A Relação entre o filme a Vila e os conceitos de Durkheim
Por: Anderson Arraes Silva • 2/11/2017 • Ensaio • 898 Palavras (4 Páginas) • 4.982 Visualizações
UNIVERSIDADE ESTADUAL DO MARANHÃO
CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS
CURSO DE FORMAÇÃO DE OFICIAIS
SOCIOLOGIA GERAL
31/10/17
Atividade de Sociologia: Relação comparativa entre o filme A Vila e os principais conceitos filosóficos de Durkheim
Acadêmico: Cadete PM Anderson Arraes Silva
Faremos a análise proposta a partir de uma comparação livre entre os conceitos filosóficos de Durkheim e a obra cinematográfica intitulada A Vila, destacaremos os principais pontos de aproximação bem como tentaremos ilustrar com elementos fílmicos a materialização do ideário de Durkheim. A priori destacamos que o filósofo entendia fato social como sendo o fenômeno de uma dada sociedade com características próprias e marcantes. Fato social para ele possui três características, quais sejam: coercibilidade, exterioridade e generalidade. Por coercibilidade o autor entende que é a materialização do modo de pensar coletivo imposto através do sistema educacional vigente. A exterioridade como característica do fato social diz respeito à sua preexistência ao indivíduo, antes mesmo que o homem tomasse conhecimento do, este já existia de forma alheia ao homem. Durkheim entende ainda que o fato social possui caráter coletivo, geral, visto que diferentes indivíduos repetem os mesmos costumes, bata que fazem parte da mesma sociedade.
No filme, podemos listar alguns elementos que muito se assemelham com a teoria de Durkheim: os hábitos diários dos habitantes da Vila foram criados pelos que precederam o processo de formação daquela comunidade, exemplo de exterioridade; a coercibilidade ficou a encargo da imagem da Floresta Proibida, repleta de lendas, a escola da vila também reproduzia essa realidade; Em Durkheim o crime é fato social, delimita o certo do errado, conduz a postura da comunidade quanto à valoração das ações, o filósofo afirma que o homem é movido por paixões, a ausência de crime a ele é desígnio de patologia social, nesse entendimento a Vila está em desequilíbrio, o clima é de constante ameaça, a primeira cena representa justamente a morte que atrai consigo a tristeza, inevitável em Durkheim e inaceitável para a Vila.
Na vila a tristeza é uma constante, e por não ser aceita, os moradores não sabem como responder às suas implicações, o diretor apresenta-a com alguns elementos: a cor amarela, a iluminação turva, trilha sonora pesada e a presença da cadeira constantemente vazia que somente fica ocupada em momentos de reflexão existenciais dos dois personagens contrários à ordem vigente. As pessoas da Vila são movidas pelo coletivismo cego, suas vidas são vazias e tristes pois não há espaço onde se desenvolve as expressões individuais. Percebe-se nesse cenário a expressividade dos conceitos de Solidariedade Mecânica e Orgânica.
A realidade interpessoal na Vila é marcada justamente pela solidariedade mecânica, visto que os interesses individuais sempre são postos abaixo dos interesses coletivos, percebe-se que as personagens nascidas na vida sequer conhecem o conceito de interesse individual passando a atuar com uma inocência extrema. A ruptura se dá justamente com a inserção do elemento crime, fato social de Durkheim. A cidade representa a solidariedade orgânica com sua divisão do trabalho e presença dos interesses individuais. O elemento de acesso entre as duas solidariedades é a caixa preta, de posse dos anciões que também simbolizam esse elo de ligação entre ambas as solidariedades.
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