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A divisão do trabalho social e o filme A Comunidade

Por:   •  24/6/2015  •  Trabalho acadêmico  •  3.120 Palavras (13 Páginas)  •  791 Visualizações

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Este trabalho visa compreender a relação individuo com meio social, atravessado por questões como solidariedade social, direito, divisão do trabalho social, bem como atribuir à sociologia um caráter científico, desvinculado da fisolofia, através do estabelecimento de uma metodologia proposta pelo autor ao longo de sua tese de doutoramento (pesquisa)

A sociologia de Durkheim pretende entender e explicar os fenômenos sociais de modo científico, da mesma maneira que as outras ciências, ao utilizar o método empírico-indutivo histórico comparativo (a partir de fenômenos particulares sensíveis –“passíveis de exatidão e mensuração” (Bizelli, 2011: 2) que se manifestam, chega-se, por meio da observação e experimentação, a uma lei geral universal), do qual expõe a objetividade do objeto analisado (fatos sociais, do qual a sociedade é um complexo deles) de forma dependente da moral “mínimo necessário para a vida em sociedade” (Durkheim).

Esta está vinculada aos processos históricos e dependente, portanto, de causas históricas, “ela se forma, se desenvolve, sofre transformações e mantém-se” (Bizelli, idem: 2). Através de experimentações é que estes fatos morais tornam-se objetivos, pois, desta forma, há o afastamento de pré-noções, juízos de valor, entre outras características extrínsecas do objeto estudado. Em outras palavras, não é interessante para Durkheim analisar a moral em uma perspectiva metafísica, possuindo um telos (fim, finalidade, objetivo), pelo fato de que a retiraria seu estatuto de objeto enquanto fato (coisa) tornando objeto da razão. Isto seria fazer filosofia e não sociologia “seria formular princípios que não são induzidos a partir de fatos, mas extraídos de “ciências estranhas” (idem, idem: 2).

Estando a moral desvencilhada da “finalidade” e sujeita às causas históricas, como dito anteriormente, ela desempenha, desta maneira, uma função (ou papel); Durkheim, então, se propõe a estudar esta função exercida pela moral, da qual influencia a vida social dos indivíduos (vida moral). É neste âmbito que a ciência de Durkheim está inserida, cabendo à mesma (ciência) à descoberta destas leis que regem a vida temporal dos homens.

O problema a ser estudado proposto por Durkheim consistia em algumas questões que atravessavam sua analise, sendo estas (suposições e hipóteses a serem constatadas no final da analise): a relação entre indivíduo e o meio social (sociedade, coletividade), ou seja, nas relações daquele com este, expresso pela consciência individual (personalidade individual) e coletiva (vida coletiva); quanto mais complexo o meio social, maior a preponderância e desenvolvimento da consciência individual (e menor da coletiva, ou seja, uma relação inversamente proporcional), bem como um tipo de solidariedade; a transição de uma sociedade “simples” para uma “complexa”² (pensamento progressista de avanço das sociedades). O objeto que o autor passa a estudar do qual vincula indivíduo e meio social, tangenciando a questão concernente a moral, encontra-se na figura da divisão do trabalho, sendo esta responsável por engendrar um tipo de solidariedade social, cingindo (unir) os dois tipos de consciências já mencionadas.

É desta forma que Emile Durkheim, sociólogo francês do século XIX, nesta sua obra, desvincula o viés econômico preponderante na divisão social do trabalho; quanto mais etapas no modo de produção, mais riqueza e prosperidade são geradas ao país, advogando que esta, diferentemente daquela proposta pelos economistas clássicos (John Smith, David Ricardo, Thomas Malthus, entre outros), propicia maior interação entre indivíduos, ou seja, a função (necessidade e ao que esta corresponde) da divisão social do trabalho é gerar solidariedade (integração ou coesão social) entre os indivíduos.

Foi necessário estabelecer uma dúvida metódica e promover o isolamento do objeto estudado (analisado). Aquela –duvida metódica- consistia na seguinte pergunta: De que maneira existem laços que unem os indivíduos, sendo que cada vez mais estes tendem a se autonomizar e independer um dos outros, dito de outra forma, como é possível existir alguma solidariedade entre os indivíduos que os forcem a depender um dos outros em meio a um processo de autonomia destes cada vez mais veemente em sua sociedade ?

A resposta oferecida pelo autor já fora respondida- o que faz com que haja laços entre estes indivíduos em meio a uma sociedade cada vez com indivíduos mais autônomos é decorrente da divisão do trabalho, gerando tipos de solidariedade social conforme o momento em que a sociedade se encontra, influenciando no grau de divisão do trabalho-. Sendo a função desta divisão social do trabalho a de engendrar laços entre indivíduos e, sendo estes, imprescindíveis para se viver minimamente em coletividade, a solidariedade social, como fruto decorrente da divisão do trabalho, adquire um aspecto moral (obrigação), decretando normas de conduta e comportamento. Dito de outra maneira, emana-se desta solidariedade normas que regulamentam e normatizam (no sentido de criar normas, leis) a conduta do indivíduo na sociedade, das quais leva-se em conta aquelas inerentes ao âmbito jurídico (legislativo), bem como os próprio costumes da sociedade.

Retornando a divisão do trabalho, sua procedência adveio da divisão sexual³ do mesmo. Neste protótipo da divisão do trabalho (divisão sexual), o que faz com que o homem sinta a necessidade de se relacionar com os outros começou, a priori, na mendicância (desejo, aspiração) de satisfazer e completar uma lacuna dele (falta de algo). Nesta busca por complementação, este encontra na figura da mulher a possibilidade de suprir este seu “vazio”. Porém não totalmente, mas a oportunidade de ser menos “imperfeito” do que antes, de encontrar na diferença sua complementação (é a primeira forma de vínculos, ligações entre indivíduos, manifestado pela complementação). Para tanto, este relacionamento de ambos era sancionado (regido, orientado) pelo casamento, “as normas jurídicas dos diferentes tipos de casamento são expressões elaboradas do estado de solidariedade conjugal existente em cada sociedade” (Bizelli, idem: 6).

Os tipos de solidariedade (coesão social) existentes são dois: a mecânica e a orgânica. Naquela, peculiar e preponderante das sociedades simples une diretamente individuo com a sociedade, minimizando ao máximo tendências individuais, por conta de todos se assemelharem no que diz respeito a valores e costumes “crenças e sentimentos comuns a todos os membros do grupo... excedem em numero e intensidade aqueles que pertencem individualmente a cada um de seus membros” (Durkheim: 258), ou seja, a matriz deste tipo de solidariedade* é a própria consciência coletiva.

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