganda “Compre Batom” [5].

II. "Claro” – Promoção de Natal 2007”                                                                                       ( http://www.youtube.com/watch?v=A0BJ5_ckhHQ )

Meninas com celulares nas mãos, reunidas na sala próximo a uma árvore de Natal, quando toca o de uma delas, anunciando a chegada de uma mensagem do namoradinho. Ela comenta: "Menino gruda no pé, né? Agora com a promoção da Claro a 6 centavos o minuto, ele liga toda hora." Quando assiste TV, quando brinca de boneca. A amiga comenta que é muita pressão e a outra diz que daqui a pouco ele vai querer casar. Então, mesmo reclamando, a menina relata que gosta do namorado desesperadamente.

Essa campanha foi denunciada com o argumento de que estimularia a erotização precoce. Os argumentos incluíam o aumento dos índices de gravidez precoce, além da imaturidade das jovens em controlar os seus impulsos sexuais e assumirem um relacionamento amoroso. Segundo a Claro, a principal intenção era a confraternização das crianças num ambiente festivo, representando a época natalina. Outra reclamação seria de que ela incentiva o consumismo de tecnologia cada vez mais cedo no público infantil. Nessas situações, ocorre que a publicidade é influenciada pelas experiências do público-alvo. Não costuma-se criar um ambiente-modelo, ao contrário, o objetivo é a identificação com o consumidor. Portanto, se as meninas com pouca idade têm namorados é uma consequência bem provável que elas sejam retratadas assim num comercial. Quanto a erotização, é bem improvável que uma operadora teria algum interesse econômico nisso. Sobre a crítica de um modelo a ser seguido, outro comercial que evidencia esse lado é o da marca Barbie, “Tranças e Mechas” [6].

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